O costume de contar pequenas orações de repetição nos dedos da mão, por meio de pedrinhas, grãos ou ossinhos, soltos ou unidos por um barbante, é muito antigo e utilizado por fiéis de muitas religiões. O Islamismo, fundado por Maomé (que nasceu em torno de 570 e morreu em 632), usa o “subha”, feito de madeira, osso ou madrepérola, e consta de três grupos de trinta e três contas para recitar noventa e nove nomes de Deus. No cristianismo, isto se verificava entre os monges nos séculos IV e V (anos 300 e 400). Mas afinal qual a origem do Rosário?
Esta devoção tão cara para nós católicos tardou séculos para ser plasmada. Antes de mais nada foi necessário surgir a oração da Ave-Maria para que o terço pudesse ser idealizado.
Primeiramente, foi introduzido o costume de rezar determinado número de vezes o Pai Nosso. Isto se dava de modo especial nos mosteiros, sobretudo a partir do século X (depois do ano 900) onde muitos cristãos que faziam os votos de vida religiosa não tinham condições de participar das orações dos salmos (do saltério), com leituras e cânticos. Seus superiores estabeleciam para eles a recitação do Pai-Nosso determinado número de vezes.
Até o século VII (depois do ano 600), a frase do anúncio do anjo a Maria era a antífona do ofertório do quarto domingo de Advento. É antiga também a recitação da parte da “Ave Maria” que recordava a mensagem do anjo e as palavras de Isabel a Nossa Senhora quando esta a visitou. O nome Jesus no final da primeira parte e a segunda parte foram introduzidos em torno do ano 1480.
O surgimento da Ave-Maria foi, por sua vez, decorrência do desejo dos fiéis católicos de honrar de alguma maneira Nossa Senhora. A oração mais antiga que se conhece dirigida à Virgem Santíssima é o “Sub tuum praesidium Sancta Dei Genetrix”, “À vossa proteção nos recorremos, Santa Mãe de Deus”. Com relação à Ave-Maria, pelo que se sabe, por volta do ano 600 já era rezada a sua primeira parte. Posteriormente, entre os séculos X e XI foi acrescentado o nome de Jesus ao final da oração. A segunda parte da Ave-Maria surgirá no século XIII, juntamente com o terço, tendo um papel importante São Domingos de Gusmão 1170-1221).
Este santo foi um sacerdote espanhol, fundador da ordem dos dominicanos ou pregadores. Num determinado momento da sua vida decidiu ir à França para lutar contra a heresia albigense. Esta heresia, entre outros erros, ensinava que havia dois deuses: um bom e um mau. São Domingos se empenhou no combate desta heresia, mas, no início, não conseguiu grandes frutos.
Segundo uma antiga tradição, no ano de 1208, foi a um bosque chorar, rezar e suplicar a Nossa Senhora para que mostrasse uma arma espiritual eficaz para vencer aquela batalha. Depois do terceiro dia que estava em oração, Nossa Senhora apareceu-lhe acompanhada de três anjos e disse a São Domingos:
– Querido Domingos, você sabe qual é a arma que a Santíssima Trindade quer usar para mudar o mundo? A resposta de São Domingos foi que ela sabia melhor que ele. Então Nossa Senhora lhe disse:
– Quero que saiba que neste tipo de guerra a arma sempre foi o Saltério Angélico (palavras do Arcanjo Gabriel a Nossa Senhora na Anunciação), que é a pedra fundamental do Novo Testamento. Portanto, se você quer converter estas almas endurecidas e ganhá-las para Deus, difunda o meu saltério.
Conta-se que Nossa Senhora, então, mostrou o terço para São Domingos, com as 50 Ave-Marias, que passou a ser conhecido como Saltério da Bem-Aventurada Virgem Maria. A partir daí São Domingos começou a espalhar esta devoção, encontrando eco nos fiéis católicos que não sabiam ler e queriam de alguma maneira imitar os monges que recitavam os 150 Salmos da Bíblia.
Passado um tempo, como esta devoção veio a languidescer, Nossa Senhora apareceu ao beato Alano de Rupe (1428-1475), também da ordem de São Domingos, e lhe pediu para avivá-la novamente. Nossa Senhora lhe disse que seriam necessários volumes imensos para registrar todos os milagres obtidos por meio do terço e reiterou as promessas feitas a São Domingos de Gusmão. Inspirado pela Mãe de Deus, Alano criou as agrupações de 50 Ave-Marias conhecidas como Mistérios Gozosos, Dolorosos e Gloriosos. Acrescentou também os Pai-Nossos no início de cada dezena. Surgia assim o Rosário como nós conhecemos hoje, com a diferença da inclusão recente dos Mistérios Luminosos pelo papa João Paulo II.
