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Joe Biden, ‘católico fervoroso’ defende aborto a unhas e dentes

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Joe Biden diz que aborto legal é compatível com as “principais religiões”

Por ACI Digital – Joe Biden, o segundo presidente católico na história dos Estados Unidos, disse ontem (3) que a decisão da Suprema Corte no caso Roe x Wade, que legalizou o aborto em todo o país em 1973, é compatível com “o que todas as principais religiões concluíram historicamente”.

Em declarações à imprensa feitas na Base Aérea de Andrews, pouco antes de decolar no avião presidencial, Biden disse que a decisão que legalizou o aborto nos EUA há meio século “diz o que todas as principais religiões básicas concluíram historicamente, que o direito, que a existência de uma vida e de um ser humano é uma interrogante”.

“É no momento da concepção? É com seis meses? É com seis semanas? É, é a vivificação, como (santo Tomás) de Aquino argumentou?”, questionou Biden.

Em termos médicos, costuma-se falar de vivificação como o período em que a gestante começa a sentir o movimento do bebê em seu ventre.

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Biden fez estas declarações no contexto do recente vazamento de um rascunho de parecer de maioria da Suprema Corte, que derrubaria Roe x Wade, eliminando o suposto “direito” ao aborto e deixando que cada estado do país determine sua legislação sobre o tema.

A autenticidade do documento vazado foi confirmada pela Suprema Corte Federal, que disse que esta não é uma decisão final ou oficial, a qual será dada em junho deste ano.

Em sua entrevista coletiva de ontem (3), o presidente dos EUA também foi a favor da “codificação” de Roe x Wade, o que implicaria na aprovação de uma lei que declara o aborto como um direito.

A menção a santo Tomás de Aquino, doutor da Igreja, é um recurso comum dos católicos que tentam defender sua posição a favor do aborto.

Em um artigo sobre a posição de santo Tomás sobre o aborto, frei Nelson Medina, padre dominicano com doutorado em teologia fundamental, disse que os textos do doutor da Igreja a esse respeito devem ser entendidos no contexto “dos conhecimentos biológicos de seu tempo e de sua metafísica”.

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Para o teólogo dominicano, “se vivesse em nosso tempo, santo Tomás de Aquino chegaria à conclusão de que um aborto precoce deveria ser considerado homicídio”.

“E pediria às autoridades civis ações efetivas para prevenir tal crime e punir aqueles que o cometem com penas adequadas ao seu grau de culpa”, disse.

Biden tem se manifestado repetidamente a favor do aborto legal. Já em seu plano de governo, anunciou seu desejo de “ampliar o acesso à contracepção e proteger o direito constitucional ao aborto”.

Apesar de seu apoio à agenda do aborto, Biden continua se apresentando como um católico devoto, participando da missa e recebendo a Eucaristia.

Em outubro de 2021, o arcebispo de Kansas City e presidente do Comitê de Atividades Pró-Vida da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, dom Joseph Naumann, disse que Biden “gosta de ser tratado como um católico devoto”. “Eu exigiria que ele começasse a agir como tal, especialmente em questões relacionadas à vida”, disse.

“E também para que realmente permita que sua fé perfile sua consciência e as decisões que está tomando, não sua plataforma partidária”, acrescentou.

Suprema Corte deve derrubar decisão que legalizou aborto nos EUA, diz rascunho de relatório

A Suprema Corte dos EUA votará para derrubar Roe x Wade, a decisão de 1973 que legalizou o aborto em todo o país, segundo um rascunho com o parecer da corte vazado pela imprensa do país na noite de segunda-feira, 2 de maio.

“Consideramos que Roe e Casey devem ser derrubados”, escreve o juiz Samuel Alito no suposto rascunho de 98 páginas, obtido pelo site americano POLITICO. O documento se chama “Parecer da Corte”.

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“É hora de fazer caso à Constituição e devolver o tema do aborto aos representantes eleitos do povo”, acrescenta Alito.

A reportagem de POLITICO descreveu o parecer como “um repúdio rotundo e inquebrantável” de Roe x Wade, que criou um direito constitucional nacional ao aborto até um período entre 25 e 28 semanas de gravidez.

A Suprema Corte, portanto, fica do lado do estado do Mississippi, que apelou buscando manter a proibição de abortos a partir das 15 semanas, que os legisladores aprovaram em 2018.

