SANTO DO DIA – 11 DE AGOSTO – SANTA CLARA DE ASSIS, PADROEIRA DA TELEVISÃO
Fundou a Ordem das Clarissas (1193-1253)
Clara nasceu em Assis, no ano 1193, no seio de uma família da nobreza italiana, muito rica, onde possuía de tudo. Porém o que a menina mais queria era seguir os ensinamentos de Francisco de Assis. Aliás, foi Clara a primeira mulher da Igreja a entusiasmar-se com o ideal franciscano. Sua família, entretanto, era contrária à sua resolução de seguir a vida religiosa, mas nada a demoveu do seu propósito.
No dia 18 de março de 1212, aos 19 anos de idade, fugiu de casa e, humilde, apresentou-se na igreja de Santa Maria dos Anjos, onde era aguardada por Francisco e seus frades. Ele, então, cortou-lhe o cabelo, pediu que vestisse um modesto hábito de lã e pronunciasse os votos perpétuos de pobreza, castidade e obediência.
Depois disso, Clara, a conselho de Francisco, ingressou no Mosteiro Beneditino de São Paulo das Abadessas, para ir se familiarizando com a vida em comum. Pouco depois, foi para a Ermida de Santo Ângelo de Panço, onde Inês, sua irmã de sangue, juntou-se a ela.
Pouco tempo depois, Francisco levou-as para o humilde Convento de São Damião, destinado à Ordem Segunda Franciscana, das monjas. Em agosto, quando ingressou Pacífica de Guelfúcio, Francisco deu às irmãs sua primeira forma de vida religiosa. Elas, primeiramente, foram chamadas de ‘Damianitas’, depois, como Clara escolheu, de ‘Damas Pobres’, e finalmente, como sempre serão chamadas, de ‘Clarissas’.
Em 1216, sempre orientada por Francisco, Clara aceitou para a sua Ordem as regras beneditinas e o título de abadessa. Mas conseguiu o ‘privilégio da pobreza’ do papa Inocêncio III, mantendo, assim, o carisma franciscano. O testemunho de fé de Clara foi tão grande que sua mãe, Ortolana, e mais uma de suas irmãs, Beatriz, abandonaram seus ricos palácios e foram viver ao seu lado, ingressando também na nova Ordem fundada por ela.
A partir de 1224, Clara adoeceu e, aos poucos, foi definhando. Em 1226, Francisco de Assis morreu, e Clara teve visões projetadas na parede da sua pequena cela. Lá, via Francisco e os ritos das solenidades do seu funeral que estavam acontecendo na igreja. Anteriormente, tivera esse mesmo tipo de visão numa noite de Natal, quando viu, projetado, o presépio, e pôde assistir ao santo ofício que se desenvolvia na igreja de Santa Maria dos Anjos. Por essas visões, que pareciam filmes projetados numa tela, santa Clara é considerada Padroeira da Televisão e de todos os seus profissionais.
Depois da morte de são Francisco, Clara viveu mais 27 anos, dando continuidade à obra que aprendera e iniciara com ele. Outro feito de Clara ocorreu em 1240, quando, portando nas mãos o Santíssimo Sacramento, defendeu a cidade de Assis do ataque do exército dos turcos muçulmanos.
No dia 11 de agosto de 1253, algumas horas antes de morrer, Clara recebeu das mãos de um enviado do papa Inocêncio IV a aguardada bula de aprovação canônica, deixando, assim, as sua ‘irmãs clarissas’ asseguradas. Dois anos após sua morte, o papa Alexandre IV a proclamou santa Clara de Assis.
Santa Clara trabalhou incansavelmente na Seara do Senhor durante seus 41 anos de vida monástica. Recebeu de seu Divino Esposo grandes graças místicas. Foi favorecida com o dom de operar milagres.
Inúmeros literatos, novelistas e romancistas ganharam celebridade narrando epopéias fictícias, produto de sua fértil imaginação. Nenhum deles, entretanto, seria capaz de inventar a história que Santa Clara deixou impressa no livro da vida, não imaginável pela mente humana..
A começar pela maneira como recebeu o nome de Clara, que significa Resplandecente. Pouco antes do seu nascimento, sua piedosa mãe, rezando diante de um crucifixo pelo bom êxito de sua entrada no mundo, ouviu uma voz que lhe disse: “Não temas, darás ao mundo uma luz que tornará mais clara a própria luz. Por isso, chamarás Clara à menina”.
Luta para seguir a Vocação
Veio ela à luz em 11 de julho de 1193. Seus pais eram de família nobre e cavalheiresca, e donos de grande fortuna. Desde tenra infância, causava admiração por suas virtudes, gostava da oração e desprezava os bens deste mundo. Jovem de grande formosura, de cabelos dourados e traços puros, muito cedo consagrou a Deus sua virgindade, desejosa de entregar-se por inteiro à Beleza infinita.
