Neste dia, a Igreja recorda ao menos dez títulos dedicados à Mãe de Deus e Nossa.
Por Luciana Gianesini em A12
O dia 02 de fevereiro, depois das festas e solenidades de 08 de setembro (Natividade de Nossa Senhora), 08 de dezembro (Imaculada Conceição) e 01 de janeiro (Maria, Mãe de Deus), talvez seja um dos dias em que a espiritualidade mariana se mostra de maneira mais intensa para nós, católicos.
Isto porque, neste dia, a Igreja recorda ao menos dez títulos dedicados à Mãe de Deus e Nossa.
Conheça alguns desses títulos:
1. Nossa Senhora da Luz
Origem: Portugal
Sua história vem da ocasião em que um humilde cidadão português foi tomado como prisioneiro pelos mouros.
Pedindo a intercessão de Nossa Senhora, o prisioneiro sonhou por 30 dias seguidos com Ela, até que, na última noite, Maria lhe pediu que construísse uma ermida em um local que seria indicado sob uma grande luz.
Na manhã seguinte, o prisioneiro acordou livre, em sua terra natal. Correu prontamente em direção à luz e lá encontrou uma imagem de Nossa Senhora. Tal notícia se espalhou rapidamente entre o povo, onde Nossa Senhora ficou conhecida sob o título de Nossa Senhora da Luz.
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2. Nossa Senhora das Candeias (Nossa Senhora da Purificação)
Origem: Itália
Este título remonta aos primórdios do cristianismo. Segundo o preceito da lei mosaica, todo filho varão (homem) deveria ser apresentado no Templo, quarenta dias após seu nascimento. A mãe, considerada impura após o parto, deveria ser purificada em uma cerimônia especial. Nossa Senhora, submetendo-se a esta determinação, apresentou-se com o Menino Jesus no recinto sagrado dos judeus.
A procissão dos luzeiros provém de um antigo costume romano, tão arraigado que continuou mesmo entre os convertidos ao cristianismo. Como aquela festa sempre caia no dia 2 de fevereiro, data em que os cristãos celebravam a Purificação de Maria, o papa Gelásio (492-496) resolveu instituir um solene cortejo noturno em homenagem à Maria Santíssima, convidando o povo a comparecer com círios e velas acesas e cantar hinos em louvor de Nossa Senhora.
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3. Nossa Senhora da Candelária
Origem: Portugal e Espanha
“Contam que, por volta de 1400, dois pastores guardavam seus animais perto de uma caverna na ilha de Tenerife, nas Canárias, e observaram, certo dia, que o gado se recusava a entrar na lapa, apesar de todos os seus esforços.
Penetraram, então, na gruta e descobriram a imagem de uma Senhora com o filho ao colo. Estranhando o ocorrido, foram notificar o seu povo.
Acudindo a população, inclusive o rei do país, ao local, observaram maravilhados a existência de numerosas candeias (velas) sustentadas por seres invisíveis, que com seus cânticos ‘ensinavam a maneira de render culto a Deus e à Virgem Maria.
Começaram os nativos a honrar Aquela que amavam sem conhecer, até que um cristão espanhol casualmente ali desembarcou, nos fins do século XV, e explicou-lhes o mistério”.
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4. Nossa Senhora do Bom Sucesso
Origem: Bélgica e Equador
O título é compartilhado por diversas imagens de Nossa Senhora ao redor do mundo. Uma das mais conhecidas e venerada até os dias de hoje se encontra na Bélgica e tem uma história um tanto quanto complexa.
A imagem de Nossa Senhora carregando o Menino Jesus com seu braço direito, foi feita no estilo flamenco e data do final do século XV. Com a sua mão esquerda, Maria empunha um cetro de prata.
Em Quito, no Equador, “Nossa Senhora do Bom Sucesso” apareceu a Mariana de Jesús Torres, no Convento Concepcionista no ano de 1584. A Mãe de Deus pediu à monja que uma estátua fosse feita retratando-a, e advertiu sobre uma severa crise da Igreja e da sociedade nos séculos XIX e XX.
No dia 2 de Fevereiro de 1611, a imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus em seu braço direito foi oficialmente abençoada pelo Bispo e colocada acima da cadeira da Abadessa do Convento, e é conhecida como “Maria do Bom Sucesso da Purificação”.
