Como é que é possível que nossa tão querida Mãezinha do Céu, apareça em 1982, com sinais tão fortes quanto as de Fátima, e tantos de nós simplesmente nunca tínhamos ouvido falar!? Como a primeira aparição da Virgem Maria no continente africano, já reconhecida oficialmente pela igreja católica, é tão desconhecida?
Em 1978, com quase cinco milhões de habitantes, Ruanda era a nação mais densamente povoada da África. Sua população era dividida em três grupos étnicos: os hutus (representava 85% da população); os tutsis e os twas.
Os descendentes dos hutus sempre cultivaram ódio aos descendentes dos tutsis, o que sempre ocasionava um conflito entre eles.
Em Kigali, a capital de Ruanda, o catolicismo era praticado por 30% da população. A sessenta quilômetros de dali, está Kibeho, um povoado pertencente à arquidiocese de Butare, segunda maior cidade de Ruanda.
Em Kibeho, além da igreja católica, existia também a escola das irmãs da caridade ruandesas BenebeKira.
Foi neste cenário que Nossa Senhora veio a intervir, prevendo com antecedência de mais de 10 anos, um terrível episódio que devastaria aquela região.
Vamos conhecer essa aparição de Maria, tão simplesmente vestida de branco, com seu manto azul com as mãos em prece e um terço. Maria apareceu em Kibeho, Ruanda, centro da África, primeiro à jovem estudante Afonsina Mumureke, em final de 1981 e depois para Natália Mukamazimpaka e Maria Clara Mukangango, a pedido de Afonsina em 1982, quando então a comunidade passou a levar a sério as aparições.
Aos que preferirem podem assistir o documentário completo com cenas reais das aparições:
A Aparição de Nossa Senhora à Alphonsine Munmureke
No dia 28 de novembro de 1981, Alphonsine Munmureke, de 17 anos de idade, estava com suas amigas na escola. Neste dia ela era a responsável pelas orações e se sentia muito feliz e ansiosa.
Alphonsine sempre ouvia uma voz suave que a chamava:
– ” Minha filha, Minha filha…”
Após hesitar, resolveu atender o chamado e dirigiu-se a um corredor próximo. Repentinamente, ajoelhou-se, fez o sinal da cruz e respondeu:
– “Estou aqui”.
Nesse instante, surgiu em sua frente a “Senhora de luz” e ela perguntou:
– “Quem é a Senhora?”
– “Je suis la Mère du Verbe.” (“Eu sou a Mãe do Verbo”) respondeu a “Senhora de luz” perguntando em seguida:
– “O que você busca na religião?”
Alphonsine respondeu:
– “Amo a Deus e a Mãe dele , que nos deu um filho que nos salva!”
E então, a Senhora disse:
– “É por isso que venho tranquilizá-la, pois ouvi suas preces. Eu gostaria que suas amigas tivessem mais fé, pois elas não creem o suficiente”.
– “Mãe do Salvador!”, disse a menina, identificando com quem falava.
– “Se verdadeiramente é a Senhora, a Senhora que vem dizer que em nossa escola temos pouca fé, é porque nos ama! Estou realmente cheia de alegria porque a Senhora veio a mim.”
E então, sorrindo, Nossa Senhora lentamente elevou-se e desapareceu.
Empolgada e surpresa pelo ocorrido, Alphonsine contou para suas colegas o que havia acontecido que, além de não acreditarem, disseram que ela estava querendo “aparecer”. Então foi ridicularizada e humilhada.
Mas, algumas de suas colegas viram o estado de êxtase que a aparição causava em Alphonsine e passaram a se ajoelhar e rezar com ela, embora não vissem a aparição.
As aparições continuaram e Alphonsine pediu à Nossa Senhora que aparecesse também para outras pessoas, para que pudessem acreditar nela.
A Aparição de Nossa Senhora à Anathalie Mukamazinpaka
Foi quando em 12 de Janeiro de 1982, Anathalie Mukamazinpaka, que rezava junto à Alphonsine, teve a mesma visão e imediatamente também entrou em êxtase.
