SANTO DO DIA – 09 DE OUTUBRO – SÃO DIONÍSIO DE PARIS, OU DENIS
Bispo e mártir (século III)
O santo Dionísio, popularmente conhecido como o são Dênis de Paris, que é comemorado neste dia, foi, durante muito tempo, venerado como único padroeiro de França, até surgir santa Joana d’Arc para dividir com ele a grande devoção cristã do povo daquele país.
De origem italiana, ele era um jovem missionário enviado pelo papa Fabiano para evangelizar a antiga Gália do norte no ano 250, portanto no século III. Formou, então, a primeira comunidade católica em Lutécia, atual Paris, sendo eleito o seu primeiro bispo. Alguns anos depois, teria sofrido o martírio, sendo decapitado no local hoje conhecido como Montmartre, isto é, ‘Colina do Mártir’. Ao lado do bispo Dênis, o sacerdote Rústico e o diácono Eleutério, seus companheiros, também testemunharam sua fé cristã.
Sobre o seu túmulo em Montmartre, mais tarde, foi edificada uma basílica, junto à qual, no ano 630, o rei Dagoberto fundou uma abadia. Até esses monges acabaram sofrendo com o efeito de uma enorme confusão que se fez entre este mártir e outros dois Dionísios: o Areopagita, discípulo de são Paulo, e o célebre escritor de Alexandria. Mas esses religiosos foram citados indevidamente.
A estranha e rebuscada confusão que se fez em torno da figura do santo bispo Dênis envolvia nitidamente essas três figuras distintas, que viveram em épocas diferentes, mas que foram unidas num único personagem, o santo celebrado hoje. Contava-se que o mártir original, ou seja, o bispo Dênis de Paris, foi enviado à Gália francesa pelo papa são Clemente I no fim do século I. Por isso ele começou a ser identificado com a figura de Dionísio Areopagita, discípulo do apóstolo Paulo, comemorado no dia 3 de outubro. Por isso, também, passou a ser confundido com um homônimo da Alexandria, autor de uma famosa coletânea de escritos místicos, que desde o século V vinha sendo erroneamente atribuída ao discípulo Areopagita.
Não bastasse toda essa confusão, são Dionísio, ou Dênis, segue sendo aclamado pela mais antiga tradição cristã francesa, que o venera como um mártir cefalóforo, ou seja, carregador de cabeça. E assim ele chegou aos nossos dias sendo o bispo mártir que havia carregado a própria cabeça decepada até o local onde deveria ser enterrado. No caso, a Abadia de Saint-Denis, em Paris, local onde, tradicionalmente, todos os reis da França foram enterrados.
Texto: Paulinas Internet
O homem que perdeu a cabeça por amor a Jesus
São Dionísio de Paris, depois de ter sua cabeça decepada, caminhou ainda seis quilômetros com ela nas mãos, pregando o Evangelho
Dos muitos mártires que a fé em Cristo já gerou ao longo dos séculos, em todos os cantos da terra, a Igreja celebra, hoje, a memória de São Dinis de Paris, bispo e padroeiro da França.
São Dinis – que também se pode chamar de “Dionísio” – foi morto em meados do século III, durante o curto reinado do imperador romano Décio. Os dois anos em que ficou à frente do Império foram suficientes para que sua crueldade fosse comparada à do terrível Nero. Em pouco tempo, ele fez incontáveis vítimas no meio do clero e entre os próprios fiéis, elevando à honra dos altares nomes como Santa Ágata, São Saturnino e o próprio Papa Fabiano.
Como morreu São Dinis? Durante o seu pontificado, São Fabiano enviou à então província da Gália sete missionários cristãos, dentre eles Saturnino, mandado a Toulouse, e o próprio Dinis, que se fixou na Lutécia, onde atualmente fica a cidade de Paris. A eloquência de Dionísio logo colocou em polvorosa os sacerdotes pagãos do local, que ficaram alarmados pelas várias conversões que ele, por obra de Deus, conseguia. Um edito do imperador Décio, exigindo que todos prestassem o culto a César, tornou fácil a captura de Dinis, que se destacava por sua coragem e fidelidade. Um dia, levaram-no ao alto de um monte e cortaram a sua cabeça e as de seus fiéis companheiros, Rústico e Eleutério.