É reconhecida como a padroeira dos marinheiros, e de uma morte tranquila e pacífica, assim como do bem-estar e da segurança.
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5. Nossa Senhora dos Navegantes
Origem: Portugal e Espanha
Nossa Senhora dos Navegantes passa a receber muitos pedidos de intercessão na Idade Média, na época das Cruzadas, quando os portugueses e espanhóis cruzavam o mar Mediterrâneo rumo à Palestina, para protegerem os lugares sagrados dos infiéis.
Nesta devoção, Maria é chamada também de Estrela do Mar, aquela que protege os navegantes mostrando-lhes sempre o melhor caminho e um porto seguro para a chegada.
Antes das travessias, os navegantes participavam da Santa Missa pedindo proteção a Nossa Senhora dos Navegantes, para poderem ter mais coragem de enfrentar o mar e suas tempestades com aqueles pequenos barcos.
Dependendo do costume do lugar, outros títulos de Maria são celebrados no dia 02 de fevereiro, talvez por associação de que a Virgem é aquela que trouxe a Luz do Mundo, deu à luz o Salvador e também é Aquela que ilumina o caminho que nos leva a Jesus.
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Nossa Senhora da Luz
Localização: Algarve (Portugal)
Pedro Martins, português de origem humilde, nascido em Carnide, possuía no Algarve algumas terras herdadas por sua mulher, senhora de alguns haveres. Certa vez, quando para lá se dirigia a fim de cuidar de sua propriedade, foi aprisionado pelos mouros numa das incursões feitas pelos infiéis em território cristão, e levado para o norte da África.
Naquela ocasião, por volta de 1453, sobre a fonte do Machado, em Carnide, começou a aparecer uma luz misteriosa, cuja origem ninguém conseguia descobrir. Andava o povo alarmado e, de Lisboa e dos arredores, chegava muita gente para ver o fenômeno, começando o lugar a ser chamado: “A Luz”.
Pedro Martins, no seu cativeiro, desanimado da intercessão dos homens para libertá-lo, recorreu Àquela que é o Socorro dos Aflitos e a Esperança dos Desesperados. Suas orações foram ouvidas pela Virgem Maria, que lhe apareceu trinta noites seguidas em sonho, procurando consolá-lo. Na ultima noite, Ela prometeu-lhe que, ao acordar, se encontraria em Carnide, mas que aí deveria procurar uma imagem sua escondida perto da fonte do Machado, em sítio que lhe seria indicado por estranha luz. Quando a encontrasse, deveria erguer no local uma ermida em sua homenagem.
No dia seguinte, como a Virgem Maria lhe havia anunciado, Pedro Martins amanheceu em sua querida cidade natal. Em agradecimento por tão milagrosa libertação, o ex-cativo procurou logo realizar o desejo da Mãe Santíssima. Em companhia de um parente, saiu certa noite à procura da imagem. A luz cintilava sobre a fonte. Caminharam por entre o arvoredo e notaram que ela ia se deslocando até que, em determinado momento, parou. Limparam o local e, ao removerem algumas pedras, encontraram a efígie da Rainha do Céu.
Assim que se espalhou a notícia do feliz achado, grande foi a afluência do povo ao lugar, e a Virgem Maria aí começou a ser invocada com o título de Nossa Senhora da Luz.
Logo que pôde, Pedro Martins iniciou a construção da ermida com a permissão do bispo de Lisboa, que se prontificou a lançar a primeira pedra em solene cerimônia religiosa. Mais tarde, esta capela foi substituída por suntuoso templo, inaugurado em 1596.
A festa de Nossa Senhora da Luz começou a ser celebrada todos os anos e as casas nobres portuguesas disputavam entre si a honra de se encarregarem das despesas. Este grandioso santuário, entretanto, foi quase totalmente destruído pelo terremoto que assolou Lisboa em 1755, catástrofe que, segundo piedosa lenda, deu origem à construção de Nossa Senhora da Luz de Diamantina.