As aparições à Alphonsine e à Anathalie aumentou o entusiasmo no povoado de Kibeho e fez com que uma auxiliar do bispo de Butare se opusesse persistentemente e começasse a persegui-las.
A Aparição de Nossa Senhora à Marie-Claire Mukagango
No dia 2 de março de 1.982, Marie-Claire Mukagango, a auxiliar e confidente de Dom Gahamany, bispo da arquidiocese de Butare, que não acreditava nas aparições também passou a ver Nossa Senhora.
Os Videntes de Nossa Senhora de Kibeho
Os principais videntes de Nossa Senhora foram oito: Alphonsine, Anathalie, Vestine, Stephanie, duas Agnes e os meninos Emanuel Segatshaya e Valentine.
O Estado de êxtase e os Testes Submetidos nos Videntes de Nossa Senhora de Kibeho
Para testar a veracidade da aparição de Nossa Senhora, quando as crianças entravam em estado de êxtase, eram submetidas a vários testes: fósforos e velas eram colocados em suas mãos e lanternas eram focadas diretamente nos olhos.
Mesmo com todas essas práticas, os videntes continuavam imóveis, sem nenhuma reação física.
A Visão dos Videntes de Nossa Senhora de Kibeho
Ao serem questionados sobre o que viam durante os êxtases nas aparições, todos os videntes descreveram, com poucas diferenças, a mesma situação: uma imensa área de campinas verdejantes, cobertas por orvalho cintilante, um céu com suaves luzes coloridas, lindas flores cobrindo tudo e Nossa Senhora pairando no ar.
As aparições em Kibeho começaram a se espalhar por todo o país e as multidões de devotos, romeiros e curiosos iam aumentando.
Fatos Relevantes sobre as Aparições de Nossa Senhora de Kibeho
Padres, irmãs religiosas, autoridades civis e milhares de romeiros testemunharam milagres solares: o sol deslocava-se para os lados, para cima e para baixo, listras vermelhas e brancas surgiam em sua superfície, ficava azulado e era possível fixar os olhos por longo período, a olho nu, sem prejudicar a visão.
Era como se o céu ficasse colorido e a noite as estrelas se moviam rapidamente e depois sumiam.
Os Alertas de Nossa Senhora de Kibeho
“…O fim dos tempos profetizado na Bíblia deixa-as (as pessoas) diferentes e elas não se preparam, nem veem necessidade de almejar a perfeição. Tudo o que lhes digo, parece-lhes sem importância.”
Após oito horas em estado de êxtase, no dia 15 de agosto de 1982, os videntes voltaram normal e, chocados com as fortes cenas que haviam visto, começaram a chorar. Era um prenúncio do que aconteceria em Ruanda alguns anos mais tarde.
Todos que acompanhavam os videntes também ficaram impressionados e preocupados. Essas visões apocalípticas foram mostradas durante os êxtases aos videntes por diversas vezes.
O Milagre de Nossa Senhora de Kibeho
A região de Kibeho tinha um solo quase deserto: rochoso, pedregoso e quase não possuía vegetação. Era muito quente, seca e quase não chovia.
Em uma das aparições à Anathalie, em agosto de 1982, Nossa Senhora perguntou:
– “Porque não me pediram chuva?”
E então, Anathalie disse:
– “A senhora disse que daria conforme sua vontade e quando quisesse.”
E, Nossa Senhora, concluiu:
– “E agora vou lhes dar uma chuva de consagração!”
Depois de algum tempo, começou a chover em abundância e, as milhares de pessoas que estavam acompanhando ali presentes, se ajoelharam para agradecer e louvar a Deus por imensa graça.
Como no período de agosto dificilmente chovia nesta região, a água da chuva foi armazenada e utilizada em muitas curas.
A Aprovação da Aparição de Nossa Senhora de Kibeho
O bispo Gahamanyi, da arquidiocese de Butare, após instituir comissões – compostas por médicos, psiquiatras e teólogos – que examinaram profundamente e, em detalhes, todas as ocorrências, entrevistando e testando, sob todos os aspectos os videntes, foi o responsável pela aprovação da aparição de Nossa Senhora.