Algumas mudanças
Inicialmente, a recitação da Ave Maria era feita sem a inclusão de fatos – mistérios – da vida de Cristo. Entre 1410 e 1439, o monge cartuxo Domingo de Prusia, de Colônia, Alemanha, introduziu uma espécie de saltério mariano, com 50 Ave-Marias, mas cada uma era seguida de uma referência a uma passagem do Evangelho, como uma jaculatória. Assim, os salmos eram substituídos pelas Ave-Marias e as antífonas, pelas passagens evangélicas.
A iniciativa do monge teve plena aceitação e popularização. Os ditos saltérios marianos se multiplicaram. Chegou-se a ter em torno de 300 referências ao Evangelho. O dominicano Alano de la Roche (1428-1475) empenhou-se muito na promoção do saltério mariano, que começou a se chamar “Rosário da Bem-Aventurada Virgem Maria”. Outro dominicano, Alberto de Castello, em 1521, simplificou o Rosário, escolhendo 15 passagens evangélicas para meditação a cada dez Ave-Marias.
São Pio V, Papa de 1566 a 1572, época final e de implementação do Concílio de Trento, em que foram organizados os livros litúrgicos utilizados até o Concílio Vaticano II, estabeleceu a atual configuração do Rosário. Ele atribuiu à oração do Rosário a vitória naval de Lepanto, em 07 de outubro de 1571, que salvou o povo cristão da Europa de um grande perigo. Por causa disto, introduziu a festa de Nossa Senhora do Rosário.
Origem do nome “rosário”
Esta designação de “rosário” pode ter origem no costume de, em alguns lugares, o povo oferecer coroas (guirlandas) de rosas à sua rainha. Os cristãos transferiram isto a Maria, a rainha do céu e da terra: oferecer-lhe uma coroa de 150 rosas – Ave-Marias. Daí o rosário, mas dividido em três partes, resultando o terço. Cada dez Ave-Marias, um fato da vida de Jesus e de Maria: cinco fatos da infância: mistérios da alegria (gozosos); cinco fatos da dor, da paixão e morte (dolorosos); cinco da vitória de Cristo e da participação de Maria nela (gloriosos).
Como ficava fora a pregação de Jesus, João Paulo II, em 16 de outubro de 2002, acrescentou cinco mistérios da luz (luminosos). Assim, o rosário passa a ter 200 Ave-Marias (duzentas rosas) e cada série de cinco mistérios passa a ser um quarto. Mas, pela tradição, continuar-se-á a falar em rezar um terço ou um rosário.
Conforme outra fonte, viria de uma tradição popular, segundo a qual um monge rezava freqüentemente 50 Ave-Marias, as quais se deslocavam de seus lábios como rosas que iam pousar na cabeça da Virgem Maria.
As 15 promessas do Santo Rosário
Em suas parições a São Domingos de Gusmão e ao bem-aventurado Alan de La Roche, Nossa Senhora revelou 15 promessas para aqueles que rezarem fielmente o seu Santo Rosário todos os dias.
“A prática do Santo Rosário é verdadeiramente grande, sublime, divina. Foi o Céu que vo-la deu para converter os pecadores mais endurecidos e os hereges mais obstinados”.
São Luis Maria Grignion de Montfort
As promessas de Nossa Senhora
1ª – Todos os que rezarem o meu Rosário, com constância, receberão graças especiais.
2ª – Aos que rezarem devotamente o meu Rosário, prometo minha especial proteção e as grandes graças.
3ª – Os devotos do meu Rosário serão dotados de uma armadura poderosa contra o inferno, pois conseguirão destruir o vício, o pecado e as heresias.
4ª – Aos que rezarem devotamente o meu Rosário, prometo minha especial proteção e as grandes graças.
Jamais será condenado
5ª – Toda alma que recorre a mim, por meio da oração do Rosário, jamais será condenada;
6ª – Todo aquele que rezar devotamente o Rosário e aplicar-se na contemplação dos mistérios da redenção não será atingido por desgraças; não será objeto da justiça divina por meio de castigos e não morrerá impenitente. Se for justo, permanecerá como tal até a morte;
7ª – Os que realmente se devotarem à prática da oração do Rosário não morrerão sem receber os sacramentos;
8ª – Todos aqueles que rezarem com fidelidade o meu Rosário terão, durante a vida e no instante da morte, a plenitude das graças, e serão favorecidos com os méritos dos santos;
9ª – Os devotos do meu Santo Rosário, que forem para o Purgatório, eu os libertarei no mesmo dia.