A Devoção no Brasil
Contam que a distinta dama D. Teresa de Jesus Corte Real, durante a imensa tragédia que destruiu Lisboa, suplicou a proteção da Senhora da Luz e conseguiu refugiar-se com seu esposo e empregados domésticos em uma capela dedicada à Mãe de Deus. Seu marido havia sido designado para o posto de funcionário do ‘Contrato de Diamantes’ em Minas Gerais e ela prometeu então que, se conseguisse chegar ao Brasil sã e salva, faria erigir na colônia uma capela à Virgem da Luz.
Aqui chegando, fixou residência no Arraial do Tejuco e, alguns anos depois, mandou construir nos arredores da vila uma pequena igreja. Diz a tradição que ao lado do templo, em cumprimento a outra promessa feita por seu pai à Senhora da Luz durante o terrível terremoto, fez erguer um recolhimento para a educação de órfãs, preparando-as para a vida. Cada moça que se casava, após esmerada educação, recebia um faqueiro de prata e três mil cruzados, quantia que dava para construir uma boa casa.
D. Teresa Corte Real faleceu em 1826 e seu corpo foi sepultado debaixo do coro da igreja que fundara, na qual também foi colocado um seu retrato a óleo feito pelo pintor Manuel Pereira.
Nos fins do século passado, a igrejinha estava prestes a ruir, porém o seu vigário conseguiu angariar fundos para reconstruí-la. No dia 20 de maio de 1900, ela foi solenemente reaberta aos fiéis e a imagem da Padroeira recolocada em seu antigo altar após solene procissão, acompanhada de uma chuva de flores atiradas das sacadas pela senhoras de Diamantina. Todas as ruas estavam profusamente ornamentadas e iluminadas para homenagear aquela que, tendo gerado a Luz do Mundo, bem mereceu o título de Nossa Senhora da Luz.
A Igreja mais antiga do Brasil
Contudo, esta devoção em terras brasileiras não nasceu em Minas Gerais, pois a mais antiga igreja dedicada a Senhora da Luz em nosso pais foi a de São Paulo, fundada primeiramente no Ipiranga, por volta de 1580, e depois transferida para o atual bairro da Luz, em 1603. Foi na primeira capela, citada pelo Padre Anchieta em uma de suas cartas, que um frade franciscano, capelão da armada de Diogo Flores Valdez, foi assassinado por um soldado ao pedir esmolas para os pobres.
O segundo templo da Virgem da Luz acompanhou toda a história da cidade de São Paulo, tendo sido instalado ao lado da Capela o famoso Recolhimento da Luz fundado por um grupo de religiosas. Atualmente, depois de reformados, tanto o templo como o convento deram lugar ao Museu de Arte Sacra da capital paulista, onde se encontram preciosidades históricas e artísticas do Estado bandeirante.
A expansão da devoção
O culto a Nossa Senhora da Luz, difundido pelos jesuítas e beneditinos, deu origem a diversos santuários no Rio de Janeiro e nos Estados do Sul do Brasil, principalmente Paraná e Rio Grande do Sul.
A cidade de Curitiba se iniciou em torno de uma capela onde a Mãe da Luz era venerada pelos seus inúmeros milagres. Sobre a sua fundação existe uma interessante lenda, que passaremos a narrar:
Na segunda metade do século XVII, Gabriel de Lara, seguindo os faiscadores de ouro, cruzou a serra do Mar e encontrou uma pequena povoação no sítio dos Pinhais, onde em 1659 seria fundada a vila de Nossa Senhora da Luz. Dizem que seus primeiros habitantes foram membros da bandeira de Antônio Domingues, que em 1648 se dirigia ao sul do país. No entanto, segundo a lenda, os bandeirantes se haviam estabelecido um pouco além, nas margens do rio Atuba, onde ergueram uma ermida à Senhora da Luz.
Com o andar do tempo, os rudes penetradores do sertão notaram que a imagem da Virgem tinha sempre os olhos voltados para os campos aos quais os índios denominavam Curitiba (Pinhais). Aquela região era dominada pelos ferozes cainguangues, ciosos de seus bosques de pinheiros. Contudo, Nossa Senhora insistia em mirá-la, pois todas as manhãs aparecia com os olhos luminosos voltados para o poente.
