Em Belo Horizonte, sensibilizado com a presença dos fiéis que ansiavam participar da Eucaristia, o sacerdote liberou discretamente a entrada dos fiéis que estavam no local: “Fui ordenado padre para isso!”.
Segundo o portal O Tempo, ocorreu na manhã deste domingo uma missa com a presença de fiéis na Igreja de São Sebastião, que fica na região centro-sul da capital mineira, Belo Horizonte (BH). Na entrada, era aferida a temperatura e todos usavam máscara, mas a atividade teria descumprido o decreto do governo municipal da sexta-feira (12), que determina a suspensão dos cultos , missas e demais atividades religiosas de caráter coletivo, sendo permitido que os espaços religiosos fiquem abertos, desde que adotadas as medidas de prevenção.
Segundo o pároco da Igreja, padre José Cândido, como a Arquidiocese permitiu manter outros recintos do templo abertos, as pessoas vieram à igreja no momento da missa para rezar à distância.
“Já que a igreja é ampla, preferimos abrir, discretamente, sem falar, sem divulgar, para as pessoas que estavam aglomeradas. O povo está muito angustiado, a oferta da eucaristia, da palavra de Deus é conforto, é esperança, ajuda a gente a passar esse momento, esse é o nosso serviço e fui ordenado padre para isso”, afirma.
Segundo a reportagem de O Tempo, o despachante André Luiz Machado, 54, com os olhos cheio d’água, relatou a contradição que vive neste momento: “É muito complicado. Como cidadão, eu nem sei o que dizer, na verdade. Mas como cristão, a importância é enorme, poder participar da eucaristia, vir à casa do Senhor. Sobre essa questão, sanitária, enfim, a fé sobressai a tudo”, acredita.
Diante do ocorrido a Arquidiocese, através de uma nota, se esquivou da responsabilidade de fornecer assistência espiritual aos fiéis no momento que mais necessitam, reafirmando que acatou solicitação do poder público municipal para que as igrejas não recebessem grupos de fiéis, nesta atual fase da pandemia, dizendo que enviou às paróquias um ofício no qual orienta a suspensão das celebrações presenciais entre 15 e 25 de março. “Este prazo poderá ser renovado dependendo da situação sanitária em que estivermos”, informa o documento.
Assista o comentário do padre:
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A crítica do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil
O prefeito Alexandre Kalil, que se declara católico, não gostou nada do ocorrido e, discordando da necessidade de auxílio espiritual neste momento tão importante, se manifestou nas redes sociais na tarde deste domingo fazendo uma comparação infeliz com a subserviência exemplar das igrejas protestantes.
“Enquanto os evangélicos estão em colaboração máxima, a Igreja São Sebastião faz isso…”, escreveu Kalil em publicação no Twitter.
Enquanto os evangélicos estão em colaboração máxima, a Igreja de São Sebastião faz isso… https://t.co/gWb28aTESM
— Alexandre Kalil (@alexandrekalil) March 21, 2021
Governo do Estado de MG libera celebração de Missas com fiéis
Ao contrário do que pensa o Prefeito de Belo Horizonte, o governo do Estado de Minas lembrou que o livre exercício de culto religioso é garantido constitucionalmente. Considerado o momento de cautela que Minas Gerais enfrenta, é imprescindível que qualquer atividade seja desempenhada com os cuidados necessários para evitar a propagação do vírus, como o uso de máscara, distanciamento social, número restrito de pessoas e medidas de higiene.
Contudo, devido ao amparo da Constituição, esclarece a nota do governo estadual, os cultos religiosos estão permitidos em Minas Gerais, seguindo todas as recomendações acima citadas.
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