Glória no Céu
10ª – Os devotos do meu Rosário terão grande glória no céu;
11ª – Tudo o que os meus fiéis devotos pedirem, por meio do meu Rosário, será concedido a eles;
12ª – Aos missionários do meu Santo Rosário, prometo o meu auxílio em todas as suas necessidades;
13ª – Para todos os devotos do meu Rosário, consegui de meu Filho a intercessão de toda a corte celeste na vida e na morte;
14ª – Todos os que rezam o meu Rosário são meus filhos e irmãos de Jesus, meu Unigênito;
15ª – A devoção ao meu Rosário é grande sinal de predestinação (predestinados à salvação).
Um marco importante na história do terço: a batalha de Lepanto
A batalha de Lepanto deu-se no dia 7 de outubro de 1571 e teve como finalidade conter o avanço turco na Europa. Os cristãos, incentivados pelo Papa Pio V, estavam sob o comando de Juan de Áustria. A esquadra cristã, composta de aproximadamente 200 embarcações, teve de enfrentar-se com uma frota adversária ligeiramente superior.
O papa esteve preparando esta batalha ao longo de vários anos, procurando formar uma união de católicos que se dispusessem a conter este avanço. No dia 14 de setembro de 1569 publicou um documento chamado Carta Breve Consueverunt, onde recomendava a oração do Rosário por parte dos católicos, vendo nela um presságio da vitória.
Dois anos depois se travou o combate que durou apenas um dia, com a vitória dos católicos. No final da luta, Nossa Senhora apareceu diante do papa Pio V, que estava em Roma, para lhe comunicar a boa notícia. Com grande alegria o papa instituiu neste dia, 7 de outubro, a festa de Nossa Senhora do Rosário, com a certeza de que foi através da oração do Rosário recitada por tantos fiéis ao longo de dois anos que propiciou a vitória nesta batalha tão decisiva para a cristandade. A partir desta data o rosário passará a ser conhecido como “arma poderosa”, a arma por excelência dos católicos para vencerem todos os inimigos.
Terço: é também remédio para a alma
Um tempo atrás chegou-me às mãos uma caixinha de remédio chamada Tercium, onde encontrei um terço e uma bula. A bula dizia assim:
Leia cuidadosamente esta bula antes de administrar o medicamento.
Contém informações importantes para o seu tratamento.
COMPOSIÇÃO
Cada mistério contém:
- Pai-nosso – 1
- Ave-Marias – 10
- Glória ao Pai – 1
INDICAÇÕES: Tercium está indicado para o tratamento da alma com efeito seguro e prolongado. Protetor revigorante, alimenta-a poderosamente protegendo-a contra todos os vírus e bactérias que possam prejudicá-la. Foi comprovada ainda a sua ação não só na própria pessoa que o utiliza como nos membros da família e, dependendo da dose, até na sociedade.
Fabricado especialmente para quem padece de doenças espirituais, tais como: fraqueza interior; tensão nervosa, ansiedade; tristeza ou depressão; estresse em geral; falta de fé; falta de amor no coração; falta de paz; falta de alegria; e também para quem necessita alcançar graças importantes e pretende fortalecer a família.
CONTRA INDICAÇÕES: Não foram encontradas.
POSOLOGIA: Doses recomendadas:
Crianças: de um a dois mistérios diários.
Adultos: cinco mistérios diários ou recitação do Santo Rosário completo.
Não precisa de receita médica. Permitido o autoconsumo e a overdose.
GRAVIDEZ E AMAMENTAÇÃO:
Seu uso prolongado causa alegria e estabilidade emocional na mãe e traz bênçãos para o futuro filho.
PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS:
Seu consumo deve ser feito com piedade e devoção. De preferência, contemplando os mistérios. Não se recomenda o consumo deste medicamento com a ingestão de álcool, pois pode ocasionar enjoos, náuseas, fortes dores de consciência. Evite distrações.
EFEITOS COLATERAIS E INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: não foram encontradas.
Os mistérios do Rosário
Um dos significados da palavra mistério é o de realidade de salvação, sinal de graça divina. Mistérios são as palavras, os gestos e sinais de Jesus; mistério é o Evangelho no seu conjunto; mistério, especialmente, é o próprio Cristo. Ele é o grande sinal revelador do Pai. “De tal modo amou Deus o mundo que lhe enviou seu próprio Filho, a fim de que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).