Tal foi a insistência da Virgem, que os sertanejos resolveram sondar a possibilidade da conquista do sítio indicado pela Padroeira. Com seus aprestos de guerra, seguiram para a esplanada dominada pelos bárbaros caingangues, prontos para o combate.
Em vez da luta prevista como certa, o que ocorreu foi a acolhida generosa e cordial. Do chefe indígena para o chefe branco partiu apenas um aceno acolhedor. Os arcos foram jogados no chão em sinal de paz e a cuia de mate, símbolo da hospitalidade, foi oferecida ao chefe índio, rodando depois pelos guerreiros brancos.
Na Cidade de Luz, no Oeste de Minas Gerais, iniciada em 1790 em torno de uma capelinha dedicada a Nossa Senhora da Luz e, desde 1918, sede da Diocese, recebeu no dia 2 de fevereiro de 1995 preciosa escultura de sua Padroeira, que lhe foi doada pela Câmara Municipal de Lisboa. Esta imagem, abençoada no Santuário de Carnide, em Portugal, construído junto à fonte do Machado, onde em 1453 humilde Pedro Martins obteve da Mãe Santíssima um estupendo milagre, é toda em mármore branco e foi recebida com grandes festejos populares e comemorações cívicas na progressista cidade mineira e entronizada na bonita catedral.
Existe ainda na Cidade de Luz interessante monumento erguido em 1993, para comemorar o 75º aniversário da criação do Bispado, no qual foi colocada uma efígie de bronze de Nossa Senhora da Luz, cópia daquela trazida pelos portugueses em 1503, que se encontra em exposição no Museu de Arte Sacra de São Paulo.
A invocação de Nossa Senhora da Luz é bastante difundida no Brasil, pois existem 21 paróquias a Ela dedicadas. Sua festa litúrgica é celebrada em 2 de fevereiro.
Oração à Nossa Senhora da Luz
Ó Senhora da Luz, dona de todas as graças, cobre-nos com o teu manto resplandecente, pois tu és a luz que nos guia pelas trevas e, pela tua imensa misericórdia, nos dás força e alento para seguir o nosso rumo, que nos leva até a ti, ó Cheia de Graça. Nossa Senhora, pelo Espírito Santo iluminada, Mãe de Nosso Senhor, nossa fonte de luz, tu és a nossa força e o nosso caminho e nos proteges por entre montanhas e vales, pelos desertos e ilhas, no sofrimento e na tortura, nas perseguições que sofremos. Ó Nossa Senhora da Luz, nossa Mãe, cobre-nos com a tua interminável glória e continue a iluminar o nosso caminho com a tua interminável e Divina Luz, que outra coisa não queremos ver, senão as maravilhas da tua presença. Ó Nossa Senhora da Luz, Mãe de Deus, ajuda-nos, com a tua bondade infinita, a enfrentar todos os perigos e tentações, para que com a tua preciosa ajuda, sigamos nosso caminho com a tua luz e longe da escuridão das trevas. Amém!
Nossa Senhora das Candeias
Padroeiro de: Alfaiates e Costureiras | Localização: Portugal
A invocação de Nossa Senhora das Candeias ou Nossa Senhora da Purificação remonta aos primórdios do cristianismo. Segundo o preceito da lei mosaica, todo filho varão deveria ser apresentado no Templo quarenta dias após seu nascimento. A mãe, considerada impura após o parto, deveria ser purificada em uma cerimônia especial. Nossa Senhora, submetendo-se a esta determinação, apresentou-se com o Menino Jesus no recinto sagrado dos judeus.
Esta festividade dos luzeiros foi denominada “das candeias”, porque comemorava-se o trajeto de Maria ao templo, com uma procissão, na qual acompanhantes levavam na mão velas acesas.
A procissão dos luzeiros provém de um antigo costume romano, pelo qual o povo recordava a angústia da deusa Ceres, quando sua filha Prosérpina foi raptada por Plutão, deus dos infernos, para tomá-la como companheira do Império dos Mortos. Esta tradição estava tão arraigada, que continuou mesmo entre os convertidos ao cristianismo. Os primeiros padres da Igreja tentaram eliminá-la, mas não conseguiram. Como aquela festa sempre caia no dia 2 de fevereiro, data em que os cristãos celebravam a Purificação de Maria, o papa Gelásio (492-496) resolveu instituir um solene cortejo noturno, em homenagem à Maria Santíssima, convidando o povo a comparecer com círios e velas acesas e cantar hinos em louvor de Nossa Senhora.
