SANTO DO DIA – 30 DE NOVEMBRO – SANTO ANDRÉ
Apóstolo (século I)
Entre os Doze apóstolos de Cristo, André foi o primeiro a ser seu discípulo. Além de ser apontado por eles próprios como o ‘número dois’, depois, somente, de Pedro. Na lista dos apóstolos, pela ordem está entre os quatro primeiros. Morava em Cafarnaum, era discípulo de João Batista, filho de Jonas de Betsaida, irmão de Simão-Pedro e ambos eram pescadores no mar da Galiléia.
Foi levado por João Batista à verde planície de Jericó, juntamente com João Evangelista, para conhecer Jesus. Ele passava. E o visionário profeta indicou-o e disse a célebre frase: ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo’. André, então, começou a segui-lo.
A seguir, André levou o irmão Simão-Pedro a conhecer Jesus, afirmando: ‘Encontramos o Messias’. Assim, tornou-se, também, o primeiro dos apóstolos a recrutar novos discípulos para o Senhor. Aparece no episódio da multiplicação dos pães: depois da resposta de Filipe, André indica a Jesus um jovem que possuía os únicos alimentos ali presentes: cinco pães e dois peixes.
Pouco antes da morte do Redentor, aparece o discípulo André ao lado de Filipe, como um de grande autoridade. Pois é a ele que Filipe se dirige quando certos gregos pedem para ver o Senhor, e ambos contaram a Jesus.
André participou da vida publica de Jesus, estava presente na última ceia, viu o Cristo Ressuscitado, testemunhou a Ascenção e recebeu o primeiro Pentecostes. Ajudou a sedimentar a Igreja de Cristo a partir da Palestina, mas as localidades e regiões por onde pregou não sabemos com exatidão.
Alguns historiadores citam que depois de Jerusalém foi evangelizar na Galiléia, Cítia, Etiópia, Trácia e, finalmente, na Grécia. Nessa última, formou um grande rebanho e pôde fundar a comunidade cristã de Patras, na Acaia, um dos modelos de Igreja nos primeiros tempos. Mas foi lá, também, que acabou martirizado nas mãos do inimigo, Egéas, governador e juiz romano local.
André ousou não obedecer à autoridade do governador, desafiando-o a reconhecer em Jesus um juiz acima dele. Mais ainda, clamou que os deuses pagãos não passavam de demônios. Egéas não hesitou e condenou-o à crucificação. Para espanto dos carrascos, aceitou com alegria a sentença, afirmando que, se temesse o martírio, não estaria ‘pregando a grandeza da cruz, onde morreu Jesus’.
Ficou dois dias pregado numa cruz em forma de ‘X’; antes, porém, despojou-se de suas vestes e bens, doando-os aos algozes. Conta a tradição que, um pouco antes de André morrer, foi possível ver uma grande luz envolvendo-o e apagando-se a seguir. Tudo ocorreu sob o império de Nero, em 30 de novembro do ano 60, data que toda a cristandade guarda para sua festa.
O imperador Constantino trasladou, em 357, de Patos para Constantinopla, as relíquias mortais de santo André, Apóstolo. Elas foram levadas para Roma, onde permanecem até hoje, na Catedral de Amalfi, só no século XIII. Santo André, Apóstolo, é celebrado como padroeiro da Rússia e Escócia.
Texto: Paulinas Internet
Santo André, Apóstolo
Todos os anos, o início do ano litúrgico é marcado pela proximidade da festa de S. André. Irmão de Pedro, S. André é chamado protocletos — “o primeiro chamado” —, porque, no Evangelho de S. João, o vemos entre os discípulos do Batista, que apontou para Jesus e disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, o que fez André ir, junto com o discípulo amado, ao encontro de Cristo. E Jesus, como notasse que o seguiam, perguntou-lhes: “Que procurais?” Eles responderam: “Mestre, onde moras?”, e Jesus lhe disse: “Vinde e vede”. Esse foi o momento do encontro de André com Jesus, encontro que se faz contagiante: André vai então à procura de Pedro para dar a notícia: “Encontramos o Messias!” Foi André, portanto, quem chamou Pedro para conhecer Jesus.