O Rosário se organizou tendo como referência os 150 salmos. A cada salmo, corresponde uma Ave-Maria, em série de dez. A cada dezena, intercalou-se um fato da vida de Jesus, um “mistério”. Assim, três séries de cinco mistérios (três terços) cobrem as 150 Ave-Marias, divididas em 15 dezenas. Mistérios da alegria, da dor e da glória, como se disse acima.
Visando dar destaque à pregação de Cristo, à sua vida pública entre o batismo e a paixão, o Papa criou uma nova série de mistérios, os da luz ou luminosos.
Cristo é a luz do mundo (Jo 8, 12). Tudo o que ele diz e faz irradia a luz salvadora. Mas o Papa quis indicar cinco momentos especialmente luminosos de seu ministério: seu batismo no Jordão, sua auto-revelação nas bodas de Caná, seu anúncio do Reino de Deus com o convite à conversão, sua Transfiguração e, enfim, a instituição da Eucaristia, expressão sacramental do mistério pascal.
Os mistérios do Rosário sugerem compromissos muito abrangentes. Os gozosos contemplam a vida escondida do Menino Jesus e propõem aceitar e promover a vida. Os da luz ressaltam o anúncio do Reino de Cristo e exortam a viver as bem-aventuranças. Os dolorosos apresentam Cristo crucificado e exigem que nos inclinemos como cireneus sobre o ser humano que sofre. Os gloriosos contemplam Cristo ressuscitado, o que significa compromisso na renovação de todas as coisas.
Mistérios Gozosos (segunda-feira e sábado)
1. A ANUNCIAÇÃO DO ARCANJO GABRIEL A NOSSA SENHORA – “O anjo Gabriel entrou no lugar onde Maria estava e disse: ‘Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo” (Lc 1,28).
2. A VISITA DE NOSSA SENHORA A SUA PRIMA SANTA ISABEL – “Maria foi à casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou: ‘bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre’” (Lc 1,41-42) .
3. O NASCIMENTO DE JESUS EM BELÉM – “Maria deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 7).
4. A APRESENTAÇÃO DO MENINO JESUS NO TEMPLO – “José e Maria levaram o Menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: `Todo primogênito masculino será consagrado ao Senhor’” (Lc 2, 22 – 28).
5. REENCONTRO DE JESUS NO TEMPLO ENTRE OS DOUTORES DA LEI – “Depois de três dias, José e Maria encontraram o Menino Jesus no templo. Ele estava sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. Todos os que o ouviam ficavam maravilhados de sua sabedoria e de suas respostas” (Lc 2, 46).
Mistérios Luminosos (quinta-feira)
1. O BATISMO DE JESUS NO JORDÃO – Aqui, enquanto Cristo desce à água do rio, como inocente que “Se faz pecado por nós” (cf. 2 Cor 5, 21), “o céu abre-se e a voz do Pai proclama-O Filho dileto” (cf. Mt 3, 17 par), “ao mesmo tempo em que o Espírito vem sobre Ele para investi-lO na missão que O espera”.
2. A AUTO-REVELAÇÃO DE JESUS NAS BODAS DE CANÁ – A Sua auto-revelação nas Bodas é o início dos sinais em Caná (cf. Jo 2, 1-12), quando Cristo, transformando a água em vinho, abre à fé o coração dos discípulos graças à intervenção de Maria, a primeira entre os crentes.
3. O ANÚNCIO DO REINO DE DEUS POR JESUS COM O CONVITE À CONVERSÃO – O Seu anúncio do Reino de Deus é a pregação com a qual Jesus anuncia o advento do Reino de Deus e convida à conversão (cf. Mc 1, 15), perdoando os pecados de quem a Ele se dirige com humilde confiança (cf.Mc 2, 3-13; Lc 7, 47-48), início do ministério de misericórdia que Ele prosseguirá exercendo até ao fim do mundo, especialmente através do sacramento da Reconciliação confiado à sua Igreja (cf. Jo 20, 22-23).
4. A TRANSFIGURAÇÃO DE JESUS – A Transfiguração é mistério de luz por excelência, que, segundo a tradição, se deu no Monte Tabor. A glória da Divindade reluz no rosto de Cristo, enquanto o Pai O acredita aos Apóstolos extasiados para que O “escutem” (cf. Lc 9, 35 par) e se disponham a viver com Ele o momento doloroso da Paixão, a fim de chegarem com Ele à glória da Ressurreição e a uma vida transfigurada pelo Espírito Santo.