Na flor da mocidade, aos 16 anos, ouviu diversas vezes as pregações de um frade cuja conversão havia comovido toda a cidade de Assis: São Francisco. A exemplo de Nossa Senhora, Clara meditava em seu coração as palavras incisivas do jovem pregador e não tardou a compreender que estava chamada a imitá-lo na santa vida que ele levava. Resolveu, então, tudo abandonar para seguir aquela testemunha viva de Deus.
Seus pais, porém, tinham outros planos… Juntando à formosura, à nobreza e à riqueza um temperamento amável, essa moça tinha diante de si todas as possibilidades de um casamento brilhante e… proveitoso à família. Começou então para ela, não a luta de Santa Joana d’Arc nos campos de guerra, mas uma árdua batalha de palavras e atitudes para convencer seus pais a aceitarem uma decisão já tomada e irrevogável.
Filha e discípula de São Francisco
No domingo de Ramos de 1212, a jovem Clara se lançou numa aventura tão heróica que, a não ser inspirada pelo Espírito de Deus, faria tremer o mais audacioso dos Cruzados. Subtraindo- se à vigilância dos pais, acompanhada por uma parenta, foi ela confiar sua vocação ao bispo Guido, e seu porvir a um novo pai: São Francisco, o qual se tornou seu guia espiritual.
Diante da imagem de Santa Maria dos Anjos, a jovem renunciou ao mundo por amor ao Menino Jesus, posto numa pobre manjedoura. Cobriu-se de uma túnica de lã e cingiu-se de uma corda, à maneira dos frades franciscanos, aos quais entregou suas luxuosas vestes. O próprio São Francisco cortou sua cabeleira de ouro e ela cobriu a cabeça com um véu negro, calçou sandálias de madeira e pronunciou os votos.
Inconformados, seu pai e alguns parentes tentaram dissuadi-la de seguir o caminho por ela escolhido. Porém, firme na sua decisão, ela não se deixou em nada abalar pelos rogos e promessas que lhe fizeram. Quiseram, então, arrancá-la à força do Convento. Ela se pôs junto do altar e retirou o véu negro, mostrando-lhes a cabeça raspada, sinal do seu definitivo adeus ao mundo. /p>
A inconformidade da família cresceu quando sua irmã Inês, por força das orações de Clara, foi juntar-se a ela no mesmo ideal de vida. Nova investida dos parentes. Doze homens fortes e bem armados, comandados pelo tio Monaldo, receberam ordens do pai para trazer Inês de volta, ainda que por meios violentos. Diante daquela demonstração de força, as freiras de Santo Ângelo decidiram deixar a jovem partir.
Esta, porém, disposta a tudo, reagiu tenazmente à pretensão paterna. Arrastada pelos cabelos por um dos esbirros e espancada com brutalidade, ela gritava, pedindo socorro a Clara. A Santa rezava, invocando ajuda de Deus. De súbito, o corpo da moça torna-se pesado e rígido como um compacto bloco de pedra. Os doze robustos homens esforçam-se por arrastá-la. Tomado de fúria, o tio tenta esmagar-lhe a cabeça com suas luvas de ferro, mas fica com o braço paralisado no ar. Clara, então, aproxima-se, toma sua irmã toda esfolada, semimorta, e a reconduz ao convento. Perplexos, os agentes da prepotência paterna se retiram.
A partir deste fato, a família não mais pôs obstáculos à vocação das filhas. A fortaleza espiritual da virgem frágil havia domado a força bruta da matéria. Anos depois, outra irmã, Beatriz, foi juntar-se a elas no Convento de Santo Ângelo. Finalmente, Santa Clara teve a consolação de ver sua mãe e muitas outras damas da cidade entrarem pela via de santificação aberta por ela, nas pegadas de São Francisco.
Fundadora e Abadessa
São Francisco escreveu uma “Regra de Vida” para as freiras, a qual se resumia na prática da Pobreza Evangélica. E em 1215 obteve para elas a aprovação do Papa Inocêncio III. Nessa ocasião, Clara, por ordem expressa do Santo Fundador, aceitou o encargo de Abadessa. Estava fundada a Ordem das Clarissas.
Com a morte do seu pai, Clara herdou uma grande fortuna, da qual nada reteve para o convento. Distribuiua totalmente aos pobres. O Papa Gregório IX procurou fazê-la aceitar para si e para o convento alguns bens temporais, argumentando que podia, para esse fim, desligá-la do voto de pobreza. Ela respondeu:
— Santo Padre, desligai-me dos meus pecados, mas não da obrigação de seguir Jesus Cristo!
A mais perfeita imagem de São Francisco
Uma das mais admiráveis conquistas de São Francisco foi Santa Clara, cujo nome parecia projetar luz e cujo simples retrato, estampado numa das paredes da basílica de Assis, ainda hoje comove o visitante com seu encanto misterioso, penetrante e atraente. Assim como a Virgem Maria é o mais perfeito reflexo de Jesus Cristo, a Fundadora das Clarissas, à maneira feminina, projeta a imagem mais perfeita de São Francisco de Assis.
