SANTO DO DIA – 05 DE DEZEMBRO – SÃO SABAS
Abade (439-532)
Os bárbaros godos são conhecidos, na história, por suas guerras de conquista contra terras e nações cristãs. Pagãos, perseguiram e executaram milhares de católicos, mas não puderam impedir a conversão de várias famílias. Foi numa dessas que nasceu Sabas, no ano 439.
Nascido na Capadócia, Sabas teve uma infância difícil. A disputa dos parentes por sua herança o levou a procurar ajuda num mosteiro, onde foi acolhido apesar de ser ainda uma criança. Apesar de pouca instrução, tornou-se um sábio na doutrina cristã.
Desde então, transcorreu sua longa vida entre os mosteiros da Palestina. Experimentou a vida monástica cenobítica, ou seja, comunitária; depois passou para o mosteiro dos anacoretas, onde os monges se nutrem na solidão, preferindo esta última. Dividiu tudo o que herdou entre os cristãos pobres e doentes. Trabalhou na conversão de seus conterrâneos e ajudando os cristãos perseguidos em sua pátria. Era, antes de tudo, um caridoso e valente.
Naquela época, havia o decreto de que cristãos, para serem poupados, deveriam comer a carne dos animais mortos aos deuses pagãos. Muitos se utilizavam da estratégia de enganar os guardas, dando de comer aos familiares carnes comuns, e não as desses sacrifícios, salvando os familiares do martírio. Mas Sabas se recusava a mentir, chegando a protestar em público contra tal prática.
Quando as perseguições se acentuaram, Sabas já gozava de muito prestígio, pois tinha fundado uma grande comunidade de monges anacoretas no vale de Cedron, na Palestina, chamada de ‘grande Laura’. Ela começou naturalmente, com os eremitas ocupando as cavernas ao redor daquela em que vivia, isolado com os animais, e construíram um oratório. Foi assim que surgiu o que seria no futuro o Mosteiro de São Sabas.
A fama dos prodígios que alcançava através das orações e também a grande sabedoria sobre a doutrina de Cristo, que tão bem defendia, fizeram essa comunidade crescer muito. A ele se atribui o fim de uma longa e calamitosa seca. Ocupava uma posição de liderança importante dentro da sociedade e do clero. A eloquência da sua pregação do Evangelho atraía cada vez mais os pagãos à conversão. Sabas, então, já incomodava o poder pagão como autoridade cristã.
Interferiu junto ao imperador, em Constantinopla, a favor dos mais pobres, contra os impostos. Organizou e liderou um verdadeiro e próprio exercito de monges anacoretas para dar apoio ao papa contra a heresia monofisista que agitou a Igreja do Oriente.
Morreu em 5 de dezembro de 532, na Palestina, aos noventa e três anos de idade. São Sabas está presente na relação dos grandes sacerdotes fundadores do monaquismo da Palestina. A festa em sua honra ocorre no dia de sua morte.
Texto: Paulinas Internet
Conheça mais sobre São Sabas, Abade
São Sabas nasceu no ano de 439, no burgo de Mútala, no território da Cesaréia, Capadócia. Era filho de João e de Sofia, ambos considerados no país pela nobreza e pela virtude.
O pai era oficial nos exércitos do imperador, e comandava uma companhia. Dados certos distúrbios excitados em Alexandria, João para lá foi enviado, e Sofia seguiu-o.
A estadia que foram obrigados a fazer em Alexandria, obrigou-os a deixar o filho Sabas, então com apenas cinco anos de idade, sob a direção e os cuidados de Hérmias, tio materno.
O jovem Sabas, por mais paciente que pudesse ter sido, não suportou os maus tratos que a tia, mulher mal-humorada e de péssimo gênio, lhe proporcionou. Fugiu, então, indo abrigar-te em casa doutro tio, o tio Gregório, irmão do pai, que vivia, naquela época, no burgo de Scandos.
Esta fuga e esta preferência do pequeno Sabas deram motivos à rivalidade entre ambas as famílias, que o disputavam e à administração dos bens de João.
Embora com oito anos incompletos, sentia-se o menino tão mal edificado, a viver entre o ciúme dos tios e as rusgas freqüentes, que resolveu escapar novamente, dessa vez para o mosteiro de São Flaviano, a pouco menos duma légua de Mútala.
Os religiosos receberam-no com alegria, impressionados com a beleza de Sabas, e se encarregaram da educação do menino. E o bom gênio que tinha a grande inteligência, a tendência para a virtude, a aplicação nos estudos e a inocência, fizeram ver aos monges, pouco depois, que, a continuar assim, um dia havia ele de ser grande na vida cenobítica.