5. A INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA, EXPRESSÃO SACRAMENTAL DO MISTÉRIO PASCAL – A instituição da Eucaristia, na qual Cristo Se faz alimento com o seu Corpo e o seu Sangue sob os sinais do pão e do vinho, testemunhando “até ao extremo” o seu amor pela humanidade (Jo 13, 1), por cuja salvação Se oferecerá em sacrifício.
Mistérios Dolorosos (terça e sexta-feira)
1. A AGONIA DE JESUS NO HORTO DAS OLIVEIRAS – “No monte das Oliveiras, Jesus, de joelhos, começou a orar. ‘Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua’. … Entrando em agonia, Jesus orava com mais insistência. Seu suor tornou-se como gotas de sangue que caíam no chão” (Lc 22, 39-45).
2. A FLAGELAÇÃO DE JESUS – “Pilatos perguntou: ‘que quereis que eu faça com o Rei dos judeus?’ Eles gritaram: ‘crucifica-o’. Pilatos querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou açoitar Jesus e entregou-o para ser crucificado” (Jo 19, 17).
3. A COROAÇÃO DE ESPINHOS – “Os soldados do governador tiraram a roupa de Jesus e o vestiram com um manto vermelho; depois trançaram uma coroa de espinhos e puseram-na em sua cabeça, e uma vara em sua mão direita” (Mt 27, 27-29).
4. A SUBIDA DOLOROSA DO CALVÁRIO – “Pilatos entregou Jesus para ser crucificado. E eles o levaram. Jesus, carregando ele mesmo a cruz, saiu para o lugar chamado Caveira (em hebraico: Gólgota)” (Jo 19, 16-17).
5. A CRUCIFIXÃO E MORTE DE JESUS – “Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram e os malfeitores. … mais ou menos ao meio-dia… Jesus deu um forte grito: ‘Pai , em tuas mãos entrego o meu espírito’. Dizendo isto, expirou” (Lc 23, 33-46).
Mistérios Gloriosos (quarta-feira e domingo)
1. A RESSURREIÇÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO – “O anjo falou às mulheres: ‘Vós não precisais ter medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito! Vinde ver o lugar em que ele estava” (Mt 28, 5-7).
2. A ASCENSÃO ADMIRÁVEL DE JESUS CRISTO AO CÉU – “Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu e sentou-se à direita de Deus” (Mc 16, 19).
3. A VINDA DO ESPIRITO SANTO – Quando chegou o dia de Pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. … Todos ficaram repletos de Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia expressar-se” (At 2, 1-4).
4. A ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA AO CÉU – “Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas” (Ap 12, 1).
5. A COROAÇÃO DE NOSSA SENHORA NO CÉU – “Tu és a glória de Jerusalém, a alegria de Israel, a honra de nosso povo. O Senhor te fortaleceu e por isso serás eternamente bendita” (Jdt 15, 10-11).
Importância e valor do Rosário
No dia 16 de outubro de 2001, ao iniciar seu vigésimo quinto ano de pontificado, João Paulo II promulgou a carta apostólica Rosarium Virginis Mariae (RVM, sobre o Rosário). Por este documento, o Papa quis fazer um relançamento desta devoção querida da piedade popular e proclamou o ano do Rosário de outubro de 2002 a outubro de 2003, desejando que fosse acolhido com generosidade e solicitude.
Algumas circunstâncias históricas levaram João Paulo II a fazer este relançamento do Rosário: a crise do mundo atual com efeitos devastadores na família e nas relações entre os povos.
O Rosário, formado no segundo milênio por inspiração do Espírito Santo, é oração de grande significado e destinado a produzir frutos de santidade. É oração cristológica, uma espécie de compêndio do Evangelho, que concentra a profundidade de toda a mensagem de Cristo. Nele ecoa a oração de Maria. Com ele, o povo cristão frequenta a escola de Maria para introduzir-se na contemplação do rosto de Cristo e na experiência do seu amor infinito.
Uma oração cristológica
Mesmo que seja devoção mariana, o Rosário é oração cristológica, ou seja, tem Cristo como centro. Torna-se verdadeiro caminho espiritual, no qual Maria se torna mãe, irmã, mestra, guia para o Deus trinitário, socorrendo-nos com sua intercessão sempre eficaz.