Imensa era a admiração de Santa Clara e suas filhas pelo seu Pai espiritual. Costumava ela dizer-lhe: “Dispõe de mim como te aprouver. Estou às tuas ordens. Depois que fiz a Deus o sacrifício de minha vontade, não mais me pertenço!” Conta-nos o historiador Joergensen que, “não obstante a humildade do Santo, ele teve de reconhecer em que alto grau de admiração era tido por Clara e suas freiras, e de compreender como grande parte dos sentimentos religiosos delas se ligava a esta veneração para com sua pessoa”.
Instrumento para a realização de um plano de Deus
Um biógrafo de Santa Clara observa que, nessa época na qual a Cristandade começava a imergir num processo de decadência, o mundo já parecia decrépito e envelhecido. Escurecia-se a visão da Fé, vacilavam os costumes cristãos na sociedade, enfraquecia-se o vigor dos grandes empreendimentos pela glória de Deus e salvação das almas. O ressurgimento dos antigos vícios pagãos veio agravar essa decadência.
A Cristandade tendia para a moleza, o relaxamento, a perda do senso do sobrenatural, e se inebriava com os bens materiais proporcionados pelo avanço da civilização.
Nesse contexto, interveio Deus, suscitando varões como São Francisco e São Domingos, verdadeiros luminares do mundo, mestres e guias dos povos. Com eles despontou um fulgor de meio-dia num mundo em ocaso. A Providência Divina não haveria de deixar sem ajuda o sexo mais frágil. Por isto, suscitou Santa Clara, acendendo nela uma luz claríssima e apresentando-a como modelo a ser imitado pelas mulheres. Os resultados não se fizeram esperar.
A santidade arrasta
Rapidamente se espalhou a fama de santidade de Clara. De toda parte as virgens acorriam a ela, querendo, a seu exemplo, se consagrarema Cristo. Não só isto. Tomadas de admiração pela virgindade, as mulheres já casadas sentiram um forte convite da graça para viverem mais castamente, segundo o seu estado. Nobres e ilustres senhoras, abandonando vastos palácios, construíram sentiram um forte convite da graça para viverem mais castamente, segundo o seu estado. Nobres e ilustres senhoras, abandonando vastos palácios, construíram mosteiros para neles viverem com grande honra, pelo amor de Cristo.
O encanto pela pureza foi reanimado até mesmo em rapazes, os quais, pelo exemplo de Santa Clara e suas filhas, passaram a desprezar os prazeres enganosos da carne e foram procurar a verdadeira felicidade nos mosteiros dos frades franciscanos ou dominicanos. Aquele século viu com admiração e espanto uma prodigiosa inversão de conceitos. Tornou-se comum ver mães oferecerem suas filhas a Cristo, ou as filhas arrastarem suas mães. A irmã atraía as irmãs; e a tia, as sobrinhas. Todas com fervorosa emulação desejavam servir a Cristo, em troca de uma parte nessa vida angelical que Clara fez brilhar nas trevas do mundo.
A novidade de tais sucessos correu pelo mundo inteiro, ganhando almas para Cristo em toda parte. Da clausura monástica, ela começou a iluminar todo o mundo. A fama de suas virtudes invadiu os salões das senhoras ilustres, chegou aos palácios das duquesas e penetrou nos aposentos das rainhas. A nata da nobreza passou a seguir suas pegadas. Santa Clara abrira o caminho para se propagar a observância da castidade no mundo, imprimindo uma vida nova ao estado de virgindade.
Austeridade alegre e feliz
A santa Abadessa era um exemplo vivo para suas filhas espirituais. Era a primeira a cumprir a regra na perfeição. À imitação de São Francisco, essas freiras praticaram austeridades até então desconhecidas do sexo feminino. Usavam um rústico cilício feito de crina de animal, andavam descalças, dormiam no chão, tendo por leito agressivos ramos e por travesseiro um duro pedaço de pau. Jejuavam nas vigílias de todas as festas da Igreja, passavam a pão e água todo o tempo da Quaresma. Durante o Advento — 11 de novembro ao dia de Natal — não tomavam alimento algum nas segundas, quartas e sextas-feiras. E ainda se submetiam a rudes disciplinas. Em meio a todas essas austeridades, nada se notava de melancolia ou tristeza em Santa Clara. Pelo contrário, seu rosto era sempre jovial, radiante de felicidade, cheio de encantadora serenidade e doçura, só falando de coisas alegres.
À imitação do Redentor, ela lavava os pés das irmãs, servia a mesa e cuidava das enfermas, principalmente daquelas vítimas das doenças mais repugnantes. Ela mesma freqüentemente doente, entretanto, nunca deixava de trabalhar. Quando não podia se levantar, acomodava-se no leito e punha-se a bordar paramentos para as igrejas pobres.