A Recomendação de Nossa Senhora de Kibeho e os Castigos
No final das aparições, Nossa Senhora recomendou aos videntes que saíssem de Ruanda. Após 4 anos de suas aparições, a guerra civil iniciou em Ruanda.
Em 2 de abril de 1.982, em uma das aparições, Nossa Senhora disse à Marie Claire:
“Quando eu digo essas coisas, eu não digo apenas a você, mas falo também a todos os outros. Os homens dessa época esvaziaram cada coisa de seu sentido verdadeiro: pecam, porém não mais reconhecem que agem injustamente.”
O que Aconteceu com os Videntes de Nossa Senhora de Kibeho
No dia 15 de maio de 1.982, em uma das aparições às meninas, Nossa Senhora mostrou as cenas horríveis que remetiam aos eventos futuros e disse:
“Aqueles que me procuram, encontrar-me-ão…! Eu venho não somente para Kibeho, não apenas para o diocese de Butare, não somente para Ruanda… mas para o mundo inteiro.”
Anathalie, Agnes e Alphonsine sobreviveram aos horrores pelos quais Ruanda passou.
Confusão: artifício do demônio
Quem pela primeira vez toma conhecimento das aparições de Kibeho nota que em torno delas se apresenta uma característica comum: a confusão. Em Kibeho, após ter aparecido a Alphonsine, Nossa Senhora ainda manifestou-se a outras duas moças, Nathalie Mukamazimpaka (entre janeiro de 1982 e 3 de dezembro de 1983) e Maria Clara Mukangango (que viu Nossa Senhora várias vezes entre 2 de março e 15 de setembro de 1982). A própria Alphonsine teve várias aparições até 1989. Estas, e as aparições às outras duas videntes, foram confirmadas pela autoridade eclesiástica.
É freqüente porém que, havendo verdadeiras aparições em determinado lugar, o demônio procure multiplicar o número de “videntes” e de falsas aparições para desacreditar as verdadeiras. Assim, surgiram pouco depois outras pessoas dizendo ter sido favorecidas por aparições sobrenaturais, começando então a circular todo tipo de supostas mensagens “celestes”. Houve até pessoas que, seguindo falsos visionários, chegaram ao suicídio coletivo…
As primeiras aparições — as verdadeiras — ocorreram na escola onde as jovens estudavam, despertando reações diversas, favoráveis e contrárias. No início, numerosas pessoas zombavam de Alphonsine. Uma das mais desconfiadas era Maria Clara, que depois, ela própria, foi favorecida por numerosas aparições. Com o passar do tempo, e tendo ocorrido várias conversões, foi aumentando a aceitação do fato sobrenatural.
Noção do pecado coletivo
Em tão numerosas aparições, o que Nossa Senhora comunicou?
Essencialmente Ela pediu orações, a renúncia ao pecado, o arrependimento e confissão destes. E, ponto importante a ser notado, mostrou as conseqüências do pecado.
Hoje em dia, a maioria das pessoas considera que ser católico consiste em assistir à missa aos domingos e, quando muito, praticar em particular ou em pequenos grupos alguma ação religiosa ou social.
A idéia de que Deus deve ser reconhecido e cultuado pelos homens não só individualmente, mas pelo conjunto da sociedade enquanto tal, e de forma pública, está infelizmente desaparecendo. E a par disso vai se extinguindo em nossos contemporâneos a noção da gravidade do pecado coletivo. É por isso que numerosos católicos manifestam-se indiferentes quanto ao combate aos pecados coletivos, como a adoção legal do aborto, do homossexualismo, do laicismo, do ateísmo etc. Pensam eles que, não cometendo tais pecados particularmente, não têm outras obrigações, e com isso estariam isentos de qualquer castigo divino.
Entretanto, Nossa Senhora nessas aparições revelou as graves conseqüências dos numerosos pecados coletivos que se cometiam em Ruanda. Por exemplo, pouco antes das aparições, houve no país uma onda de destruições de imagens religiosas. Não consta que tenham sido praticados atos públicos em reparação por tais pecados.
Por isso, têm especial importância as aparições ocorridas no dia 19 de agosto de 1982, em que as videntes viram Nossa Senhora chorando. Elas também acompanharam o pranto da Mãe de Deus. Mais de uma vez, alguma delas chegou a desmaiar. No total, foram oito horas seguidas de visões.