Esta celebração propagou-se por toda a Igreja Romana e, em 542, Justiniano I instituiu-a no Império do Oriente, após ter cessado uma peste. Na liturgia atual a solenidade denomina-se “Apresentação do Senhor”, mantendo-se antes da missa a tradicional bênção de velas com procissão.
Em Portugal, a devoção à Virgem das Candeias ou da Purificação já existe desde o século XIII, quando uma imagem era venerada em Lisboa, na paróquia de São Julião. De lá veio para o Brasil, onde são inúmeras as igrejas dedicadas a esta invocação, merecendo destaque as da Bahia.
Na ilha Madre de Deus, situada na Bahia de Todos os Santos, existe um templo lendário, cuja imagem foi encontrada por pescadores num rochedo junto ao mar. No dia 2 de fevereiro, grande multidão proveniente da capital baiana e das ilhas circunvizinhas acorre para assistir à festa das Candeias. Desde o amanhecer o mar se cobre de canoas, que cortam as águas da Baía e trazem milhares de devotos para as cerimônias da Purificação de Maria.
O culto de Nossa Senhora das Candeias é muito desenvolvido na Bahia devido a sua sincretização com os cultos afro-brasileiros. Uma das festividades mais concorridas acontece na cidade de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, que já era celebrada em 1720.
Nossa Senhora das Candeias é a padroeira dos alfaiates e costureiras. Na Sé de Lisboa, no altar da Senhora das Candeias, esteve também a do alfaiate São Bom Homem, modelo da classe.
Em Ouro Preto, na Capela dos Terceiros de São Francisco, existe também uma imagem desse santo, com o nome de Santo Homobono. Além da localidade “Senhora das Candeias”, no oeste de Minas, tem essa invocação uma imagem e um altar no arraial de São Bartolomeu, próximo de Ouro Preto.
Nossa Senhora das Candeias, Rogai por nós que recorremos a vós!
Oração à Nossa Senhora das Candeias
Virgem Santíssima das Candeias, vós que pelos merecimentos de vosso Filho Onipotente, tudo alcançais em benefício dos pecadores de quem sois igualmente Senhora e Mãe. Vós que não desprezais as súplicas humanas e nem a elas fechais o vosso coração compassivo e misericordioso. Iluminai-me, eu vos peço, na estrada da vida, encorajai-me e encaminhai os meus passos e as minhas orações para o verdadeiro bem. Livrai-me de todos os perigos a que está exposta à minha fraqueza. Defendei-me de meus inimigos, como defendeste o vosso amado Filho das perseguições que sofreu sendo menino. Não consintais que eu seja atingido por ferro, fogo e nem por peste alguma, e depois de todos estes benefícios de vossa clemência nesta vida, conduzi a minha alma para a morada dos anjos, onde com Jesus Cristo, vosso Filho e Nosso Senhor, viveis e reinais, pelos séculos. Que assim seja.
Nossa Senhora da Candelária
Padroeiro de: Ilhas Canárias | Localização: Portugal e Espanha
“Contam que, por volta de 1400, dois pastores guardavam seus animais perto de uma caverna na ilha de Tenerife, nas Canárias, e observaram, certo dia, que o gado se recusava a entrar na lapa, apesar de todos os seus esforços. Penetraram, então, na gruta e descobriram a imagem de uma Senhora com o filho ao colo. Estranhando o ocorrido, foram notificar o seu povo.
Acudindo a população, inclusive o rei do país, ao local, observaram maravilhados a existência de numerosas candeias (velas) sustentadas por seres invisíveis, que com seus cânticos ‘ensinavam a maneira de render culto a Deus e à Virgem Maria. Começaram os nativos a honrar Aquela que amavam sem conhecer, até que um cristão espanhol casualmente ali desembarcou, nos fins do século XV, e explicou-lhes o mistério”.