A formação diária das Irmãs
No seu convento, eram perfeitas a observância do silêncio e a prática da honestidade. Entre essas virgens, não havia conversas vãs nem palavras levianas ou frívolas. A própria mestra, de poucas palavras, resumia em alocuções breves a abundância de sua mente.A santa Fundadora formava suas filhas espirituais com a pedagogia aprendida do Divino Mestre. Primeiro, mostrava-lhes como afastar da alma toda agitação, para poderem firmar-se somente na intimidade de Deus. Depois, ensinava-as a não se deixarem levar pelas lembranças dos ambientes sociais que deixaram, para viverem só para Cristo. Tinha cuidado em lhes fazer notar como o demônio insidioso arma laços ocultos para as almas puras e fervorosas, diferentes das tentações com que procura levar ao pecado as pessoas mundanas. Queria que todas tivessem tempos certos de trabalhos manuais, para fugir do torpor da negligência.
“Vai em paz, minha alma!”
Santa Clara trabalhou incansavelmente na Seara do Senhor durante seus 41 anos de vida monástica. Recebeu de seu Divino Esposo grandes graças místicas. Foi favorecida com o dom de operar milagres, do qual fez uso largamente em benefício de inúmeros doentes. O próprio Papa — que bem sabia como é livre o acesso das virgens puras à presença da Divina Majestade — muitas vezes dirigia-se a ela, pedindo suas valiosas orações. E sempre foi prontamente atendido.
Os rigores da regra, as fadigas dos muitos trabalhos, a vida de mortificação levaram-na a contrair uma incômoda enfermidade que ela carregou com ufania ao longo dos últimos 28 anos de sua vida. Em seu leito de morte, teve a graça insigne de receber a visita do Papa Inocêncio IV, acompanhado de seus cardeais. Entregou sua luminosa alma a Deus no dia 11 de agosto de 1253, aos 60 anos de idade.
Sua última conversa foi com sua própria alma: “Vai em paz minha alma! Tens um guia seguro que te mostrará o caminho: Aquele que te criou, santificou, amou e não cessou de vigiar com ternura de uma mãe que zela pelo filho único de seu amor. Dou graças e bendigo ao Senhor porque Ele criou a minha vida”. Ouvindo-a falar, uma irmã lhe perguntou:
— Com quem conversavas, minha Madre?
— Com minha alma — respondeu a Santa.
Em 1255, menos de dois anos após sua morte, foi incluída no catálogo dos santos pelo Papa Alexandre IV, ante a evidência dos milagres obtidos através de sua intercessão. Desde então, é uma lâmpada colocada sobre o candelabro para iluminar todos os que habitam a casa do Senhor.
Santa Clara de Assis
Clara nasceu em Assis em 1194, duma nobre família, provavelmente no dia 11 de Julho, filha de Favorino, dos Scifi, e de Ortolana, dos Fiume, oriunda de Sterpeto.
Os Scifi pertenciam a mais alta aristocracia de Assis, Favorino, que tinha o título de conde de Sasso Rosso, era cavaleiro. Aliás, todos os seus parentes buscavam a carreira das armas. Ortolana, muito piedosa, dedicada às boas obras, teve cinco filhos: um homem, Bosone, e quatro mulheres, Peneda, Clara, Inês e Beatriz. Da mãe de Santa Clara conta-se que tinha feito várias peregrinações, como a de Bari e a da Terra Santa.
Estando para dar à luz a filha, rogava a Deus com instância para que tudo lhe corresse bem. Ouviu, então, uma voz que lhe disse:
– Não temas. Darás ao mundo uma luz que o iluminará. Por isso, chamarás Clara à menina.
Clara, luminosa e ilustre, cresceu na casa de Assis, cercada de conforto. Desde a infância, foi caridosa para com os pobres e aplicada à oração. Conta-se que, não tendo com que contar os Padre-Nossos e as Ave-Marias que rezava, e queria saber quantos diria, lançava mão de pedrinhas.
Sob os ricos vestidos, usava cilício, um rude cilício de pelos bastantes ásperos. Aos quinze anos, era alta e bela, recolhida e silenciosa, de lindos cabelos loiros.
Resolveram os pais, um dia, casá-la. Entre os muitos pretendentes, um, especialmente, era do agrado de Favorino e de Ortolana. Falaram, a respeito, com a filha, e muito surpresos ficaram com a firme resposta da linda jovem.
Clara não queria ouvir falar em casamento, e, como a mãe entrasse a atormentá-la com perguntas buscando a razão da obstinada negativa, a filha revelou-lhe que se consagrara a Deus e estava firmemente disposta a jamais conhecer homem algum.
Tendo ouvido falar de Francisco, filho de Pedro Bernardone, convertido bruscamente em 1208, e que agora levava vida à imitação de Jesus Cristo, Aquele que nem sequer tinha uma pedra onde pudesse repousar a cabeça, sentira-se tocada.
Tendo restaurado as capelas de São Damião, de São Pedro e de Santa Maria dos Anjos, ao lado da qual se estabelecera com alguns companheiros. Francisco, de volta a Roma, em 1211, com autorização pontifícia para pregar, acendeu no coração de Clara o mais vivo desejo de ouvi-lo e vê-lo.