O Evangelho de hoje, porém, simplifica essa história, centrando-se no momento decisivo em que os dois irmãos pecadores se encontram com Jesus e, por isso, deixam tudo para o seguir. O Evangelho narra: “Quando Jesus andava à beira do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam lançando a rede ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse a eles: ‘Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens’. Eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram” (v. 18s).
A reação ao chamado foi imediata, mas houve antes uma gestação, um conhecimento de Jesus que os tornou dispostos a tudo deixar para ser pescadores de homens.
O que significa “pescador de homem”? Ora, o que faz o pescador? O pescador mata o peixe. Simples assim. O pescador tira o peixe de seu ambiente natural, que é a água, e então ele morre. O pescador de homem, ou seja, o apóstolo, é chamado a tirar as almas de seu ambiente, por assim dizer, “natural”, que não é bem a natureza, mas o ambiente mundano. É necessário morrer para o mundo, a fim de nascer para o Céu. Jesus o dirá claramente aos seus Apóstolos na Última Ceia. Ao rezar por eles, diz: “Sim, eles estão no mundo, mas eles não são do mundo”: eles foram tirados, pescados, porque Jesus é o maior pescador de homens.
Passando à beira do lago da Galileia, Ele pescou André e Pedro, também Tiago e João, e os tirou do ambiente mundano para que o seguissem. Vemos aqui aquele “deixar tudo” de André e Pedro. Vemos acontecer ali a própria pescaria, que acontece quando, depois de ouvir a Palavra de Deus — ouvir homilias ou pregações, participar de retiros etc. —, a pessoa finalmente enxerga: “Eu não me pertenço. Eu não sou dono de mim; eu sou dele, de Jesus”. Esse “deixar tudo” não quer dizer deixar mulher e filhos, esposo e vida (para os que já são casados). Não, nada disso. Quer dizer tomar consciência e, a partir de agora, viver na realidade: “Eu estou no mundo, mas não sou do mundo; eu não me pertenço, porque eu fui pescado e, agora, é minha vez de ser pescador de outros”.
Conheça mais sobre Santo André
Eis que envio o meu anjo ante a tua presença, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Voz do que clama no deserto; Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. E apareceu João Batista no deserto, pregando o batismo de penitência, para remissão dos pecados.
Um dia, João, com dois discípulos, eis o que tira os pecados do mundo.
Ouvindo aquelas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus. O Senhor, voltando-se para trás, e vendo que o seguiam, perguntou-lhes:
– Que buscai vós? – Responderam-lhe, perguntando:
– Mestre, onde habitas? – Disse-lhe Jesus:
– Vinde ver.
Foram e viram onde habitava, e ficaram com Ele aquele dia.
Ora, André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que haviam ouvido o que João Batista dissera e seguira Jesus.
André, encontrando-se com o irmão Simão, disse-lhe:
– Encontramos o Messias.
E levou-o ao Senhor Jesus.
Nosso Senhor, ficando em Simão o olhar, disse-lhe:
– Tu és Simão, filho de Jonas. Serás chamado Cefas.
Eis como André levou o irmão a Jesus, aquele sobre o qual seria edificada a igreja do Mestre. E que belo par de irmãos! Eram eles então discípulos de Jesus, mas não o seguiam ainda habitualmente. Ora, diz o Evangelho que, passando Jesus ao longo do mar da Galiléia, viu Simão e André que lançavam a rede, pois eram pescadores.
Aproximando-se dos dois, Jesus disse-lhe:
– Segui-me, e eu vos farei pescadores de homens.
No mesmo instante, abandonaram ambos as redes e seguiram o Senhor. E, tendo passado um pouco adiante donde então estiveram, viram Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão,que estavam também numa barca, consertando as redes. Chamou-os, e eles, deixando na barca o pai, Zebedeu, com os jornaleiros, seguiram o Senhor.
Depois foram a Cafarnaum e à Sinagoga. Logo que deixaram a Sinagoga, foram à casa de Simão e André com Tiago e João. Ora, a sogra de Simão estava de cama, com febre. A Jesus falaram a respeito dela. Aproximando-se, o Senhor tomou-a pela mão e levantou-a. Imediatamente, deixou-a a febre e pôs-se a servi-los, solícita e lépida.
