Nestes tempos de pandemia, muitos padres adotaram o costume de transmitir suas celebrações pela internet. Com seu zelo de pastor, Dom Henrique Soares pôde observar de perto como anda a liturgia e fez uma correção fraterna aos seus irmãos de sacerdócio através das suas redes sociais.
A Santa Missa é o que existe de mais sagrado na Igreja Católica. São João Paulo II nos ensinava que “a Missa torna presente o sacrifício da cruz”, ou seja, a liturgia é a atualização do Sacrifício de Jesus, portanto na missa estamos diante do próprio de Jesus Cristo no Calvário.
É através da liturgia da missa que nos é dado o que há de mais precioso na face da Terra, a Santíssima Eucaristia, que merece de nós o maior respeito e adoração. Esse respeito é demonstrado principalmente pela forma que lidamos com a liturgia, desde a preparação dos objetos litúrgicos, paramentos, e de maneira especial nosso comportamento.
O que está acontecendo é que cada dia mais observamos sacerdotes que, talvez por receberem formação insuficiente, muitas vezes ignoram partes importantes das instruções presentes nas rubricas do Missal Romano. Essas rubricas indicam como o rito deve acontecer, inclusive gestos e posições que o sacerdote precisa seguir para celebrar bem o rito da missa.
Desde que o Santo Sacrifício passou a ser realizado com o celebrante voltado de frente para o povo, e não mais de frente para Deus, que ficava no sacrário localizado no centro do altar, o personagem principal da celebração passou a ser, aos olhos do povo, o próprio sacerdote e não mais a liturgia por ele celebrada, o que exige uma atenção maior do padre para que o foco do povo seja na liturgia e não nele próprio.
Em seu comentário colocado na íntegra abaixo, Dom Henrique Soares veio nos apresentar um detalhe que pode parecer pequeno, mas que na prática significa uma grande diferença no respeito e na forma com que o padre lida com a Santíssima Eucaristia no momento da Consagração. Leia:
“Olhando as missas pelas redes sociais… Uma observação:
Como é feio e inapropriado o celebrante fazendo as orações litúrgicas agarrado a um microfone.
O que seria um gesto antiquíssimo: as mãos abertas em forma de cruz e de súplica, recordando o Cristo Sumo e Eterno Sacerdote da nossa fé, torna-se nada, apenas uma caricatura: uma mão espalmada, aberta para nada, porque a outra está agarrada ao microfone… O gesto litúrgico desaparece, minado por essa conduta imprópria, errada mesmo.
O máximo do erro é na consagração: segura-se o Corpo e o Sangue do Senhor com uma só mão para não largar o principal, o centro: o microfone!
Muito melhor o gesto inteiro, mesmo sem microfone algum. Afinal, as orações são dirigidas ao Senhor Deus em nome do Povo Santo e não dirigidas às pessoas, de modo que se tenha que destruir um gesto litúrgico, contanto que se escute a qualquer preço a voz do celebrante. Trata-se de uma inversão de valores e de prioridades…
E pensar que tudo se resolveria com uma base para sustentar o bendito microfone ou, no limite, com um acólito sustentando-o…
Perdemos a noção do sagrado, esquecemos o sentido dos ritos… Está ficando tudo reduzido ao mínimo denominador comum da funcionalidade, da praticidade, da utilidade, da popularidade pastoral.
A descida ainda será longa, bem longa… Que pena!”
Dom Henrique Soares da Costa
Diocese de Palmares