O documento, que traz a frase “1º Rascunho” no topo, observa que o raciocínio na sentença Roe x Wade foi “excepcionalmente fraco”, que a decisão original teve “consequências prejudiciais” e que a decisão foi “eminentemente errada”.

“O aborto apresenta um profundo questionamento moral. A Constituição não proíbe os cidadãos de cada Estado de regulamentar ou proibir o aborto. Roe [x Wade] e [Planned Parenthood x Casey] se arrogaram essa autoridade. Agora anulamos essas decisões e devolvemos a autoridade ao povo e a seus representantes eleitos”, diz o rascunho.

CNA, agência em inglês do grupo ACI, não conseguiu verificar de forma independente se o rascunho contendo o parecer da corte divulgado pelo site POLITICO é genuíno, e a decisão da corte não será definitiva até que seja publicada, o que pode acontecer até o final de junho. Se a decisão se mantiver, mais de uma dúzia de estados imediatamente tornariam o aborto ilegal.

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A reportagem, embora diga que os juízes da Suprema Corte podem mudar seus votos enquanto os rascunhos estão sendo revisados, disse que não está claro se alguma mudança foi feita após o primeiro rascunho.

A reportagem do site POLITICO diz que quatro ministros aderiram à opinião majoritária de Alito, enquanto três preparam votos contrários.

John Roberts, presidente da Suprema Corte, ainda não decidiu seu voto.

Se o rascunho for autêntico, esta será a primeira vez na história moderna da Corte que um rascunho de parecer do tribunal vazou enquanto o caso ainda está pendente, de acordo com o POLITICO.

SCOTUSblog, um conhecido site que informa sobre a Suprema Corte, tuitou que o rascunho é “quase certamente um rascunho de opinião genuíno” e que seu vazamento constituiu um “pecado imperdoável”.

“O documento vazado por POLITICO é quase certamente um autêntico rascunho de opinião de J. Alito, refletindo o que ele acredita e pelo menos cinco membros da Corte apoiaram com seu voto, derrubando Roe. Mas como um rascunho de Alito, ele não reflete os comentários ou reações de outros juízes”, comentou SCOTUSblog.

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“É impossível calcular o terremoto que isso causará dentro da Corte, em termos de destruição da confiança entre juízes e funcionários. Esse vazamento é o pecado mais sério e imperdoável”, acrescentou.

Líderes pró-vida reagiram com cautela à reportagem de POLITICO.

O grupo pró-vida SBA List disse que não comentará o caso até que “uma decisão final seja anunciada pela Corte”.

Por sua vez, Abby Johnson, líder pró-vida que deixou a indústria do aborto e que inspirou o filme Unplannedtuitou: “A opinião do juiz Alito vazou. Parece que a Suprema Corte está pronta para derrubar Roe! Isso foi publicado sem dúvidas por um membro da equipe a favor do aborto tentando provocar agitação na corte”.

Johnson incentivou a rezar ainda mais pelos juízes que seriam a favor da reversão de Roe x Wade.

Kristan Hawkins, presidente da Students for Lifeescreveu: “A Corte não pode permitir que as táticas de intimidação da esquerda combinadas com a ameaça de caos causada por um vazamento sem precedentes mudem o rumo certo: o fim de Roe x Wade”.

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O que a Igreja Católica ensina sobre o aborto

Longe do que Biden disse em 3 de maio, o Catecismo da Igreja Católica é claro em seu número 2270 que “a vida humana deve ser respeitada e protegida, de modo absoluto, a partir do momento da concepção”.

“Desde o primeiro momento da sua existência, devem ser reconhecidos a todo o ser humano os direitos da pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo o ser inocente à vida”, diz.

No número 2271, o Catecismo diz que “a Igreja afirmou, desde o século I, a malícia moral de todo o aborto provocado. E esta doutrina não mudou. Continua invariável. O aborto direto, isto é, querido como fim ou como meio, é gravemente contrário à lei moral”.

Em seguida, no número 2272, ensina que “a colaboração formal num aborto constitui falta grave. A Igreja pune com a pena canônica da excomunhão este delito contra a vida humana. (…) A Igreja não pretende, deste modo, restringir o campo da misericórdia. Simplesmente, manifesta a gravidade do crime cometido, o prejuízo irreparável causado ao inocente que foi morto, aos seus pais e a toda a sociedade”.

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