De tarde, sendo o sol já posto -porque era um dia de sábado e os judeus nada faziam antes desta hora – trouxeram a Jesus todos os enfermos e possessos. Toda a cidade estava reunida diante da porta. O Senhor, impondo as mãos ora neste, ora naquele, já naquele outro, ia a todos curando e expelindo muitos demônios, de maneira que cumpria o que fora dito pelo profeta Isaías: Tomou para si as nossas fraquezas, e está carregado de nossas enfermidades.
Os demônios, saindo do corpo de muitos, gritavam, dizendo:
– Vós, sois o Cristo, o Filho de Deus.
Mas o Senhor, ameaçando-os, não lhes permitia dizer que o conheciam, porque, sendo o diabo o pai da mentira, Jesus não lhe queria o testemunho, mesmo verdadeiro.
No dia seguinte, levantando-se o Mestre muito antes do amanhecer, saiu, e foi a um lugar solitário. E lá fazia orações.
Simão e os demais foram procurá-los. E, tendo-o encontrado, disseram-lhe:
– Todos te procuram.
Respondeu-lhes Jesus:
– Vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de que eu também lá pregue, pois para isso é que vim. E andava pregando nas sinagogas e por toda a Galiléia. E pregando o Evangelho do reino de Deus, curava todas as enfermidades entre o povo.
A fama espalhou-se por toda a Síria; traziam-lhe todos os que tinham algum mal, possuídos de vários achaques e dores, e os possessos, os lunáticos, os paralíticos: a todos curava-os Jesus.
Grandes multidões de povo, da Galiléia, e da Decápolis, e de Jerusalém, e da Judéia, e do país de além do Jordão, o seguiam.
Ora,, comprimindo-se as multidões em volta do Senhor para ouvir a palavra de Deus, como estavam junto ao lago de Genezaré, viu Ele duas barcas que estacionavam à margem. Os pescadores haviam saído e lavavam as redes. Entrando numa dessas barcas – que era a de Simão – rogou-lhe se afastasse um pouco da terra. E, estando sentado, ensinava o povo, da barca.
Quando acabou de falar, disse a Simão:
– Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar.
Respondendo Simão, disse-lhe:
– Mestre, tendo trabalhado toda a noite, não apanhamos nada. Mas, sobre a tua palavra lançarei a rede.
Tendo feito aquilo, apanharam tão grande quantidade de peixes, que a rede se rompia. Então, fizeram sinal aos companheiros que estavam na outra barca, para que lá fossem ajudá-los. Assim foi, e encheram tanto ambas as embarcações que quase se afundavam.
Simão Pedro, vendo aquilo, lançou-se aos pés de Jesus, dizendo:
– Retira-te de mim, Senhor, pois eu sou um homem pecador.
Porque, tanto ele como todos os que se encontravam com ele ficaram possuídos de espanto, por causa da pesca que haviam feito.
O mesmo acontecera a Tiago e a João, filhos ambos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão.
Jesus olhou-os, e disse a Simão:
– Não tenhas medo: desta hora em diante serás pescador de homens.
E, trazidas as barcas para terra, deixando tudo, seguiram a Jesus.
Antes, como viviam da pesca, às vezes à faina do mar retornavam. Talvez pescassem à noite e seguissem o Mestre durante o dia.
Depois daquela pesca miraculosa, porém, deixaram-na definitivamente, e não só ao labor, mas a tudo – o que dá a entender a vocação última e definitiva: ligar-se ao Mestre inseparavelmente.
Mais tarde, tendo convocado os doze discípulos, deu-lhes Jesus poder sobre os espíritos imundos, para os expelirem, e curarem todas as doenças e todos os achaques. E eram os doze Simão, chamado Pedro, e André seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi quem entregou o Mestre.
Jesus instruindo-os, disse-lhes:
– Não vades agora para entre os gentios, nem entreis nas cidades dos samaritanos. Ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel. E, pondo-vos a caminho, pregai, dizendo: “Está próximo o reino dos céus.”