Aquele retiro acabou por reconciliar os dois tios e, pois, o jovenzinho resolveu para que tudo continuasse em paz, não deixar o claustro. E a vocação para o estado religioso foi-se declarando, dia após dia, até que, firmando-se, o levou a decidir não mais abandonar a vida que ia levando.
Conquanto fosse menino, não se via no mosteiro quem lhe ultrapassasse as austeridades, e, em disciplina e em fervor, outro não havia.
Um dia, por ter colhido, no pomar do mosteiro, uma grande maçã, não somente não a comeu, como se afligiu imensamente com a gula que o impelira a colher o fruto com ligeireza. Desde aquele dia, tomou horror a todas as frutas, e delas jamais comeu qual fosse.
Comia pouco e pouco dormia. Grande parte da noite, passava-a em oração.
Aos dezoito anos, era objeto da admiração dos mais antigos do mosteiro.
Certo dia, achegou-se do superior e pediu-lhe permissão para ir visitar os lugares santos, que grande lhe era a devoção pelas coisas sagradas da Palestina. O abade, que lhe conhecia a virtude, concedeu-lha, pesaroso, porque ia privar a comunidade dum grande modelo, qual era ele.
Sabas, alegremente, emocionado, partiu para Jerusalém no ano de 457, e passou o inverno no mosteiro de São Passarion, onde a todos edificou pela sobriedade, santidade e vida humilde que levou. Dali, transferiu-se para o mosteiro de Santo Eutimo, onde o silêncio e a austeridade lhe eram mais do agrado.
O superior, vendo-o tão jovem e delicado, resolveu enviá-lo a o outro mosteiro, uma vez que ali todos viviam separados em suas celas, solitários.
Recomendado a São Teoctisto, que era o superior dum mosteiro que dependia do de Santo Eutimo, Sabas, logo depois, sentia-se satisfeito: na nova comunidade reinava a mais exata disciplina religiosa; não se ocupava senão de Deus, e tudo era dirigido para a mais alta santidade por um fervor sempre e sempre renovado.
Em poucos dias, Sabas era um dos mais perfeitos modelos. O dia, consagrava-o ao trabalho, e a noite à oração. E tão recolhido vivia e tão continuamente unido a Deus, que o trabalho corporal era para ele uma oração, a ele que tudo fazia por espírito de penitência e de caridade.
Que fazia Sabas no mosteiro? Fora incumbido de carrear água e lenha para as necessidades dos irmãos, auxiliar este e aquele nos diversos labores, e tratar dos doentes, o que fazia com infinitos de ternura e cuidado. Tais ocupações, entretanto, não o levaram a se descuidar das austeridades, e era dos primeiros, todos os dias, a comparecer ao ofício divino.
A estima que por Sabas todos tinham, aumentou mais ainda em virtude da vitória que alcançou sobre uma tentação muito delicada que lhe submeteu a vocação a uma estranha proa. Dado por companheiro a um religioso que ia a Alexandria, encontrou os pais. E estes, impressionados com a mudança do filho, dado todo ele, durante vinte anos, aos exercícios contínuos, à mais austera penitência, principiaram a trabalhar-lhe o espírito para que deixasse aquela vida e reentrasse no mundo, tão maxilento e murcho estava.
As lágrimas, as súplicas, as solicitações todas, porém, não lhe quebraram a vocação. Disse ao pai:
– Tu que vives às voltas com tropas e soldados deves saber das leis de guerra, das que rigorosamente punem desertores. Que castigo mereceria um soldado de Cristo que desertasse, deixando-lhe o serviço?
Resposta tão generosa encantou os pais. E, admirando no filho a constância e a virtude, contentaram-se com recomendar-se-lhe às orações.
São Teoctisto falecera e Sabas obteve do santo abade Eutimo a permissão de retirar-se a uma mais austera solidão. Encerrou-se, então, numa pequena gruta, onde passava cinco dias da semana sem comer, unicamente ocupado com a oração e os trabalhos manuais: construía, regularmente, dez cestos por dia, e todos os sábados levava ao mosteiro cinqüenta deles, bem feitos e acabados. Passava, então, o domingo com os irmãos. À tardinha, levando leques e leques de palmeiras, para a feitura dos cestos, retirava-se para a gruta, para as orações e o trabalho.
Santo Eutimo, que chamava nosso santo de o jovem velho, por causa da grande virtude e da sabedoria, levava-o, todos os anos, a 14 de janeiro, ao deserto de Ruban, onde se crê que o Salvador passou os quarenta dias depois do batismo. Ali, ficaram ambos até o domingo de Ramos, aplicando-se aos exercícios mais austeros, orando e jejuando.
