Categorias
Brasil

Morre Padre Gilson Gilson Frank dos Reis, da Missão Belém

FacebookWhatsAppTwitterEmailCopy LinkShare

A Arquidiocese de São Paulo comunica, com pesar, o falecimento do Padre Gilson Frank dos Reis, neste sábado, 21, em decorrência de complicações da COVID-19.

Padre Gilson tinha 45 anos e foi ordenado sacerdote no dia 3 de dezembro de 2016. Incardinado no clero da Arquidiocese de São Paulo, ele pertencia à associação de fiéis Missão Belém, que realiza um trabalho pastoral voltado à população em situação de rua e com dependência química.

O Sacerdote estava hospitalizado há algumas semanas com um quadro grave de infecção do novo coronavírus, chegando a ser intubado e não resistiu.

O velório acontece neste domingo, 22, na Capela Nossa Senhora Aparecida (Rua Nelson Cruz,19 – Belém), onde, às 10h, acontece uma missa de corpo presente, que será transmitida pelas mídias digitais. Em seguida, o corpo será trasladado para o Cemitério Gethsêmani Anhanguera, onde acontecerá o sepultamento.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ele sentiu na pele as dores dos irmãos de rua

Texto baseado em reportagem publicada no O SÃO PAULO em março de 2013

Era março de 2013. Em uma mesa na Casa de Oração do Povo da Rua, no bairro da Luz, Gilson Frank dos Reis, então com 36 anos, planejava, junto a dois outros integrantes da Missão Belém, detalhes da atividade de  evangelização que fariam horas depois junto à população em situação de rua, em especial os assolados pelo vício das drogas.

Gilson, por mais de uma década, também esteve no mundo das drogas. Aos 11 anos, após a separação dos pais, tragou um cigarro pela primeira vez, e na adolescência, foi usuário de maconha, cocaína e de crack. “O crack foi a devastação da minha vida e da minha família: roubava coisas de casa, morei na rua, na Cracolândia, até que um dia alguém passou, bateu nas minhas costas e falou ‘olha, Jesus te ama’. Foi quando tive força de me levantar e procurar ajuda”, contou à reportagem do O SÃO PAULO na ocasião.

Durante nove meses, no ano de 1998, Gilson permaneceu em uma clínica de recuperação de dependentes químicos no Rio Grande do Sul. De volta a São Paulo, conseguiu emprego, tornou-se noivo, ingressou em atividades da Igreja e foi um dos fundadores de um grupo que ajudava na recuperação de jovens drogados.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Por meio de colegas da Comunidade Servos de Resgate, que também se dedica à evangelização de moradores em situação de rua, conheceu o Padre Gianpietro Carraro, quem em 2005 fundaria a Missão Belém, onde Gilson realizou acompanhamento vocacional. “Quando comecei essa caminhada com um acompanhamento mais sério, com uma espiritualidade mais forte, entendi que aquilo que eu procurei desde os meus 11 anos de idade nas drogas, eu encontrei somente em Deus”.

Gilson deixou tudo para trás para seguir a vida missionária, ajudando que drogados se libertem do vício. “Toda vez que posso, falo da minha experiência de vida e que Deus está tirando um homem que era da Cracolândia e levando para trás do altar para ser padre. Procuro sempre enfatizar isso porque não somos diferentes: se isso aconteceu na minha vida, outros irmãos podem conseguir, porque um homem que tem objetivo chega aonde Deus quer”, relatou à reportagem.

Gilson seria ordenado sacerdote três anos depois daquela entrevista, em 3 de dezembro de 2016, e manteve-se fiel ao que se propunha desde quando disse sim a Deus ao discernir pela vocação sacerdotal. “Tenho um desejo no coração de ser o sacerdote dos pobres, mostrar com a minha vida aquilo que Deus fez.”.

De sua própria experiência e das situações que vivenciara até aquele março de 2013, de pessoas que deixaram as drogas após o encontro com Deus, Gilson nutria algumas certezas sobre a fé.

“A Palavra de Deus diz que a fé é o firme fundamento de acreditar em tudo aquilo que a gente não vê, mas a fé também é o alicerce de quem quer caminhar com Deus. O homem nasceu para acreditar, tanto é que aqueles que não acreditam em Deus acreditam em algo diferente, isso é do ser do homem, aquele que não tem fé e não acredita, morre, acaba se perdendo”.

Fonte O SÃO PAULO

FacebookWhatsAppTwitterEmailCopy LinkShare
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Clique aqui para fazer uma doação