Continuando, disse-lhes:
– Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expedi os demônios. Daí graça o que de graça recebestes.
E dizia mais:
– Não queirais trazer nas vossas cinturas bem curo, bem rata, nem dinheiro, nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão – porque o operário é digno do seu alimento.
E acrescentou:
– Em qualquer cidade ou aldeia, logo ao entrardes, informai-vos de quem há nela digno de vos receber, e ficai aí até que vos retireis. Ao entrardes na casa, saudai-a, dizendo: A paz esteja nesta casa. Se aquela casa for digna, descerá sobre ela a vossa paz. Se não for digna, a vossa paz retornará para vós. Se não vos receberem nem ouvirem as vossas palavras, ao sair para fora daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo: será menos punida no dia do juízo a terra de Sodoma e Gomorra, do que aquela cidade. Eis que eu vos mando como ovelhas no meio dos lobos. Sede pois prudentes como serpentes, e simples como pombas.
Antes de enviar os apóstolos por toda a terra, Jesus enviou-os à Judéia, para que ali fizessem uma espécie de noviciado, como num seminário.
De volta daquela missão, reunidos a Ele, contaram-lhe o que haviam feito e ensinado. E Jesus lhes disse:
– Vinde à parte, a um lugar solitário, e descansai um pouco.
Porque eram muitos os que iam e vinham, e nem tinham tempo para comer. Entrando, pois, numa barca, retiraram-se à parte, a um lugar solitário.
Muitos, porém, os viram partir e souberam para onde iam. E para lá foram, ao solitário lugar, a pé. Antes de Jesus e dos Apóstolos mesmo chegarem, já uma grande multidão os aguardava. E era gente de todas as cidades.
Jesus teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor, e começou a ensinar-lhes muitas coisas.
Fazendo-se tarde, chegaram a Ele os discípulos e disseram-lhe:
– Este lugar é solitário e a hora é já adiantada: despede-os, a fim de que possam ir às quintas e povoados próximos e comprem alguma coisa para comer.
Perguntou Jesus a Filipe:
– Onde compraremos nós pão, para dar de comer a esta gente?
O Mestre, porém, assim dizia para o discípulo experimentar, porque sabia o que havia de fazer. Respondeu-lhe Filipe:
– Senhor, duzentos dinheiros de pão não bastam para que cada um receba um pequeno bocado.
Um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse:
– Está aqui um jovem, que tem cinco pães de cevada e dois peixes, mas que é isso para tanta gente?
Jesus, porém, disse:
– Mandai sentar essa gente.
Havia muita erva naquele lugar. Sentaram-se, pois, os homens, em número de cinco mil. E Jesus, tomando os pães do jovem que os trazia, dando graças, distribuiu-os entre os que estavam recostados e igualmente os peixes, quanto eles queriam.
Estando assim todos saciados, disse o Senhor aos discípulos:
– Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.
Eles os recolheram, e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido. E aqueles homens, vendo o milagre que Jesus fizera, diziam:
– Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo. Durante as últimas festas da Páscoa estava Jesus em Jerusalém. Ora, havia alguns gregos, daqueles que tinham ido adorar a Deus no dia da festa: aproximaram-se de Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e fizeram-lhe este pedido, dizendo:
– Senhor, desejamos ver a Jesus.
Foi Filipe e disse-o a André. André e Filipe disseram-no a Jesus. E Jesus, respondeu-lhes:
– Chegou a hora em que o Filho do homem será glorificado. Em verdade, em verdade vos digo que se o grão de trigo, que cai na terra, não morrer, fica infecundo. Mas, se morrer, produz muito fruto. O que ama a sua vida, perde-la-á, e quem aborrece a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me serve, siga-me. E onde eu estou, estará ali também o que me serve. Se alguém me servir, meu Pai o honrará. Agora minha alma está turbada. E que direi eu? Pai, livra-me desta hora. Mas é para isso que eu cheguei a esta hora. Pai glorifica o teu nome.
Então veio do céu esta voz: Eu glorifiquei e glorificarei novamente.
Ora, o povo que ali estava e ouvira, dizia:
– Foi um trovão!
E outros:
– Um anjo lhe falou.
