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O canto do Glória não é “para dançar, bater palmas e gritar”

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“Proliferou-se a ideia de que se trata de um canto animado, barulhento, como se Missa fosse programa de auditório e não o Calvário”

O canto do Glória não é “para dançar, bater palmas e gritar”, enfatizou o pe. Wellington José de Castro por meio de rede social. O sacerdote destaca o vínculo direto entre o Glória e o “Kyrie eleison”, isto é, a súplica “Senhor, tende piedade de nós”, recordando que, no Glória, apresentamos a Deus um pedido de perdão e de misericórdia.

Não é, portanto, um “canto festivo“, mas, eminentemente, uma oração penitencial e de conversão, que se faz com recolhimento, contrição sincera e, sim, profunda confiança no amor divino – mas o momento é de pedido de perdão e isto não se faz “dançando, batendo palma, dando gritinhos”.

Gloria In Excelsis Deo - Arautos do Evangelho - Clave de Sol

Confira o comentário do pe. Wellington:

“Alguém em sã consciência pediria perdão de seus pecados dançando, batendo palma, dando gritinhos? A resposta parece óbvia. Mas por que tantos o fazem quando cantam ‘…Vós que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. Vós que tirais o pecado do mundo, acolhei a nossa súplica. Vós que estais à direita do Pai, tende piedade de nós…’?

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Isso não é um pedido de perdão pelas culpas e pelo pecado?

O ‘Gloria in excelsis Deo’ está em plena unidade e continuidade com o ‘Kyrie eleison’. É errônea a ideia proliferada de que se canta Glória em louvor pelos pecados perdoados, até porque o Ato Penitencial não basta para perdoar os pecados mortais. Assim como é errada a ideia de que é um louvor à Trindade, haja vista que se trata de um hino cristológico.

Infelizmente, proliferou-se a ideia de que se trata de um canto animado, barulhento, como se Missa fosse programa de auditório e não o Calvário”.

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O Glória Não é um Hino Trinitário

É muito comum encontrarmos no repertório e no imaginário popular de muitas comunidades e paróquias a noção de que o Hino do Glória seria um Hino Trinitário.

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Diversas composições fazem menção, em suas estrofes, ao Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. É importante que tenhamos clareza e segurança para saber que estas peças não podem ser usadas durante a liturgia para o momento do Glória.

O Glória é um hino antiquíssimo e venerável pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro. O texto deste hino não pode ser substituído por outro.

“Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens por Ele amados. Senhor Deus, Rei dos Céus, Deus Pai Todo-poderoso: nós Vos louvamos, nós Vos bendizemos, nós Vos adoramos, nós Vos glorificamos, nós Vos damos graças, por Vossa imensa glória. Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito, Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de Deus Pai: Vós que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós; Vós que tirais o pecado do mundo, acolhei a nossa súplica; Vós que estais à direita do Pai, tende piedade de nós. Só Vós sois o Santo; só Vós, o Senhor; só Vós, o Altíssimo, Jesus Cristo; com o Espírito Santo, na glória de Deus Pai. Amém.” 

Reforço aqui o caráter do Hino do Glória por meio dos comentários do Pe. Ocimar Francatto:

O Hino do Glória é um hino cristológico, pois o Cristo se mantém no centro de todo o hino. Ele é o “Kyrios”, o Senhor, que desde todos os tempos habita na Trindade.

É um hino em prosa lírica. Um tesouro da oração cristã que tem sua origem nos primeiros séculos. Trata-se de uma compilação de elementos que evoluíram, mas cuja estrutura atual é muito clara.

Depois de mais de mil anos, cantamos com as palavras daquelas mesmas comunidades antigas. Sinal de comunhão que atravessa os séculos. As palavras dos anjos na noite do Natal: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens por Ele amados” (Lucas 2, 14).

O Hino do Glória é um canto completo, tem: louvor, entusiasmo, doxologia e súplica.

Pacificada esta questão, pode surgir a seguinte dúvida: e os cantos trinitários que fazem parte do imaginário e da experiência de fé de tantas comunidades? Devem ser simplesmente abolidos?

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Não necessariamente. Enquanto é fato que não podem ser utilizados para o momento do Glória dentro da liturgia, são opções viáveis para canto de saída e mesmo canto de entrada nas ocasiões apropriadas, como por exemplo a Solenidade da Santíssima Trindade.

Desta forma, é perfeitamente possível agregar e harmonizar a escolha liturgicamente adequada do repertório musical a ser utilizado na liturgia sem desatender as particularidades e eventuais preferências das comunidades.

Tudo ordenado para a Glória de Deus e a Santificação dos Fieis

Com informações de Aleteia e musicaliturgicaonline.com.br

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