Mesmo sendo um problema crônico, que atinge boa parte dos fiéis, há muitos padres que evitam tocar no assunto para evitar as consequentes discussões, protestos e reclamações de fiéis, mas tanto a Doutrina da Igreja quanto o próprio Jesus nos Evangelhos são claros quanto a indissolubilidade do Matrimônio.
Alguém que já recebeu validamente o Sacramento do Matrimônio, se separou, e hoje vive em um segundo relacionamento, estão cometendo o grave pecado do Adultério, portanto não pode ser admitido à comunhão. Aqueles que comungam em estado de pecado mortal cometem um pecado mais grave ainda: o Sacrilégio!
Acerca disso a exortação apostólica de João Paulo II é claríssima: “A Igreja (…) reafirma sua práxis, fundamentada na sagrada escritura, de não admitir à comunhão eucarística os divorciados que contraíram nova união” (n. 84d). O código canônico também determina essa proibição (cânon 915).
Assista uma excelente formação com Padre Fernando Neves onde ele explica opções para que casais neste estado possam voltar à Graça de Deus e à Comunhão:
No Catecismo da Igreja Católica, temos a claríssima definição que segue:
“O vínculo matrimonial é, portanto, estabelecido pelo próprio Deus, de maneira que o matrimônio ratificado e consumado entre batizados não pode jamais ser dissolvido. Este vínculo, resultante do ato humano livre dos esposos e da consumação do matrimônio, é, a partir de então, uma realidade irrevogável e dá origem a uma aliança garantida pela fidelidade de Deus. A Igreja não tem poder para se pronunciar contra esta disposição da sabedoria divina”. (1640).
Com todas essas afirmações contundentes, a resposta é que não há maneiras para separar aquilo que Deus uniu!
“Mas, padre, meu marido me traiu e vive bebendo pinga no bar com os amigos. Devo continuar com ele?” Esse é um exemplo de caso específico. A resposta que virá da Igreja é sempre a de que o restabelecimento da união e do respeito dentro de casa deve partir sempre do diálogo entre os cônjuges, que deverão tentar sempre salvar o sacramento do matrimônio pelo qual optaram. Novamente repetindo, não há possibilidades de separação. Há maneiras de declarar o casamento nulo (dizer que ele nunca existiu) ou de a Igreja conceder uma dispensa do matrimônio (para salvaguardar o direito daquele que sempre lutou para que o matrimônio desse certo, ainda que o outro nunca tenha se esforçado para isso), mas esses são assuntos para outro momento!
O próprio Jesus Cristo rebate as afirmações dos fariseus quando é questionado se o divórcio é licito. Os fariseus usam o Livro do Deuteronômio para dizerem a Jesus que Moisés era a favor de que os homens pudessem dar certidão de divórcio para as suas mulheres que lhes desagradassem. (Cf. Dt 24, 1). Mas Jesus é enérgico nesse ponto. Ele afirma que foi por causa da dureza do coração daqueles antepassados machistas, que despediam as esposas por motivos ridículos.
Moisés, ou o autor do Deuteronômio, queria garantir o direito de as mulheres poderem voltar para a casa com algum subsídio para viver com dignidade. Por isso, autorizou a certidão de divórcio. Jesus não tolera a ideia de que o marido possa largar sua esposa por motivos torpes. Por isso, afirma que quem opta pelo divórcio comete pecado, e essa é uma ameaça mais forte para os homens, pois eram eles que decidiam tudo na sociedade em que Jesus vivia; no entanto, a mensagem também foi dirigida às mulheres. “Todo aquele que se divorciar de sua mulher e se casar com outra comete adultério contra a primeira. Também comete adultério a mulher que se divorciar de seu marido e se casar com outro”. (Mc 10, 11-12).
Tudo isso posto, deixa-nos mais conscientes da impossibilidade de separação dos que assumiram o compromisso do matrimônio. Por outro lado, existem milhares de casos de pessoas que se separaram e vivem sozinhas hoje; e um número cada vez maior de pessoas que abandonaram o casamento e contraíram novas núpcias. Como lidar com esses casos? Bem, as pessoas que estão separadas, mas não vivem em segunda união, devem tentar a reconciliação sempre. Por outro lado, elas continuam casadas, pois os dois permanecem vivos. Se a lei é até que a morte os separe, e eles estão vivos, continuam casados.
No caso daqueles que contraíram novas núpcias, continuam vinculados ao primeiro e único matrimônio e vivem com outra pessoa, impossibilitando, assim, de viver plenamente os sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia, enquanto perdurar tal situação. Mas sabemos que, na vida real, muita gente já optou pela segunda união e vive muito bem. Não podemos fechar os olhos para essa realidade que existe. A Igreja dá passos largos para tentar acolher essas novas famílias.