Jesus respondeu:
– Esta voz não veio por amor de mim, mas veio por amor de vós. Agora é o juízo deste mundo. Agora será lançado fora o príncipe deste mundo. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim.
Dizia isto para designar de que morte havia de morrer.
Nos gentios que o queriam ver, Jesus fixou imediatamente o pensamento: devia ser o fruto de sua morte. Os grandes profetas e as grandes profecias estão lhe presentes. O pequeno voi o grande. O que os magos haviam começado na sua infância, no presépio, que era a conversão dos gentios em suas pessoas mesmas, continuava ainda pelo tempo de sua morte. E o Salvador, notando nos gentios o desejo de o ver, com o dos judeus em o perder, via, ao mesmo tempo, naquilo, o principiar do grande mistério da vocação de uns, pela cegueira e reprovação de outros. Por isso disse: Chegou a hora em que o Filho do homem será glorificado.Vem os gentios, e seu reino estender-se-á por toda a terra.
E via mais, e mais longe. Via, segundo os profetas antigos, que seria pela morte que devia conquistar novo povo e a numerosa posteridade que lhe fora prometida. Foi depois de ter dito: Perfuraram meus pés e minhas mãos, que Davi acrescentou: Todas as nações converter-se-ão ao Senhor. E Isaías: Se o grão de trigo, que cai na terra, não morrer, fica infecundo. Mas se morrer, produz muito fruto.
É assim que vemos nas palavras de Jesus o verdadeiro comentário e a verdadeira explicação das profecias.
Agora minha alma está turbada: eis o começo da agonia, daquela agonia que devia sofrer no Jardim das Oliveiras; do combate interior que devia combater contra o suplício, contra o Pai, por assim dizer, contra si mesmo. E que direi eu? Pai, livra-me desta hora. Mas não, era para isso que chegara aquela hora. Pai, glorifica o teu nome. É pelo devotamento ao Pai que lançará fora o príncipe deste mundo, e que, do alto da cruz, atrairá todas as coisas.
Jesus, saindo do templo onde havia pregado dizendo-lhe alguns, a respeito do templo, que estava ornado de belas pedras e de ricas ofertas, disse:
– De tudo isto que vedes, virão dias em que não ficará pedra sobre pedra, que não seja demolida.
Quando estavam sobre o Monte das Oliveiras, descortinando-se o templo, abordaram-nos os discípulos em particular, e Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe:
– Mestre, quando acontecerão estas coisas, e que sinal haverá, quando estiverem para acontecer?
Os apóstolos, na pergunta, confundiam a ruína de Jerusalém, a de todo o universo e o fim dos séculos, o que levou a Jesus a lhes falar:
– Quando ouvirdes falar de guerras e de tumultos, não vos assusteis. Estas coisas devem suceder primeiro, mas não será logo o fim.
De resto, havia para tal uma razão profunda, uma vez que Jerusalém e o templo eram imagem do universo. A ruína de um era naturalmente a figura da ruína de outro.
Depois da ressurreição, estando Jesus com os apóstolos à mesa, ordenou-lhes se não afastassem de Jerusalém. Que esperassem a promessa do Pai:
– A que ouvistes, disse Ele da minha boca. Porque João na verdade batizou em água, mas vós seres batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias.
Então, os que se tinham congregado interrogavam-no dizendo:
– Senhor, porventura chegou o tempo em que ides restabelecer o reino de Israel?
Ele lhes disse:
– Não vos pertence a vós saber os tempos nem os momentos que o Pai reservou ao seu poder. Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e me sereis testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia, na Samaria e até as extremidades da terra.
Levou-os para fora, e até perto de Betânia. E, levantando as mãos, abençoou-os. Ora, aconteceu que, enquanto os abençoava, separou-se deles, e elevava-se ao céu. E uma nuvem ocultou-o do olhar de todos. Como estivessem olhando para o céu, quando Ele ia subindo, eis que se apresentaram junto deles dois personagens vestidos de branco, os quais lhe disseram:
– Homens da Galiléia, porque estais aí parados olhando para o céu? Esse Jesus que, separando-se de vós, foi arrebatado ao céu, virá do mesmo modo que o vistes ir para o céu.
Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras que está perto de Jerusalém, à distância da jornada de um sábado, cheios de júbilo.
Logo que chegaram, subiram ao cenáculo, onde permaneciam habitualmente Pedro, João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelador, e Judas, irmão de Tiago. Todos estes perseveraram unanimemente em oração, com as mulheres, e com Maria, Mãe de Deus, e com os irmãos dele.
Quando se completaram os dias do Pentecostes, estavam todos juntos no mesmo lugar. E, de repente, veio do céu um estrondo, como de vento que soprava impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. E, apareceram-lhes repartidas uma como línguas de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Foram todos cheios do Espírito Santo, e começaram a falar várias línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
Viera-lhes prometido. Agora era ir e ensinar a todas as nações, batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Deus estaria com eles todos os dias, até a consumação dos séculos.
Segundo os esclarecimentos dos Doutores da Igreja, o apóstolo Santo André pregou o Evangelho na Cítia, na Sogdiana, na Cólquida, na Grécia, particularmente no Épiro, e terminou a vida pelo martírio em Patras, na Acaia. A igreja conta-nos as circunstâncias:
Assim como o irmão, o chefe dos Apóstolos, teve a glória de ser crucificado, como o mestre fora. Como pregava em Patras o mistério da cruz e convertia multidões, o procôncul Egéias, encolerizado, disse-lhes:
– Cessa de louvar Cristo, porque discursos semelhantes não o impediram de ser morto na cruz pelos judeus.
André replicou, calmamente:
– Cristo ofereceu-se livremente para ser crucificado, senhor. Morreu para salvar o gênero humano, a todos nós resgatando.
O procônsul sorriu:
– Trata mas é de salvar a vida, sacrificando aos ídolos.
– Só sacrifício, e todos os dias, respondeu o apóstolo ao Deus Todo-poderoso, que é um só e verdadeiro. Sacrifico sobre o altar, não a carne dos touros, nem o sangue dos bodes, mas o Cordeiro sem mancha, o Cordeiro que, depois de ter sido imolado e comido por todo o povo, pelos fiéis, continua sempre inteiro e vivo.
Egéias, encolerizadíssimo, chamou alguns homens da guarda e gritou:
– Agarrai este homem que me não dá sossego! Masmorra com ele!
O povo, facilmente, tê-lo-ia livrado tão exaltado estava, mas André suplicou-lhe, todo doçura. Não, que não o privassem do martírio, da glória do martírio!
O procônsul, diante do qual André novamente exaltara o mistério da cruz, condenou-o à crucifixão. Para imitar o Cristo. Levado ao lugar do suplício, André gritou, todo êxtase, assim que viu o madeiro:
-Ó Cruz belíssima que foste glorificada pelo contato que tivesse do corpo de Cristo, cruz longa, docemente desejada, ardentemente querida, sempre procurada, e enfim preparada para o meu coração apressado, de ti desejoso! Recolhe-me , abraça-me, retira-me dentre os homens, leva-me depressa, diligentemente ao Mestre querido! Por ti Ele me receberá, Ele que, por ti, a mim resgatou!
Foi, pois, levado à cruz o Apóstolo. E nela ficou por dois dias. Foram dois dias maravilhosos para André. André do alto do lenho, não cessava de pregar a fé em Cristo, aquele Cristo a quem desejara imitar na morte.
E, levantando os olhos para o alto, para o céu, naquele céu em que o Mestre o aguardava, dizia:
– Senhor, réu eterno da glória, recebei-me, assim pendido como estou ao madeiro, à cruz tão doce! Vós sois meu Deus! Oh, vós, a quem vi! Não permitais me desliguem da cruz! Fazei isto por mim, por mim, senhor, que conheci a virtude de vossa santa cruz!
Foi nessa maravilhosa disposição que o Apóstolo entregou a alma ao Senhor.
As relíquias de Santo André foram transferidas, primeiramente para Constantinopla e mais tarde para Amalfi. O chefe, o irmão, descansa na basílica que lhe tem o nome – São Pedro de Roma.
(Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XX, p. 320 à 335)