Após retirar o sacrário, o padre desabou em pranto, pediu licença e fez a última prece na ermida vazia
Ovulcão Cumbre Vieja, que entrou em erupção nesta semana, obrigou um pároco, pe. Alberto Hernández, a evacuar às pressas a ermida de São Pio X, pequena capela em plena trajetória do rio de lava.
As atenções do mundo se voltaram nos últimos dias para a ilha espanhola de La Palma, pertencente ao arquipélago das Canárias, na costa africana, porque havia um risco remoto de tsunami que, a depender da violência da erupção, poderia atingir até mesmo o litoral do Norte e Nordeste do Brasil. Esse risco foi descartado e as atenções do planeta sobre La Palma acabaram diminuindo, mas o estrago provocado pelo vulcão na ilha é grande e muitos habitantes estão precisando de ajuda.
Mais de trezentas construções foram destruídas pela passagem da lava e centenas de moradores precisaram de abrigos improvisados.
Uma capela à mercê do vulcão Cumbre Vieja
No caso da ermida de São Pio X, o pe. Alberto precisou abandoná-la já na primeira noite de erupção. As autoridades municipais, porém, permitiram que ele retornasse na manhã seguinte para tentar salvar o que pudesse, enquanto o fluxo de fogo expelido pelo vulcão Cumbre Vieja já serpenteava a cerca de um quilômetro de distância do local.
A prefeitura enviou um caminhão para ajudar a salvar das cinzas o que fosse possível, incluindo imagens sacras, crucifixos, cálices, bancos, paramentos sacerdotais e, evidentemente, o sacrário.
E foi justamente quando o sacrário foi retirado da capela que o pe. Alberto desabou em pranto.
Pediu licença para passar alguns minutos finais no interior da capelinha, antes de todos partirem juntos e a deixarem para trás, já vazia. Fez uma última prece na ermida e partiu, novamente entre lágrimas.
Os objetos sacros foram guardados em outra paróquia, a de Santo Isidro, fora do perímetro de alcance da lava.
Em paralelo, o sacerdote vem ligando continuamente aos seus paroquianos para lhes prestar apoio, solidariedade e orações. Dessas conversas, o pe. Alberto constata que as pessoas, no fundo, têm clareza da objetiva escala de valores: diante da perda inevitável de bens materiais, conservar a vida é incomparavelmente mais importante. Com o empenho pessoal, a solidariedade do próximo, a responsabilidade das autoridades e a graça de Deus, no resto dá-se um jeito.
Com informações de Violeta Tejera para Aleteia