Foram muitos os prodígios que Santo Antônio realizou ao longo da sua vida. Um dos milagres mais famosos foi o “milagre eucarístico de Rimini”, ou o chamado “milagre da mula”.
Santo Antônio de Pádua (1195 – 1231) pregou enfrentando grandes contrariedades e lutas. A Igreja era fortemente contestada por movimentos heréticos que não aceitavam a presença real de Nosso Senhor na Eucaristia.
Durante a sua intensa atividade de evangelização, Santo Antônio andou na zona de Rimini (noroeste de Itália) por volta do ano 1223, e foi justamente neste período que o milagre se encontra narrado em vários livros históricos – entre os quais a Begninitas, uma das primeiras fontes sobre a vida do santo – que narram episódios análogos acontecidos também em Toulose e em Burges.
O episódio está relacionado com a luta entre cristãos e hereges. Nesses tempos a hierarquia da Igreja era fortemente contestada por movimentos heterodoxos, incluindo os cátaros, patários e valdenses. Estes atacavam especialmente uma das verdades basilares da Fé católica: a Presença Real de Nosso Senhor na Eucaristia.
O milagre eucarístico aconteceu quando Santo Antônio foi desafiado por um certo Bonovillo para provar que a doutrina sobre a Presença Real do Corpo de Cristo na comunhão era verdadeira. Outra biografia antiga de Santo Antônio (A Assídua) traz as palavras ditas por Bonovillo no ‘desafio’: “Irmão! Digo-te diante de todos: acreditarei na Eucaristia se a minha mula, que deixarei sem comer durante três dias, escolher a Hóstia em vez do feno que lhe darei.” Se o animal tivesse, portanto, deixado de lado a comida e ido adorar o Deus pregado por Santo António, o herege converter-se-ia.
O encontro foi marcado na Praça Grande (hoje em dia Praça dos Três Mártires), atraindo uma multidão enorme de curiosos. No dia combinado, portanto, Bonovillo apareceu com a mula e com a cesta de feno. Chegou Santo Antônio que, depois de ter celebrado a Missa, trouxe em procissão a Hóstia consagrada dentro do ostensório até a praça.
Diante da mula, o Santo disse: “Em virtude e em nome do Criador, que eu, por mais indigno que seja, tenho realmente nas mãos, te digo, ó animal, e te ordeno que te aproximes rapidamente com humildade e O adores com a devida veneração.”
O animal, apesar faminto, deixou de lado o feno e aproximou-se para adorar a Hóstia consagrada, de tal modo que inclinou os joelhos e a cabeça, provocando a admiração e o entusiasmo dos presentes. Santo Antônio não se enganou ao julgar a lealdade do seu oponente, que, ao ver o milagre, se lançou aos seus pés e abjurou publicamente os seus erros, tornando-se a partir daquele dia um dos mais fervorosos cooperadores do Santo taumaturgo.
Em memória desse episódio foi construída na Praça Três Mártires uma igrejinha dedicada a Santo Antônio com uma capela que a precede, obra de Bramante (1518). A capela, no entanto, foi arrasada durante a Segunda Guerra Mundial.
Hoje, ao lado do Santuário de São Francisco de Paula, pode-se visitar uma nova igreja denominada templete, consagrada no dia 13 de abril de 1963 em substituição à originária.
Um tabernáculo de prata dourada reproduz o pequeno templo exterior, e um painel do altar em bronze mostra o milagre da mula. A igrejinha é sede da Adoração Eucarística perpétua.
O milagre da mula aparece representado na iconografia de Santo Antônio desde o século XIII. O milagre também impulsionou o movimento eucarístico que deu na instituição da festa solene do Corpus Christi pelo Papa Urbano IV em 1264.