Logo todos ouviram-no a predicar a quaresma. E a jovem filha de Favorino e Ortolana, desde o primeiro instante em, que relanceou os olhos no Pobrezinho de Assis, sentiu que a vida que ele levava era justamente a vida que a ele destinava a vontade de Deus.
Ora, dois frades, Rufino e Silvestre, ambos pertencentes à família de Clara, propuseram-se a pô-la em contato com Francisco, e, um belo dia, a jovem, acompanhada, como convinha, duma parenta, a qual tradição chamou de Bona Guelfucci, eis a jovem, ardentemente, diante do filho de Barnardone.
Francisco, duns tempos àquela parte, já havia ouvido falar de Clara, e resolveu “roubar ao mundo mau tão nobre presa, como diz a legenda, para com a jovem enriquecer o divino Mestre. Assim, ele logo se pôs a aconselhá-la, francamente, para que desprezasse o mundo, aquele mundo vão e transitório, para que resistisse aos pais e conservasse o corpo como um templo só para Deus e a não ter outro esposo senão a Nosso Senhor Jesus Cristo”.
São Francisco, desde então, tornou-se o guia, o pai espiritual de Santa Clara, que, sentindo-se muito segura de si, ia preparando o terreno para o grande dia, o dia em que se daria totalmente para as coisas de Deus.
O grande dia chegava. A 18 de Março de 1212, Domingo de Ramos, de manhã, foi à igreja, com a mãe, as irmãs e as mulheres que habitualmente as acompanhavam. E, enquanto as outras se apressavam a receber os ramos, Clara deixou-se ficar no seu lugar, por modéstia. E o bispo, descendo do altar, veio oferecer-lhe o ramo, como um presságio da vitória que ia obter sobre o mundo.
Na noite seguinte, preparou a fuga, seguindo a ordem de Francisco, mas, como o exigia a decência, fazendo-se acompanhar. Saiu secretamente de casa. Deixou a cidade e tomou o rumo de Santa Maria dos Anjos, onde os irmãos, que cantavam as matinas, receberam-na à luz de grandes archotes.
Diante do altar da Rainha das Virgens, Francisco cortou-lhe os cabelos, os “belos cabelos loiros”, e a revestiu com o hábito de penitência. Em seguida, Clara, comovidamente, pronunciou o voto de pobreza e de castidade.
Tudo o que trouxera consigo e era precioso, distribuiu-o aos pobres. E Francisco, também comovido, levou-a imediatamente a um mosteiro de religiosas de São Bento, em São Paulo de Assis, onde a deixou. Clara contava, então dezoito anos.
O refúgio da filha de Favorino não tardou a ser descoberto. Tendo fugido de casa por uma porta que vivia quase sempre fechada, Chamada Porta da Morte, porque por ali é que saiam os que morriam, Favorino logo deu pela coisa, já que uma pilha de lenha, então contra a porta, fora completamente arredada.
Descoberto, pois o paradeiro da filha, o pai com alguns parentes, foi ter com ela, para trazê-la de volta para casa.
A Clara que Favorino encontrou foi uma Clara absolutamente adversa daquela antiga jovem obediente que conhecia muito bem: resoluta e irredutível agora, de nada valeram, para demovê-la daquela vida nova que pretendia levar, as promessas e as ameaças. Empregaram, então, a violência, mas Clara, desvencilhando-se das mãos do pai, correi para junto do altar da igreja e ali tirou o véu que lhe cobria a cabeça, a todos mostrando-a raspada, dando a entender que, para todo o sempre, dera solene adeus ao século.
Francisco, como as tentativas de Favorino para recuperar a filha se repetissem, resolveu transferi-la para outro convento, em que a jovem se visse mais resguardada. Foi assim que Santa Clara passou a Santo Angelo de Panzo, também das beneditinas.
A cólera de Favorino, quando soube que dezesseis dias depois da fuga de Clara também Inês lhe fugia, para ir ao encontro da irmã, chegou ao auge, Noiva já, com dia do casamento marcado, eis que, louca, deixara os pais, deixara os seus, a bela casa e as belas relações, para viver como a irmã vivia, longe de tudo e de todos.
Fremente, o pai rogou a Monaldo, tio de seus filhos, que arranjasse muitos homens armados e, a todo custo, trouxesse Inês de volta.
Monaldo, e os homens que reunira, chegou às portas do convento, fingindo que vinha em paz. Queria somente que as freiras lhe entregasse a jovem que fugira da casa paterna e nada mais. Contudo, conforme a resposta, usariam a força.
As freiras de Santo Angelo ficaram, diante daqueles homens armados, tomadas do mais vivo pavor, e prometeram entregar-lhes a moça Inês sem tardança. A filha de Favorino, porém, resistiu: ali estava, viera para ficar e não se iria, de forma alguma.