O Rosário é oração contemplativa, bem de acordo com a figura de Maria que guardava e meditava no seu coração os mistérios de Cristo. Ele ajuda a Igreja a viver uma de suas características que é a da escuta de seu Mestre e Senhor. Pela contemplação a que ele conduz, favorece a assimilação do jeito de ser de Cristo, dos sentimentos e ensinamentos.
O Rosário nos faz aprender Cristo de Maria; por ele, recordamos Cristo com Maria, nos conformamos a Cristo com Maria, pedimos a Cristo com Maria e anunciamos Cristo com Maria. Oferece o segredo para o cristão conhecer Cristo de forma profunda e envolvente. Por outro lado, o conhecimento de Cristo leva ao conhecimento do mistério do ser humano. Percorrendo os mistérios de Jesus, o discípulo de Cristo encontra a verdade profunda da existência humana.
“Contemplando o seu nascimento aprende a sacralidade da vida, olhando para a casa de Nazaré aprende a verdade originária da família segundo o desígnio de Deus, escutando o Mestre nos mistérios da vida pública recebe a luz para entrar no Reino de Deus, e seguindo-O no caminho para o Calvário aprende o sentido da dor salvífica. Contemplando, enfim, a Cristo e sua Mãe na glória, vê a meta para a qual cada um de nós é chamado, se se deixa curar e transfigurar pelo Espírito Santo. Pode-se dizer, portanto, que cada mistério do Rosário, bem meditado, ilumina o mistério do homem” (Cfr Ângelo Amato, SDB, L’Osservatore Romano, 15/02/2003, p. 04).
Por tudo o que significa, o Rosário é precioso exercício da piedade cristã e recurso a ser utilizado com zelo especial por todo o evangelizador.
O simbolismo do terço
Em 1992, Dom Valfredo Tepe, Bispo de Ilhéus (falecido no dia 14/02/2003, aos 84 anos), orientou o dia de retiro aos Bispos em sua Assembleia anual. Ofereceu a todos uma reflexão sobre o terço, com a sugestão de uma outra série de mistérios: os jubilosos – batismo de Jesus, bodas de Caná, evangelização de Jesus, sinais libertadores de Jesus e opção preferencial de Jesus pelos marginalizados.
Segundo Dom Tepe, o próprio terço é um símbolo. Ele forma um círculo. Sua saída coincide com a chegada. Lembra o que Jesus falou: saí do Pai e volto ao Pai (Jo 16, 28). Nós também viemos do Pai e devemos voltar a Ele. A forma de fazê-lo é seguir Cristo, que se declarou nosso caminho (Jo 14, 8) e convida a cada um a segui-lo (Mt 19,21).
Pelo terço, meditamos na volta que Jesus deu por este mundo. Com Ele, vamos desfiando as contas da própria vida – os fatos, os acontecimentos da vida, unidos pelo fio da fé. Sem a fé, os dias de nossa vida viram um amontoado de contas perdidas no chão, como acontece com as contas do terço quando se quebra o fio que as mantém unidas.
O centro do terço é Cristo crucificado. Tendo-o nas mãos, recorda que nossa vida e nossa oração devem ter seu centro em Cristo. Como rezamos na grande elevação da Missa, por Cristo, com Cristo e em Cristo, pelo Espírito Santo, procuramos fazer a vontade do Pai e o bendizemos.
Um grande devoto e incentivador do Rosário, o Beato Bartolo Longo, via no terço também uma suave “cadeia” a nos unir a Deus e a nos enlaçar com os irmãos, em união com Nossa Mãe, Maria Santíssima Cfr RVM, 36).
A oração do Rosário pela paz e pela família
Dois aspectos do mundo de hoje deram motivação especial ao Papa para relançar o Rosário e indicar-lhe duas intenções prioritárias: a crise no mundo com sempre novas situações de sangue e violência e a crise da família, continuamente ameaçada por forças destruidoras que fazem temer pelo seu futuro. Por isso, propõe a oração do Rosário pela paz e pela família, na tradição de confiar à sua eficácia as causas mais difíceis.
Porque o Rosário faz contemplar Cristo, Príncipe da paz e “nossa paz” (Ef 2,14), o Rosário é uma oração orientada para a paz. É oração de paz também pelos frutos de caridade que produz, pois a paz é fruto da justiça e do amor, como dizia Pio XII; ou, como lembrava o Beato João XXIII na Pacem In Terris (166), ela é fruto da ordem fundada na verdade, construída segundo a justiça, alimentada e consumada na caridade, realizada sob os auspícios da liberdade. Como tal, só se pode alcançá-la com uma intervenção do alto (RVM, 40) e com uma nova orientação da mente e do coração das pessoas.