O mais incrível é que, segundo a tradição, o bispo Dionísio ainda saiu do Montmartre – “monte do mártir”, como ficou conhecido o lugar – e caminhou seis quilômetros, carregando a sua cabeça e pregando um sermão sobre o arrependimento, até chegar ao lugar onde foi enterrado. A iconografia cristã geralmente o retrata segurando a sua cabeça, ainda com a mitra. Hoje, o “apóstolo da Gália” é invocado pelo povo cristão contra dores de cabeça e possessões demoníacas, além de ser homenageado como um dos primeiros pais da França.
O seu impressionante testemunho ilustra como nem depois de mortos os santos se calam. Se, nesta terra, com a sua pregação e vida, Dionísio glorificou sumamente a Deus, chegando ao heroísmo do martírio, após a sua morte, ele mesmo encorajou muitos outros homens a darem a vida por Cristo, cumprindo a profecia de Tertuliano, para quem o sangue dos mártires era semente de novos cristãos.
É importante lembrar que as ofertas dos perseguidores para que os cristãos “livrassem a sua pele” eram coisas aparentemente simples. Daniel-Rops conta que os suspeitos de seguirem a Cristo eram “conduzidos ao templo e convidados a sacrificar aos deuses ou, pelo menos, a queimar incenso na frente do altar”. Depois, caso persistisse “a acusação de cristianismo, o acusado era convidado a pronunciar uma fórmula blasfema, na qual renegava Cristo”. Por fim, celebrava-se uma refeição, “uma espécie de comunhão pagã, em que os suspeitos deviam comer carne das vítimas imoladas e beber vinho consagrado aos ídolos” [1]. Se fizessem qualquer uma dessas coisas, os cristãos se safavam e não eram mortos.
Diante de uma perseguição como a impetrada por Décio, pode-se imaginar como era grande a tentação de jogar um pouquinho de incenso diante dos ídolos… Afinal, um punhado de incenso, que mal poderia haver? Mas, os santos não se improvisam.;“Quem quiser salvar sua vida a perderá; e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará” (Mt 16, 25). Os carrascos que olhavam para os mártires certamente pensavam em seus corações que se tratavam de loucos, assim como a modernidade comumente pinta as imagens dos primeiros mártires como “suicidas”, como se fossem homens desgostosos da vida, à procura da morte. À luz do Evangelho, no entanto, a entrega dessas pessoas não era simplesmente a renúncia da vida, mas a adesão à verdadeira Vida, por amor. O “não” de Dionísio, Rústico e Eleutério à idolatria, à blasfêmia e às carnes sacrificadas pelos ídolos foi, ao mesmo tempo, um belo e glorioso “sim” a Deus, ao Seu nome e à Sua vontade.
Hoje, talvez não nos seja pedida a entrega física dos primeiros mártires, que tiveram suas cabeças, braços e pernas decepados por causa de Cristo. Mas, sem dúvida, é-nos pedida a fidelidade de cada dia, pela qual todo cristão é sempre um mártir:
“Sendo muitas as perseguições, também são numerosos os martírios. Todos os dias és testemunha de Cristo. Foste tentado pelo espírito de fornicação; mas, por temor do futuro juízo de Cristo, julgaste que não devias manchar a pureza da alma e do corpo: és mártir de Cristo. Foste tentado pelo espírito de avareza para assaltar a propriedade do teu inferior ou para violar os direitos da viúva indefesa; todavia, meditando nos preceitos divinos, preferiste prestar ajuda a praticar injustiças: és testemunha de Cristo. (…) Foste tentado pelo espírito de soberba; mas, ao ver o pobre e o necessitado, compadeceste-te piedosamente e preferiste a humildade à arrogância: és testemunha de Cristo.”
“Como são numerosos todos os dias os mártires ocultos de Cristo, os que confessam o Senhor Jesus! O Apóstolo conheceu este martírio e este fiel testemunho, ao dizer: É esta a nossa glória e o testemunho da nossa consciência.” [2]
Com os santos, aprendemos que “quem começa a servir verdadeiramente o Senhor, o mínimo que lhe pode oferecer é a própria vida”, como ensinava Santa Teresa de Ávila. Peçamos a intercessão de São Dionísio, para que nos ajude a sermos testemunhas de Cristo onde for: senão no alto dos montes, nas arenas dos leões ou no madeiro das cruzes, em nossas casas, em nossas escolas e em nossos trabalhos.
São Dionísio, mártir, rogai por nós!
Por Equipe Christo Nihil Praeponere