A imagem original desapareceu no dia 17 de novembro de 1826, devido a uma inundação provocada por uma forte chuva que carregou um barranco que circundava o Santuário. Era entalhada em madeira dourada e policromada. Sua altura era de um metro. O Menino se encontrava em seu braço direito e o esquerdo trazia uma candeia de cor verde.
Várias representações em quadros permitem conhecer suas formas antes de seu desaparecimento. É provável que a imagem tenha chegado à Ilha na metade do século XV, trazida por missionários franciscanos. A imagem atualmente venerada é obra do artista Fernando Estevez, que a esculpiu em 1827.
O primeiro Santuário, cuja construção foi concluída em 1672, foi atendido pela Ordem Dominicana. Possuía um belo retábulo, infelizmente destruído por um incêndio em fevereiro de 1789. Na metade do século XIX, tiveram início as obras do atual templo, que se deram de forma muito lenta. Recebem um novo impulso em 1930, com o projeto de Eladio Laredo, que foi sucedido pelo arquiteto Marrero Regalado.
Hoje, contempla-se uma bela igreja de planta clássica com três naves, um cruzeiro e um campanário.
A festa de Nossa Senhora da Candelária é celebrada anualmente no dia 15 de agosto. Nesse dia acorrem ao santuário peregrinos do todas as ilhas, que vêm prestar homenagem à sua padroeira. Em 1867, a pedido do bispo das Canárias, Lluch y Garriga, o papa Pio IX declarou Nossa Senhora da Candelária como padroeira de todo o arquipélago.
A coroação da Virgem e seu Filho ocorreu no dia 13 de outubro de 1889, pelo bispo Dom Ramón Torrijos Gómez, privilégio concedido pelo papa Leão XIII através de decreto assinado no dia 14 de julho de 1889. A imagem de Nossa Senhora da Candelária é igual à de Nossa Senhora das Candeias, da qual é variante.
A imagem de Nossa Senhora da Candelária tornou-se célebre por causa de seus milagres.
Nossa Senhora da Candelária, Rogai por nós que recorremos a vós!
Nossa Senhora da Boa Sorte ou do Bom Sucesso
Padroeiro de: Marinheiros |Localização: Bélgica
O título é compartilhado por diversas imagens de Nossa Senhora ao redor do mundo. Uma das mais conhecidas e venerada até os dias de hoje se encontra na Bélgica e tem uma história um tanto quanto complexa.
Em 1625 a imagem foi colocada aos cuidados do regente espanhol dos Países Baixos, que, por sua vez a enviou à Igreja Agostiniana de Bruxelas em 1626. Quando expulsos da Igreja no ano de 1814, os agostinianos levaram a imagem para uma capela especial, construída em 1852 na igreja paroquial de Finisterre, na Bélgica.
Outros relatos localizam a imagem em Bruxelas já no ano de 1436, desaparecendo por um lapso de tempo até o século XVII, quando trouxe a vitória ao exército belga-espanhol contra os protestantes holandeses no ano de 1631. Nesse mesmo ano a imagem teria chegado à Bélgica vinda de barco da Escócia.
A imagem de Nossa Senhora, carregando o Menino Jesus com seu braço direito, foi feita no estilo flamenco e data do final do século XV. Com a sua mão esquerda Maria empunha um cetro de prata. Outros nomes da imagem são: “Our Lady of Good Success”; “Notre Dame du Bon Succès”; “Our Lady of Aberdeen”; “Our Lady of Good Succor”; “Our Lady of Good Events”; “Virgen de la Buena Suerte”; “Our Lady of Good Luck” e “Virgen del Buen Suceso”. É comemorada todos os anos no dia 9 de julho. É reconhecida como a padroeira dos marinheiros, e de uma morte tranquila e pacífica, assim como do bem-estar e da segurança.
Em Quito, no Equador, “Nossa Senhora do Bom Sucesso” apareceu a Mariana de Jesús Torres no Convento Concepcionista no dia de 1584. A Mãe de Deus pediu à monja que uma estátua fosse feita retratando-a e advertiu sobre uma severa crise da Igreja e da sociedade nos séculos XIX e XX.