Visão terrificante
Segundo as jovens, Nossa Senhora apareceu triste, contrariada, verdadeiramente “encolerizada”.
Alphonsine Mumureke contou que a Santíssima Virgem chorava. E as três jovens foram vistas tremendo, batendo os dentes e caindo por terra como mortas. Disseram elas ter visto “um rio de sangue, pessoas que se matavam umas às outras, cadáveres abandonados sem alguém que os enterrasse, uma árvore toda em fogo, um abismo escancarado, um monstro, cabeças decapitadas”. E contaram ter ouvido dos lábios da belíssima Senhora, envolta num traje esplendoroso, frases do tipo: “Os pecados são mais numerosos que as gotas do mar. O mundo corre em direção à ruína. O mundo está cada vez pior”(2).
Nesse dia, milhares de pessoas estiveram presentes no local das aparições. Todas saíram sob uma forte impressão de medo e tristeza.
Confirmação das visões
A última aparição de Kibeho, em 28 de novembro de 1989, ocorreu exatamente oito anos após a primeira. O bispo local nomeou uma comissão médica e outra teológica para investigar os fatos. Um santuário foi construído no local das aparições, tornando-se ponto de peregrinações.
Mas não se operou a conversão dos pecadores como Nossa Senhora pedira e, menos de cinco anos após a última aparição, caiu o tremendo castigo sobre aquela infeliz nação africana.
Entre abril e junho de 1994, ocorreu uma onda de massacres cuidadosamente planejada. Em Ruanda, onde quase metade da população se declarava católica, foi sendo cultivado, sob diversos pretextos, o ódio entre as duas raças principais que compõem o país: a dos hutus e a dos tutsis.
Invocando a morte do presidente do país em um atentado, 30.000 facínoras, aglutinados em torno de um partido, lançaram-se numa cruel caçada aos adversários. Aldeias inteiras foram massacradas, sendo a maioria das vítimas mortas a machadadas. Tantos corpos foram lançados no rio Kagera, que este ficou conhecido como Rio do sangue.
Pior. Numa terra já devastada por numerosas matanças, as igrejas haviam sido refúgios respeitados, onde as pessoas podiam se proteger para escapar às carnificinas. Mas desta vez isto não aconteceu. O próprio santuário edificado em Kibeho, repleto de refugiados — aproximadamente 4.000 pessoas — foi cercado pelos milicianos hutus. Estes lançaram granadas dentro do templo, mataram os sobreviventes a machadadas e queimaram os restos do edifício sagrado.
Uma das videntes, Maria Clara Mukangango, foi morta com o marido no povoado de Byumba.
No decorrer de três meses, milhares de pessoas foram massacradas. Até hoje o número exato é controvertido. Alguns falam em 250.000, outros chegam a calcular um milhão. A cifra mais provável gira em torno de 800.000 mortos. Verdadeiro massacre, classificado como “o maior genocídio africano dos tempos modernos”(3).
Advertência para todo o mundo
Numa das aparições, Nossa Senhora comunicou a uma das videntes, Maria Clara: “Quando falo contigo, não estou me dirigindo só a ti. Mas estou fazendo um apelo a todo o mundo”. A vidente narrou que a Virgem descrevia o mundo como estando “em revolta” contra Deus.
Dificilmente alguém pode negar tal afirmação. Os pecados dos quais Nossa Senhora se queixou em Ruanda são cometidos — e quantos até mais graves — em todo o mundo. Basta pensar na proliferação das legislações abortistas, e as do chamado “casamento” homossexual.
Se em Ruanda os pecados descritos por Nossa Senhora foram punidos com tanta severidade, os pecados coletivos que se cometem em nosso País não devem também atrair, no rigor da lógica, tremendos castigos divinos?
Seriam então tais considerações motivo para desânimo? Pelo contrário! Devem ser elas motivo para animar-nos a atuar com mais empenho em prol da restauração de uma sociedade plenamente católica. Se o castigo divino nos surpreender em meio a essa benemérita atuação, a misericórdia de Deus tomará isso em consideração, em nosso favor.