Na mesma semana em que o Centro Dom Bosco publicou denúncias gravíssimas sobre a Campanha da Fraternidade, um padre salesiano presidiu um suposto casamento religioso entre um homem e uma transexual. Uma profanação em toda a regra e um escândalo denunciado à Santa Sé.
Diante das polêmicas denúncias sobre campanha da Fraternidade 2021 a Rede Salesiana Brasil emitiu uma nota de esclarecimento através de suas redes sociais se desvinculando do Centro Dom Bosco: “embora utilize o nome Dom Bosco, não representa e jamais representou os Salesianos de Dom Bosco, tampouco a Família Salesiana no Brasil”.
E continua: “Feitos tais esclareci-mentos, a REDE SALESIANA BRASIL renova a firme e inabalável comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana, o Papa Francisco e os Bispos do Brasil…”
Leia a nota na íntegra:
Em resposta à nota publicada pela rede salesiana Brasil, o Centro Dom Bosco também publicou uma nota de esclarecimento.
Leia a nota:
Contudo, ao mesmo tempo que foram velozes em “condenar indiretamente” uma legítima manifestação de leigos, que por sinal é prevista pelo código de direito canônico como sendo um direito e um dever, não fizeram nenhum comentário, até este momento, sobre a polêmica que surgiu depois que Pe. Fabián Colman presidiu o suposto casamento da transexual identificada como Victoria Castro, de 46 anos, e Pablo López Silva, de 54 anos.
Segundo o jornal argentino Clarín, o suposto “casamento” de Castro e López Silva não foi registrado como tal “nos documentos eclesiásticos porque as normas do direito canônico” o impedem. Eles se casaram no civil em 2011, antes da “transição” de Castro.
O Clarín indica que ambos são funcionários do Governo da província de Tierra del Fuego: Castro na Secretaria de Diversidade da província, enquanto López Silva é secretário de Educação. A cerimônia também contou com a presença do governador provincial Gustavo Melella.
ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, procurou nestes dias uma declaração do sacerdote envolvido ou das autoridades salesianas, mas não encontrou resposta.
No dia 8 de fevereiro, após ligar para a casa provincial de Buenos Aires, cujo edifício ficará fechado até 31 de março, segundo mensagem de voz, esta agência enviou um e-mail para o endereço indicado na mesma mensagem para perguntar se houve alguma sanção ou medida em relação ao Pe. Colman. O e-mail não teve resposta.
ACI Prensa enviou um e-mail semelhante para o endereço indicado na página DonBoscosur.org e também não recebeu uma resposta.
Ao serem contatados no dia 9 de fevereiro, pela página do Facebook, os Salesianos pediram que entrássemos em contato com o endereço de e-mail que já havíamos escrito. Ao solicitar um número de telefone, fomos orientados a “escrever para o e-mail indicado acima”.
No dia 9 de fevereiro, ACI Prensa enviou um e-mail ao endereço pessoal do Pe. Darío Perera Pereira, Provincial da Inspetoria Salesiana da Argentina Sul e, até a publicação desta nota, não houve resposta.
Na quarta-feira, 10 de fevereiro, voltou a solicitar uma resposta sobre se houve ou não uma sanção ao Pe. Colman, mais uma vez, não houve resposta.
ACI Prensa telefonou para a paróquia Nossa Senhora das Mercês, em Ushuaia, na província de Tierra del Fuego, onde o Pe. Colman foi pároco desde junho de 2019.
Ao ser perguntada sobre a solenidade do sábado, 6 de fevereiro, uma mulher que trabalha lá disse que “não estou autorizada a dar nenhuma informação sobre este tema, sou funcionária”.
“Pe. Colman não é mais pároco aqui. Pe. Fabián Colman não está mais em Ushuaia, já não é mais o nosso pároco”, acrescentou.
Com efeito, e embora ainda esteja listado como pároco na página do Facebook da paróquia, Pe. Colman não é mais pároco de Nossa Senhora das Mercês. O anúncio foi feito no dia 8 de dezembro em suas redes sociais: “À minha comunidade de Ushuaia, à minha família, aos meus amigos, compartilho que a partir de 2021 me unirei à comunidade salesiana de Chos Malal (norte de Neuquén)”.
O novo pároco em Ushuaia é o Pe. Daniel Martínez, que segundo a mulher que atendeu na paróquia, não estava.
Em 9 de fevereiro, ACI Prensa telefonou para a Diocese de Río Gallegos, à qual pertence a paróquia Nossa Senhora das Mercês, para pedir a Dom Jorge García Cuervas uma declaração sobre o evento presidido pelo Pe. Colman. A secretaria indicou que “se é sobre este tema (do falso casamento), a única resposta que o bispo está dando e que vai dar sobre isso é o comunicado que já emitiu de maneira oficial”.
Em seu comunicado, Dom García indicou que “esta celebração não foi autorizada por esta Diocese “, isto é, o suposto “casamento” da transexual identificada como Victoria Castro e Pablo López Silva, e que o Padre Fabián Colman “já foi devidamente advertido”. Mas a declaração não explica se o sacerdote foi sancionado canonicamente.
ACI Prensa também ligou para a paróquia María Auxiliadora na localidade de Chos Malal, em Neuquén. Em 9 de fevereiro, informou que o Pe. Colman estava em uma reunião e em 10 de fevereiro disseram que não estava lá e que o padre “não recebe comunicações como esta”.
Ao ser perguntado sobre desde quando Pe. Colman está nessa paróquia, a pessoa que respondeu e que não se identificou disse que “não posso responder agora” e desligou.
ACI Prensa se comunicou com a Diocese de Neuquén, em 10 de fevereiro, onde informaram que o Pe. Colman oficialmente “ainda não se apresentou à Diocese”.
Do mesmo modo, indicaram que “não temos conhecimento de nenhuma medida sancionatória. Como sabem, o Bispo de Río Gallegos, onde ocorreu o fato, afirmou que o sacerdote havia sido “devidamente advertido”. É tudo o que podemos dizer agora”.
No dia 10 de fevereiro, ACI Prensa entrou em contato com o Pe. Máximo Jurcinovic, responsável de imprensa e comunicação da Conferência Episcopal Argentina (CEA), e lhe perguntou sobre se sabe de alguma sanção recebida pelo Pe. Colman ou se estes mantêm as suas faculdades ministeriais.
“Sobre este tema, me restrinjo ao comunicado amplo e concreto divulgado pela Diocese de Río de Gallegos”, respondeu o sacerdote.
Com informações de ACI Digital