Então inopinadamente, um dos homens, com um salto, apoderou-se dela, furioso ante as negativas da moça, e pôs-se a esbordá-la, a despedir-lhe rudes pontapés, entrando a puxá-la pelos cabelos, Não ia de bom aviso? Iria por mal!
Inês, arrastada pelo caminho, prorrompia em brados chamando a irmã em socorro. Pobre Clara, delicada! Que poderia fazer? Que força opor à bruta força daqueles homens? Somente Deus, que tudo pode, socorreria a boa Inês. E Clara, na sua singela celazinha, toda no ardor da fé, enquanto a irmã, arrastada, de vestes rasgadas, toda esfolada, ia sendo conduzida para Assis, rogou a Deus que viesse, benigno, em auxílio de duas pobres e frágeis mulheres.
Eis senão quando, os robustos homens vitoriosos sentiram que uma força estranha não mais lhes permitia arrastar a levíssima filha de Favorino. Pesada, como se fora de chumbo, não conseguiram, por mais força que empregassem, puxá-la um centímetro sequer. Debalde, os brutos sacudiram-na, malharam-na, tentaram erguê-la, fazer, enfim, qualquer coisa.
O tio Monaldo, encolerizadíssimo, aproximou-se da sobrinha. Mirou-a, os olhos fuzilando, e, tomado por uma fúria sem par, levantou o braço, o punho enluvado de ferro, para golpeá-la.
Quando foi descê-lo com toda a força, no rosto da sobrinha, não o conseguiu. Petrificara-se todo, o tio Monaldo, De braço alevantado, de punho ameaçador erguido, era bem, todo ele, uma estátua do furor mesclado à surpresa. Que lhe sucedia?
Depois da ardente oração, Clara deixou a cela e desceu. Aproximou-se dos homens, tomou Inês para si, protetoralmente, e o tio, com os seus, abismados e surpresos, deixaram-nas em paz, indo-se para Assis.
Desde aquele dia, Favorino e a família não mais se intrometeram na vida das duas moças, permitindo-lhes que vivessem a vida que tanto desejavam viver, mas sabiam os Scifi e os Fiume que, mais tarde, Beatriz havia de reunir-se às duas irmãs consagradas a Deus, bem como Ortolana.
Joergensen conta-nos assim o fim da santa fundadora das pobres clarissas:
Ao contrário de Francisco, por mais rígida que fosse a sua vida, Clara chegou à velhice; morreu aos sessenta anos, depois de quarenta e um de vida monacal. Este longo período foi enchido por acontecimento inolvidável: a morte de São Francisco em 1226.
Quando, percebendo estar perto de morrer, Francisco fez-se levar lá para baixo, para a Porciúncula, e estendeu-se na caminha na sua pobre celinha, Clara mandou dizer-lhe que folgaria de poder tornar a vê-lo ainda uma vez. Mas, como resposta, o Santo disse a um dos frades:
– Vai dizer a irmã Clara que ponha de lado toda tristeza. Neste momento é impossível que ela venha ver-me. Mas dize-lhe que pode estar certa, tanto ela, como as outras freiras de que tornarão a ver-me antes de sua morte, e se acharão com isso grandemente confortadas.
Decorridos poucos dias, Francisco morreu. Mas, no dia seguinte à sua mrote, os habitantes de Assis vieram buscar-lhe os despojos corporais e, juntamente com os frades, transportaram-nos para Assis, no meio de hinos e cantos de louvor, e de sons de trombetas, levando todos os componentes do cortejo uma tocha acesa e um ramo de oliveira. E, quando, ao raiar daquela manhã de outubro, enquandto as névoas de prata ainda vagavam pelo vale e lhe davam o aspecto de um mar imenso, o fúnebre cortejo atingiu as colinas de São Damião, já iluminadas pelo sol, parou e o corpo foi levado para a igreja e depositado tão perto da grade das freiras, que estas puderam ver, pela última vez, seu pai espiritual, como este lhes prometera. E os frades que carregavam o corpo tiraram fora a grade, através da qual as servas do Senhor costumavam receber a Santíssima Eucaristia e escutar a palavra de Deus, e soergueram do ataúde aquele corpo venerável, e mantiveram-no sobre os braços, diante da janela, tão longo tempo quanto, para conforto seu, podiam desejá-lo irmã Clara e as outras monjas – como nos conta o Speculum Perfectionis (Cap. CVIII, Cf. a Vita Prima de Celano, c. X: Esta cena piedosíssima, passava-se no atual coro dos frades em São Damião, no fundo do qual ainda é visível abrindo=se uma portinha do respaldo – a janelinha pela qual as pobres mulheres de São Damião puderam beijar as chagas santíssimas do seu pranteado Mestre. (Cavanna, ap. cit., p. 107)
Depois, a igrejinha ressoou de tristes lamentos e de ternos adeuses, de prantos e de soluços, porque, como diz São Tomás de Celano, “quem não ficaria comovido até as lágrimas, se até mesmo os anjos da paz choravam amargamente?