Rezado com fervor, o rosário leva a encontrar Cristo contemplado nos mistérios e impulsiona a encontrá-lo nos irmãos. Contemplando-o criança nascida em Belém, sem lugar na hospedaria e perseguido por Herodes, como não pensar nas crianças que sofrem em todo o mundo? Contemplando-o na revelação do amor do Pai, como não empenhar-se em irradiar as bem-aventuranças no dia-a-dia? Contemplando-o nos mistérios da dor, como não viver a solidariedade com os sofredores? Mais ainda, fazendo-nos fixar o olhar em Cristo, o Rosário propõe agir como Ele, tornando-nos construtores de paz.
A família, que reza unida o Rosário, reproduz em certa medida o clima da casa de Nazaré: põe-se Jesus no centro, partilham-se com Ele alegrias e sofrimentos, colocam-se nas suas mãos necessidades e projetos, e d’Ele se recebe a esperança e a força para o caminho” (RMV, 41). Rezando o Rosário pelos filhos e com eles, os pais estarão apresentando as etapas de crescimento de Jesus, desde a encarnação até a ressurreição como seu ideal de vida. Ao mesmo tempo, estarão realizando a catequese da oração.
Por tudo isto, o Rosário permanece um tesouro a ser descoberto e vivido.
Pe. Antonio Vanlentini Neto
As promessas do rosário, foram reiteradas por Nossa Senhora nas aparições de Fátima, que neste ano está completando cem anos. Veja, por exemplo, o que a Virgem Santíssima disse à irmã Lúcia na primeira aparição:
– Não tenhais medo, não farei nenhum dano!
– De onde vem Vossa Mercê?
– Venho do Céu.
– E, o que queres de mim?
– Venho pedir-te que durante 6 meses seguidos venhas aqui no dia 13 a esta mesma hora. Então te direi quem sou e o que quero. E, depois, voltarei aqui uma sétima vez.
– E irei eu também ao Céu?
– Sim, irás.
– E Jacinta?
– Também
– E Francisco?
– Também! Mas terá que rezar muitos terços!… Desejais oferecer-vos a Deus para suportar todo o sofrimento que Ele deseja enviar-vos, como ato de reparação pelos pecados pelos quais Ele é ofendido e para pedir pela conversão dos pecadores?
– Sim, queremos.
– Então tereis que sofrer muito. Mas a graça de Deus vos confortará. (Luz intensíssima que penetrou no mais profundo do coração e da alma)
Nisto, se ajoelharam e fizeram um ato de adoração a Deus. A Virgem, em seguida disse:
– Rezai o Rosário todos os dias para obter a paz do mundo e para terminar a guerra.
Nossa Senhora, nestas palavras, mostra a força do terço para alcançar a salvação e como instrumento da paz do mundo.
O terço nas palavras dos papas e dos santos
Sendo o terço esta devoção tão especial, compreende-se que os papas e os santos tenham escrito palavras maravilhosas sobre ele. Vejam apenas algumas delas:
Se quiserdes que a paz reine em vossas famílias e em vossa pátria, rezai todos os dias o Santo Rosário em família (Pio X).
A família que reza unida, permanece unida. O Santo Rosário, por antiga tradição, presta-se de modo particular a ser uma oração onde a família se encontra. Os seus diversos membros, precisamente ao fixarem o olhar em Jesus, recuperam também a capacidade de se olharem sempre de novo olhos nos olhos para comunicarem, solidarizarem-se, perdoarem-se mutuamente, recomeçarem com um pacto de amor renovado pelo Espírito de Deus. Muitos problemas das famílias contemporâneas, sobretudo nas sociedades economicamente evoluídas, derivam do facto de ser cada vez mais difícil comunicar. Não conseguem estar juntos, e os raros momentos para isso acabam infelizmente absorvidos pelas imagens duma televisão. Retomar a recitação do Rosário em família significa inserir na vida diária imagens bem diferentes – as do mistério que salva: a imagem do Redentor, a imagem de sua Mãe Santíssima. A família que reza unida o Rosário, reproduz em certa medida o clima da casa de Nazaré: põe-se Jesus no centro, partilham-se com Ele alegrias e sofrimentos, colocam-se nas suas mãos necessidades e projetos, e d’Ele se recebe a esperança e a força para o caminho (João Paulo II, Rosarium Virginis Mariae, n. 41).
O terço é a melhor maneira de rezar (Santa Teresa).