Assista também:
O Catecismo diz explicitamente sobre eles: Com respeito a cristãos que vivem nesta situação e que, muitas vezes, conservam a fé e desejam educar cristãmente os seus filhos, os sacerdotes e toda a comunidade devem dar provas duma solicitude atenta, para que eles não se sintam separados da Igreja, em cuja vida podem e devem participar como batizados. Serão convidados a ouvir a Palavra de Deus, a assistir ao sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a prestar o seu contributo às obras de caridade e às iniciativas da comunidade em prol da justiça, a educar os seus filhos na fé cristã, a cultivar o espírito de penitência e a cumprir os atos respectivos, a fim de implorarem, dia após dia, a graça de Deus. (1651). Em resumo, as pessoas em segunda união não são excluídas da Igreja, e devem tentar viver plenamente conforme o Coração de Misericordioso de Jesus Cristo.
É óbvio que a Igreja não incentiva a segunda união, pois ela continua afirmando a indissolubilidade do casamento. Por outro lado, a Esposa de Jesus jamais abandonará um filho seu que venha lhe pedir colo. Assim sendo, as pessoas que estão vivendo a segunda união não devem ser recebidas com pedras por membros intolerantes de nossas comunidades ou por clérigos estúpidos e sem misericórdia!
Respondendo, então, a pergunta aqui colocada: pela lei, os que vivem a segunda união não podem se aproximar dos sacramentos da Reconciliação e da Santíssima Eucaristia, a não ser que resolvam essa situação. “O novo casamento dos divorciados, em vida do cônjuge legítimo, é contrário ao desígnio e à Lei de Deus ensinados por Cristo. Eles não ficam separados da Igreja, mas não têm acesso à comunhão eucarística. Viverão a sua vida cristã sobretudo educando os filhos na fé”. (Catecismo da Igreja Católica, 1665).
É certo que essa lei pode ser questionada: “mas duas pessoas que estão em segundas núpcias vivem a paz e o respeito dentro de casa, e não podem comungar; enquanto duas pessoas legitimamente casadas na Igreja vivem um inferno dentro do lar, mas podem comungar. Que Igreja injusta!” Realmente, o questionamento é válido. Mas isso somente demonstra que deve haver mais coerência daqueles que assumem compromissos com a Igreja e com Deus, mediante os sacramentos!
Mensagem aos que vivem em estado de pecado mortal: Ainda há Esperança!
(Tipos de pecados permanentes mais comuns: Casais de Segunda União, Amasiados, Homossexualidade, Vícios, etc)
O Sacramento da Comunhão para quem vive a segunda união.
Leia esse brilhante testemunho que evidencia os frutos da obediência que colhem aqueles que seguem a risca os ensinamentos de Jesus Cristo conservados pela Igreja desde sempre e para sempre.
Como disse o Papa Pio XII: “O matrimônio entre batizados validamente contraído e consumado não pode ser dissolvido por nenhum poder sobre a terra, nem mesmo pela Suprema Autoridade eclesiástica”.
Testemunho:
Foi na década de 1940 que o primeiro matrimônio de Peter chegou ao fundo do poço, e terminou com a sua esposa o abandonando. Apesar de saber que um novo casamento o distanciaria de Deus e da Igreja – Peter não só era católico, como apreciava a leitura de G. K. Chesterton e John Henry Newman, beato, ele casou-se novamente, no civil com Anne, que, à época, era uma espécie de católica não praticante. Quando seu filho, Peter Jr. nasceu, em 1950, o casal decidiu colocá-lo em uma escola católica. Durante o seu segundo ano de preparação para receber os sacramentos da Confissão e da Comunhão, a vida de fé dos Stravinskas recebeu um impulso inesperado. O padre conta como aconteceu: “Cheguei em casa da escola um dia e disse: ‘Mãe, eu te amo muito’. ‘Eu também te amo’, ela respondeu. ‘Mãe, quando eu morrer, quero ir para o Céu!’ ‘É claro, todos nós queremos’, ela disse. ‘Bem, nós temos um problema. Se eu morrer e for para o Céu, e você e o papai não estiverem lá, continuará sendo Céu?’ ‘Ué, por que papai e eu não estaríamos lá?’ “Porque a irmã Rita Gertrude disse hoje na aula que pessoas que não vão à Missa no Domingo vão ao inferno quando morrem” Sua mãe imediatamente encerrou a conversa. Mais tarde, naquela noite, quando seu pai voltou do trabalho, Peter Jr. foi mandado para o seu quarto, enquanto os seus pais discutiam sobre a conversa que fôra mantida mais cedo. Peter lembra bem as palavras que ele ouviu enquanto se escondia atrás da porta: “Temos um problema com o nosso filho’, disse a mãe. ‘O que é?’, perguntou o pai. ‘Aquela irmã louca da escola está nos causando problema. Ela disse ao Peter hoje que nós vamos ao inferno porque não vamos à Missa aos domingos’. ‘Bem, o que você esperava que ela dissesse?’ ‘Quando for a escola amanhã para ajudar com o trabalho voluntário, vou mandá-la cuidar da própria vida e ficar fora da nossa casa’ ‘Bem, você pode fazer isso – o marido replicou. Só não sei se vai servir para alguma coisa” Depois disso, Peter lembra de uma breve pausa antes de ouvir seu pai acrescentar: “Eu acho que há provavelmente uma solução mais simples. Talvez seria mais fácil para nós começarmos a ir à Missa aos domingos. Assim, convenceríamos a irmã de que não iremos para o inferno”