Os anos passaram, e Clara vivia sempre. Francisco se fora, mas os seus amigos íntimos, Leão, Angelo, Frei Junípero, iam frequentemente a São Damião, e Clara entretinha-se de bom grado a falar com eles, do tempo em que vivia o seu amado mestre. Também Frei Egídio, que, aliás, segundo a expressão de Berbardo de Quintaval, “deixava-se ficar continuamente recluso na sua cela como uma virgenzinha na sua câmara”, ainda ia de vez em vez visitar Clara. Ora, numa destas visitas sucedeu uma cena que merece ser narrada, porque saturada de verdadeiro espírito franciscano.
Um franciscano inglês, doutor em teologia pregava em São Damião, e os seus discursos eruditos eram mui diferentes dos discursos ali outrora pronunciados por Francisco. Todos notavam a diferença, quando, de repente, do fundo da igreja, Frei Egídio levantou a voz e clamou:
– Cessa de falar, mestre, porque quero pregar eu!
Logo o doutor inglês se calou, e Egídio falou, todo inflamado do espírito de Deus, diz-nos a antiga legenda. Quando acabou, tornou a dar a palavra ao pregador estrangeiro, que pode terminar o seu sermão. Mas Clara confessou, depois que isso que sucedera a alegrara mais do que se ela tivesse visto ressuscitar um morto: Porque era desejo de nosso pai Francisco que um doutro em teologia se humilhasse tanto a ponto de consentir imediatamente em se calar, quando um frade leigo manifestasse a vontade de pregar em lugar dele. (Acta SS. Abril, III, p. 239; Vita de F. Egídio, c. XII e LVIII).
Chegou finalmente, o momento em que também irmã Clara ouviu o convite de irmã Morte. Desde que havia vinte e oito anos, ela, por assim dizer, nunca cessara de ser atormentado pelo mal. E, no outono de 1252, pareceu estar bem compenetrada do seu fim. Contudo, a grande missão de sua vida ainda não estava totalmente cumprida. Clara ainda não obtivera a confirmação explícita e absoluta do seu Privilégio de Pobreza.
Por aquela época, de Lião, para onde tivera de fugir, expulso para ali pela soldadesca de Frederico II, Inocêncio IV retornou à Itália. Em 1250, esse imperador, excomungado, morreu em Fiorenzola; e, em setembro de 1252, pode o Papa estabelecer-se livremente em Perúsia. Ora, havendo-se a corte pontifícia estabelecido pacificamente na cidade umbra, o cardeal Rinaldo, o futuro Papa Alexandre IV, que então era o sustentáculo e o defensor das clarissas, foi a São Damião. De própria mão deu a comunhão à irmã Clara; e ela, aproveitando aquela visita, conjurou o cardeal a conseguir do Papa a confirmação do seu privilégio.
No verão de 1253, o próprio Papa, com a corte, foi a Assis, para ali visitar Clara, enferma. Quando esta lhe pediu a sua benção, a indulgência plenária e a remissão total dos seus pecados, Inocêncio suspirou:
– Oxalá, filha não tivesse eu, mais do que tu, necessidade da divina misericórdia!
Depois da partida do Papa, Clara disse as freias que lhe acorreram ao redor do leito:
– Minhas filhas, precisamos agradecer a Deus mais do que nunca! Porque, esta manhã, eu o recebi sob as espécies eucarísticas, e agora fui reputada digna de ser visitada pelo seu Vigário na terra!
Desde esse momento, as freiras não mãos deixaram o leito de Clara. Inês, que, devendo dirigir o convento de Monticelli, perto de Florença, havia trinta anos que vivia separada da irmã, veio também, e ajoelhou-se, para rezar, próximo ao leito dela.
Os dias passavam e a moribunda estava sempre no mesmo estado: havia mais de duas semanas que não comia absolutamente nada, e, contudo, sentia-se ainda bastante forte. Como o seu confessor a exortasse à paciência, ela respondeu:
– Desde que o nosso saudoso pai São Francisco me descobriu as infinitas perfeições e os atrativos de Cristo, nenhuma doença me pareceu pesada, nenhuma pena demasiada cruel, nenhuma penitência excessivamente dura!
Depois disse aos seus amigos da Porciúncula, Leão, Angelo e Junípero, que se aproximassem e lhe lessem a história da Paixão de Nosso Senhor. Os três aproximaram-se. Frei Junípero, comunicou-lhe o seu tesouro das “novas de Deus”, enquanto Leão, ajoelhado ao pé do leito, banhava de lágrimas o leito da moribunda, e frei Angelo procurava consolar as freiras chorosas.
Após alguns momentos de silêncio solene, clara murmurou em voz baixa:
– Vai, ó minha alma, vai em paz, pois tens um guia seguro que te mostra o caminho. Aquele que te criou, também te santificou e te amou, e não cessou de vigiar sobre ti com toda a ternura de uma mãe pelo filho único do seu amor. E vós, Senhor, sede bendito por me haverdes criado!