Aos poucos, o relaxamento das disciplinas foi-se introduzindo no mosteiro de São Teoctisto, de modo que o Santo se retirou da comunidade, adentrando o deserto da Jordânia, unindo-se ao São Gerásimo.
Foi naquela solidão que os demônios, não suportando tão eminente santidade num jovem religioso de trinta e cinco anos, que tão longe levava as austeridades mais variadas, sem que jamais tivesse perdido a inocência, declararam-lhe guerra, uma acirrada guerra tremenda, empregando todos os artifícios para dobrá-lo, e dobrando-o, vencê-lo.
Mil espetros horríveis lhe apareciam, procurando amedrontá-lo, a urrar e a insultar, escareteando tetricamente. E uma ventania morna, gemendo e assobiando, fazia macabro acompanhamento ao demoníaco coro de berros.
São Sabas armado de poderosa arma, qual seja a da oração, enfrentava-os, e, bem longe, de ser desencorajado, depois de quatro longos anos de sofrimentos, procurou uma solidão ainda mais espantosa. Encontrou, nos rochedos duma alta montanha escarpadíssima, uma caverna, que fora morada de São Teodósio, o Cenobita.
A caverna que escolhera como cela ficava a tão grande altura e o caminho que lá levava era tão rude, empinado e difícil, que, para levar a água de que se servia e que ia buscar a mais ou menos duas léguas longe, o obrigou a amarrar no topo uma longa corda, na qual se segurava para a escalada com o recipiente que lhe pesava. De comer, só raízes que se achavam ao pé do monte.
Um dia, alguns camponeses avistaram a corda que de alto a baixo balouçava a brisa. Marinharam curiosos, monte acima, penetraram na caverna e ficaram admirados da penitência que o Santo fazia.
Desde aquele dia, começaram vir a ele, de toda parte, camponeses aos magotes, que lhe solicitavam instruções. E muitos, tocados, resolveram ficar na caverna e com São Sabas passar o resto dos dias na solidão.
Vendo que o número de discípulos crescia de dia para dia, consentiu que levantassem uma capelinha no sopé, onde padres das vizinhanças vinham rezar-lhes a santa missa regularmente. Logo um mosteiro surgiu.
São Sabas tinha tão alta idéia do sacerdócio, que estava persuadido de não ser digno de tão formidável dignidade, nem ter qualquer dos discípulos virtude para o merecer. A religiosa rigidez do santo desagradava a muitos dos discípulos, daí irem ter com Salústio, o patriarca de Jerusalém, dizendo-lhe que não desejava São Sabas como superior, porque muito severo e deveras escrupuloso.
– Daí-nos outro, pediram, menos exigentes.
Salústio, informado do mérito de Sabas, fingiu escutar-lhes as lamentações, e acabou por dizer:
– Que Sabas, com toda a comunidade, aqui esteja amanhã.
Sabas, que ignorava o que sucedia, compareceu com todos os religiosos, à presença do patriarca. E a surpresa de todos foi enorme. Salústio conferiu ao Santo todas as ordens sacras e ordenou-o padre.
Terminada a cerimônia, disse aos religiosos:
– Eis vosso superior. Não é pela escolha dos homens, mas pela de Deus, que está confirmado no cargo. Nós nada mais fizemos do que emprestar as mãos ao Espírito Santo para lhes conferir o sacerdócio. Assim, deveis honrá-lo como vosso pai e obedecer-lhe como vosso superior. Vosso abade daqui vos levará, e todos assistireis à consagração da igreja que erigiu.(…)
Quis o Senhor, afinal, recompensar o grande servidor, Sabas adoeceu. O patriarca foi visitá-lo, e vendo que tudo lhe faltava na cela, fez com que o transportassem a uma casa vizinha, que estava sob a dependência do patriarcado.
Sabas consentiu, unicamente por espírito de obediência. E, vislumbrando próximo, bem próximo o fim da vida, deixou-se ficar a orar, a orar, até que, serena, muito serenamente, morreu nos braços dos filhos. Era o dia 5 de dezembro de 541, e o santo estava com noventa e dois anos de idade.
Ao enterro, compareceram muitos bispos e uma multidão incontável de solitários. E, à beira do túmulo que o abrigou, um grande número de milagres se deu. As relíquias de São Sabas foram, mais tarde, transportadas para Veneza.
(Vida dos Santos, Padre Rohrbachar, Volume XXI, p. 25 à 35)