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Bispos franceses pedem mudança na doutrina sobre a homossexualidade

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Alguns bispos franceses estão reescrevendo “discretamente” a doutrina da Igreja Católica sobre a homossexualidade, segundo reportagem do jornal católico francês La Croix. A ideia é tornar a mensagem da Igreja mais palatável ao mundo moderno.

Por ACI Digital – O artigo publicado em 3 de março afirma que a iniciativa dos bispos decorre da visita ad limina dos bispos franceses a Roma em setembro de 2021. Durante a visita, alguns dos bispos disseram ao presidente do então Dicastério para a Doutrina da Fé, cardeal Luis Ladaria, e ao próprio papa Francisco, que grupos de defesa dos homossexuais na Igreja consideram ofensivos parágrafos do Catecismo da Igreja Católica.

Quem falou ao jornal foi o arcebispo de Sens-Auxerre, dom Hervé Giraud, depois de uma reunião em 28 de fevereiro com membros da Reconnaissance, associação de pais católicos de homossexuais.

Em março de 2021, poucos meses antes da visita ad limina, os integrantes do Reconnaissance apelaram em uma carta aos bispos da França para que os questionassem sobre a “consideração da dignidade de seus filhos” pela doutrina da Igreja Católica. Eles se opuseram particularmente ao parágrafo do catecismo que descreve atos homossexuais como “intrinsecamente desordenados” (CIC 2.357).

A doutrina da Igreja sobre hommossexualidade está reunida em três artigos:

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“2.357 A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.

2.358. Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação, Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.

2.359. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã”.

Para a Reconaissance, o catecismo, “publicado há quase 30 anos”, trata desse assunto “em poucas linhas concisas e confusas, que são de grande violência para as pessoas que as leem para si ou para seus entes queridos”.

As referências ao livro do Levítico, do Antigo Testamento, ou a são Paulo, no novo testamento, são “inadequadas” para a organização de defesa da homossexualidade.

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A alegação é de que a Escritura apenas registra o desconhecimento das épocas em que foi escrita sobre a homossexualidade,

que somente foi definida “como uma orientação sexual que se impõe à pessoa” no século XIX, pelo psiquiatra forense alemão Richard von Krafft-Ebing, que, no livro Psychopathia Sexualis criou a palavra “homossexual” e suas derivadas.

“É por isso que um pedido de reescrita do parágrafo que trata desta questão, dirigido às autoridades competentes, nos parece necessário e urgente, particularmente em vista das inúmeras e inéditas contribuições das ciências humanas [nas últimas três décadas]”, escreveram os integrantes da Reconaissance.

“No plano doutrinal, precisamos de uma linguagem adequada à realidade que nós e nossos filhos estamos vivendo… que abra caminhos de vida em vez de fechá-los levando os jovens ao desespero e os pais à rejeição do que são seus filhos”, continua a carta.

Na página inicial de seu site, os membros da associação afirmam que sua carta foi recebida com simpatia por vários bispos, que responderam por escrito.

“Atualização” do site dos bispos franceses

Isso explicaria o pedido posterior feito ao papa em 2021, que, segundo o La Croix , sugere que os bispos proponham uma nova formulação dos parágrafos do Catecismo da Igreja Católica que tratam da homossexualidade (2357-2359).

Nesse meio tempo, a Conferência Episcopal da França, através de seu Conselho da Família e da Sociedade , determinou que os teólogos atualizassem as seções em seu site que tratam dessas questões, a fim de torná-las consistentes com as “questões de hoje”.

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Esses teólogos estão sendo auxiliados em seus escritos por homossexuais e grupos de defesa, incluindo o Reconnaissance. Os membros da associação observaram em seu site que “agora foi estabelecido um diálogo genuíno e a sinodalidade está sendo gradualmente estabelecida”.

“Combate à homofobia”

O arcebispo Giraud, por sua vez publicou uma coluna de opinião antes de se reunir com a associação em fevereiro, pedindo uma mudança de perspectiva sobre a homossexualidade. Referindo-se aos vários escritos do papa Francisco, o prelado convidou a “abandonar toda tentação de julgar, para substituí-la por uma atitude de escuta das pessoas como elas são, sem reduzi-las ao que fazem”.

O termo “homofobia” também é mencionado quatro vezes no artigo. Cunhado pelo psicólogo americano George Weinberg na década de 1960 para descrever a aversão psicológica à homossexualidade, esse conceito foi expandido e popularizado por ativistas gays e lésbicas nas décadas de 1970 e 1980.

“Em um momento em que alguns países estão endurecendo sua legislação [sobre a homossexualidade] … antes de qualquer outra consideração, é necessário lutar contra a homofobia. Como todas as formas de ódio, destrói e semeia o mal. É urgente falar sobre isso de forma simples… como [o papa] Francisco”, escreveu Giraud.

Em 2021, o arcebispo Giraud disse ao jornal Le Monde que havia recebido um grande número de e-mails virulentos de católicos por não fazer sanções a um famoso padre de sua diocese de Sens-Auxerre, Matthieu Jasseron, que afirmou em um vídeo em seu canal no TikTok (que ultrapassou rapidamente 1 milhão de visualizações) que atos homossexuais não eram pecaminosos.

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“Não está marcado em nenhum lugar, nem na Bíblia nem no Catecismo da Igreja Católica, ou seja, em toda a tradição, que ser homossexual ou praticar a homossexualidade é pecado”, declarou enganosamente o padre Jasseron.

Em uma declaração em resposta ao clamor causado por essas declarações, que estão em aberta ruptura com a doutrina da Igreja Católica, dom Giraud limitou-se a lembrar que o padre Jasseron se expressou no TikTok “a título pessoal” e “sem ter recebido essa missão particular”.

Ao discutir a polêmica no talk show francês Quelle Époque! em setembro de 2022, o padre Jasseron afirmou não ter recebido nenhum pedido de correção de seus superiores após seu vídeo.

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