Depois calou-se de novo e ficou imóvel, com os olhos abertos, como se escutasse uma resposta.
– A quem falais? Perguntou-lhe uma freira.
– À minha alma! – respondeu solenemente Clara.
E, pouco depois, acrescentou:
– Vês, minha filha, o Rei da Glória que eu estou contemplando?
Os olhos de todos velados de lágrimas, olhavam para a moribunda, Mas Clara já não os vê. Sem se cansar, mantém o
olhar fixo na porta da celinha. E eis que a porta se abriu e ela viu uma fila de virgens que se adiantavam, vestidas de branco, com uma coroa de ouro na cabeça. E uma dessas virgens vencia em esplendor e dominava todas as outras. O seu diadema, ornado de pedras preciosas, era o mais fúlgido, e toda a sua pessoas irradiava uma luz doce e viva que encheu a cela.
A bela dama luminosa atravessou as linhas das suas companheiras para chegar até o leito de Clara, e ali, curvou-se sobre ela e recobriu-a toda de um véu esplendíssimo. E foi assim, sustentada nos braços de Maria, e sob o escudo do manto imaculado da Rainha do Céu, que a alma de clara subiu à mansão da eterna bem-aventurança. O corpo da morta ficou na caminha, e entre os dedos enrijados ela segurava a bula do Papa, escrita dois dias antes, com a confirmação solene e definitiva do direito, para Clara e suas monjas, de viverem conformemente ao ideal franciscano
O convento de São Damião subsiste ainda, e é-nos mostrado quase como o conhecera Clara e suas monjas. Ali revemos o minúsculo coro, onde as primeiras clarissas rezavam o breviário. Ao longo das paredes vêem-se sempre os assentos todos gastos, grosseiramente trabalhados, e, no centro, uma estante lixada, a antiga estante com os grandes antifonários, abertos na página da festa do dia.
Além disto, énos mostrada a sineta de que Clara se servia para reunir as freiras para a oração, o copo de estanho onde ela bebia após receber o Santíssimo Sacramento, o breviário que frei Leão escrevera para ela, e cujas páginas cada dia, a sua mão folheava e, depois ainda, um relicário todo de cobre, a ela dado pelo Papa Inocêncio IV.
Há ali o refeitório, onde Gregório IX foi hospedado por irmã Clara, e onde, por odem do Papa ela benzeu os pães, sobre cada um dos quais, à medida que ela os benzia, desenhava-se miraculosamente uma cruz. E, depois de visitarmos a cela, estreita e baixa, de Clara, podemos ver ainda o seu chamado jardim, um pequeniníssimo talude, com umas poucas, entre dois muros.
Mas, do minúsculo terraço que encerra esse jardim, descortinamos, por entre aqueles muros, o magnífico panorama de toda a região umbra: vemos Rivo Torto, a Porciúncula, as estradas brancas, as campinas semeadas de olivedos, e a pequena cidade de Betona, lá ao longe, entre as montanhas azuis.
No jardim, depois, há um murinho cheio de terra, onde ainda desabrocham aquelas flores que eram as únicas amadas e cultivadas pela Santa: o lírio, símbolo da pureza, a violeta, símbolo da humildade, e a rosa, símbolo no nosso amor a Deus e aos homens.
Santa Clara morreu no dia 11 de Agosto de 1253. À imitação de São Francisco, fez o testamento, onde contou a sua conversão e recomendou às irmãs, sobre todas as coisas, o amor à pobreza, seguindo o espírito do seráfico pai.
Logo que se soube da morte da seráfica filha do Poverello, toda a cidade de Assis correu, aflita, incontida, a São Damião, e o prefeito foi obrigado a colocar guardas para que não lhe arrebatassem o corpo.
Os frades menores começaram o ofício dos mortos e o Papa quis que se cantasse o das virgens, como para canonizar a Santa antecipadamente, mas o cardeal de Óstia fez ver que não se devia “andar tão depressa”.
Assim, foi recitado o ofício e a missa dos mortos e o mesmo cardeal fez um sermão sobre o desprezo das vaidades do mundo.
Como não se julgou conveniente deixar o corpo de Santa Clara em São Damião, fora da cidade, levaram-no a São Jorge, onde o Pobrezinho de Assis, tinha sido enterrado antes, e aquele cortejo, honrado com a presença do Papa e dos cardeais, fez-se ao som das trombetas, com toda a solenidade possível.
Canonizada por Alexandre IV, em 1255, cinco anos depois o corpo foi solenemente transferido para São Damião, para o novo mosteiro que se tinha construído na cidade, a mandado do Papa.
Em 1265, alevantou-se uma igreja que tem o nome da santa virgem fundadora das clarissas. O Papa Clemente V consagrou-lhe o altar-mor, sob a invocação da Santa, e as relíquias da filha de Favorino e de Ortolana ainda hoje ali se conservam (Acta SS.. 11 Aug.).
Fotos: santiebeati.it
(Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XIV, p. 346 à 352 – 369 à 377)
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