No domingo seguinte, toda a família Stravinskas assistia à Missa unida, pela primeira vez. O que começou a incomodar Anne foi o fato de que, no momento da Missa em que as pessoas iam receber a Sagrada Comunhão, ela não estava apta a participar. Mesmo desejando receber Jesus, ela sabia que viver com um homem que, aos olhos da Igreja, era casado com uma outra mulher, a impedia de receber Jesus em sua alma. O filho Peter Jr. Stravinskas, hoje sacerdote de Cristo (na foto abaixo, quando no seminário), lembra de ouvir a sua mãe dizer uma vez: “Eu não sei por que vou à Missa afinal, se eu não posso receber a Sagrada Comunhão” O casal eventualmente trouxe essa dificuldade para o pároco da sua comunidade. Ele disse aos dois que uma maneira de proceder seria pedir às autoridades da Igreja em Roma que examinassem a primeira união de Peter, para determinar se ela realmente havia existido. Se o matrimônio fosse declarado inválido, Peter e Anne estariam livres para casar e ajustar o seu relacionamento aos olhos de Deus e da Igreja, pavimentando o caminho para que eles pudessem receber a Comunhão. Mas o padre os advertiu também que o processo de nulidade não só era demorado, como custava caro. O bom padre, então, apresentou ao casal uma solução muito mais simples. “Ele disse que a solução mais fácil para que eles participassem integralmente na fé católica seria abster-se de relações sexuais, e viver como irmão e irmã”. “Daquele momento em diante, foi o que eles fizeram”, relata Padre Peter. Foi só nos seus anos de colégio, discutindo com o seu pai sobre a doutrina católica em relação ao matrimônio, que o padre Stravinskas descobriu a verdade sobre a decisão de seus pais. “Bem, é verdade, situações irregulares acontecem”, disse-lhe o seu pai. “Mas, para sermos fiéis a Cristo, sua mãe e eu temos vivido como irmão e irmã por 10 anos até agora” “E eles viveram assim até o fim do seu matrimônio”, conta o padre. Peter faleceu em 1983, com 71 anos. Anne viveu até os 87, morrendo em 2005.
O padre Stravinskas alertou para o perigo de que se introduza um pensamento mundano dentro da Igreja, como uma espécie de “cavalo de troia”. “Se é verdade que uma pessoa permanece ligada ao seu cônjuge, ainda que o seu matrimônio fracasse, isso significa que qualquer atividade sexual subsequente em que a pessoa se envolva é pecado de adultério. Foi o que Jesus disse nos Evangelhos”, ele diz. Segundo o padre, “quem discorda desse ensinamento tem um problema com Deus, não com a Igreja. Quando as pessoas me dizem que não aceitam a doutrina da Igreja sobre o divórcio e as novas uniões, eu digo a elas: ‘Vamos fazer a sua afirmação mais precisa. O que você está realmente dizendo é que você não aceita o ensinamento da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade sobre esse assunto’. (…)
Esse ensinamento sobre o divórcio e as novas uniões não compete à Igreja mudar. Vem do próprio Deus. A Igreja levou tão a sério essa doutrina que chegou a perder toda a Igreja na Inglaterra nos anos 1530, por causa da sua fé na indissolubilidade do matrimônio”. O padre Stravinskas também explica por que é gravemente errado para católicos divorciados em segunda união se apresentarem para receber a Sagrada Comunhão. “É o pecado do sacrilégio. Aproximar-se indignamente do mais santo dos Sacramentos. São Paulo é muito claro sobre isso em sua Epístola aos Coríntios. Ele diz que uma pessoa deve examinar a si mesmo antes e, se não estiver preparada, não deve receber o corpo e sangue do Senhor. Se ele o faz – e aqui está a pena – ele come e bebe a própria condenação”, afirma.
Na Familiaris consortio, o Papa João Paulo II escreve: “A Igreja, no entanto, com base nas Escrituras reafirma a sua prática de não admitir à comunhão eucarística para os divorciados que se casam novamente. São eles os que não podem ser admitidos, uma vez que o seu estado e situação de vida contradizem objetivamente a união de amor entre Cristo e a Igreja, que é significada e realizada na Eucaristia”.
Por fim, o testemunho da família Stravinskas é bastante pertinente: mostra como, mesmo sendo difícil, a castidade é acessível a todos, por mais difícil que seja a sua situação. Nossa fé nos ensina que Deus dá a todos a graça para evitar o pecado. No testemunho desta família reconhecemos nitidamente os frutos da obediência e a resposta para questão sem por e nem tirar uma vírgula sequer!