Entre todas as homenagens que se devem a Mãe de Deus, não conheço nenhuma mais agradável que o terço; a esta devoção devo minha salvação eterna (Santo Afonso).
Depois da missa, a devoção do terço faz cair sobre as almas mais graças que qualquer outra; e, pelas Ave-Marias, opera-se muitos mais milagres que qualquer outra oração (São Vicente de Paulo).
O valor desta devoção é tão grande que a Igreja confere indulgência plenária a quem “rezar o terço numa igreja ou em família”. (Enchiridion de indulgências).
Impressionante milagre do terço
Como disse a própria Virgem Santíssima ao Beato Alano de Rupe, seriam necessários volumes imensos para registrar todos os milagres obtidos por meio do terço. Gostaria de citar apenas um para maravilhar-nos do seu poder.
Já faz bastante tempo, na cidade de Cartago, Costa Rica, houve um terremoto tão violento que a destruiu quase completamente. A Revista “América”, narrando os pormenores da pavorosa catástrofe, chamou a atenção dos leitores para o seguinte fato: Sr. Ezequiel Gutierrez, ex-presidente daquele país, no momento do cataclismo achava-se em casa rezando o terço acompanhado de toda a sua família. Algumas pessoas quiseram interromper a oração e fugir para a rua, mas o ex-presidente obrigou-as a ficarem até o fim. Quando terminaram, saíram à rua e ficaram assombrados ao verem que todas as casas se tinham convertido em ruínas. Em toda a redondeza nenhum edifício ficou intacto, a desolação era completa; somente a casa do ex-presidente não sofrera nenhum dano, nem sequer um abalo.
Além do seu poder inigualável o terço pode ser visto como um Evangelho para os doutos e para os simples
É o que nos revela esta estória que pode ser perfeitamente verídica:
Havia uma senhora muito simples que vendia verdura na vizinhança. Certo dia foi vender suas verduras na casa de um protestante e perdeu o terço no jardim da sua casa. Passados alguns dias, voltou novamente à sua casa.
O protestante ao vê-la disse:
Você perdeu o seu deus?
Ela respondeu:
Eu perder o meu Deus? Nunca!
Então ele pegou o terço e disse:
Não é este o seu deus?
Ela disse:
Graças a Deus o senhor encontrou o meu terço, muito obrigada.
Ele disse:
Por que você não troca este cordão com estas sementinhas pela Bíblia?
Porque a Bíblia eu não sei ler, e com o terço eu medito toda a Palavra de Deus e a guardo no coração.
Medita a palavra de Deus? Como assim? Poderia me dizer?
Posso sim, respondeu ela. Quando eu pego a cruz, lembro-me que o filho de Deus derramou todo o seu sangue pregado numa cruz para salvar a humanidade. Esta primeira conta grossa me faz lembrar a oração que o Senhor nos ensinou, que é o Pai-Nosso. O terço tem 5 mistérios que fazem lembrar as cinco chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo cravado na cruz, e cada mistério tem 10 Ave-Marias, que me fazem lembrar os 10 Mandamentos que o Senhor mesmo escreveu na tábua de Moisés O Rosário de Nossa Senhora tem 15 mistérios, que são: os 5 gozosos, 5 dolorosos e 5 gloriosos. De manhã quando me levanto para iniciar a minha luta do dia eu rezo os gozosos lembrando-me do humilde lar de Nazaré. No meio do dia, no meu cansaço e na fadiga do trabalho eu rezo os mistérios dolorosos, que me fazem lembrar a dura caminhada de Jesus Cristo para o Calvário. Quando chega o fim do dia com as lutas vencidas eu rezo os mistérios gloriosos, que me fazem lembrar que Jesus venceu a morte para nos dar a salvação a toda a humanidade. E agora me diga onde está a idolatria?
Depois de ouvir tudo isso, disse:
Eu não sabia disso. Ensina-me a rezar o terço.
Conclusão
Que incorporemos o terço no nosso dia a dia, que o rezemos como for, pois como dizia o papa João XXIII, “o pior terço é aquele que não se reza”. Que também sejamos pregoeiros deste pedido do papa São João Paulo II: “que as famílias voltem a rezar o terço em família como antigamente”.
Rezando com amor esta devoção, quando chegarmos ao Céu, com a graça de Deus, Nossa Senhora nos mostrará os benefícios alcançados através do terço: os milagres, as conversões, os bens físicos e espirituais concedidos, a salvação de tantas e tantas almas.
Com informações de Comunidade Shalom e Opus Dei