No dia 2 de Fevereiro de 1611 a imagem de Nossa Senhora com o Menino Jesus em seu braço direito foi oficialmente abençoada pelo Bispo e colocada acima da cadeira da Abadessa do Convento, e é conhecida como “Maria do Bom Sucesso da Purificação”.
Mariana morreu no dia 16 de janeiro de 1635. Em 1906, quando se empreendeu uma obra de remodelação do Convento, o túmulo da madre Mariana foi aberto. Seu corpo e seu hábito foram encontrados incorruptos. O Bispo Ribera de Quito consagrou a imagem de Nossa Senhora no dia 2 de fevereiro de 1610. Essa data permaneceu, desde esse momento, como o dia oficial da sua festa.
O título de “Nossa Senhora do Bom Sucesso” também foi muito importante na fundação e expansão do apostolado dos irmãos obregones (Mínima Congregação dos Irmãos Enfermeiros Pobres), fundados por Bernardino de Obregón no ano de 1568 e aprovados pelo Núncio Papal Cardeal Décio Carafa no ano de 1569.
Oração a Nossa Senhora do Bom Sucesso
Nossa Mãe e Senhora, vede como o mal invade tudo: corações, famílias, sociedade, nosso país. As crianças não caminham mais pelo caminho da inocência. Os jovens são cativados por passatempos mundanos, não se aproximam mais do Altar para pedir vossos auxílios de Mãe; ou as luzes que dissolvam as sombras da dúvida que o mundo semeia incessantemente. As mães esquecem que o lar é a primeira escola na qual o bem é ensinado, e que elas são as primeiras mestras. A vida familiar se encontra deteriorada, e a chamada para a oração é rara vez escutada. Nas escolas não há oração, nem os louvores são cantados. Nas casas poucos ainda acreditam na Divina Providência, que tem contados todos os cabelos da nossa cabeça e os sofrimentos dos nossos corações, e são pouquíssimos os que acodem ao misericordioso auxílio do vosso coração maternal. Nessas horas, nosso país é como o Samaritano do Evangelho, que caiu nas mãos dos ladrões, ferido de morte, sem o alívio da humana esperança. Doce Mãe, cuida das crianças abandonadas, que estão perdidas porque não têm nada na vida. Protegei os jovens para que não sejam absorvidos pelo veneno do vício. Ensina às mães o divino dom de serem mães e do seu dever de modelar os corações dos seus filhos à custa de qualquer sacrifício, salvando-os com a misteriosa súplica das suas lágrimas. Se Vós não vindes com a vossa assistência a esse país agonizante, os remanescentes de vida cristã que ainda nos restam desaparecerão. Vosso coração é um abismo de inefável ternura. Deixai que uma gota de bálsamo caia sobre as nossas feridas e viveremos… Amém.
Nossa Senhora dos Navegantes: A estrela do mar
Padroeiro de: Navegantes e dos viajantes
Nossa Senhora dos Navegantes passa a receber muitos pedidos de intercessão na Idade Média, na época das Cruzadas, quando os portugueses e espanhóis cruzavam o mar Mediterrâneo rumo à Palestina para protegerem os lugares sagrados dos infiéis.
Nesta devoção, Maria é chamada também de Estrela do Mar, aquela que protege os navegantes mostrando-lhes sempre o melhor caminho e um porto seguro para a chegada. Antes das travessias, os navegantes participavam da Santa Missa pedindo proteção a Nossa Senhora dos Navegantes, para poderem ter mais coragem de enfrentar o mar e suas tempestades com aqueles pequenos barcos. É a padroeira dos navegantes e dos viajantes.
As grandes navegações
Quando os portugueses e espanhóis deram início às grandes navegações, aos descobrimentos de novas rotas e novas terras pelo mundo, a devoção a Senhora dos Navegantes, Estrela do Mar, começou a ser difundida e nunca mais parou.
As invocações a Nossa Senhora eram gravadas no próprio casco dos barcos. Quase todos os barcos traziam uma imagem de Nossa Senhora dos Navegantes entalhada na proa dos barcos, com uma lâmpada de fogo, que os marujos nunca deixavam se apagar.
Nossa Senhora dos Navegantes no Brasil
Quando os primeiros colonizadores portugueses chegaram ao Brasil, com eles também desembarcou a devoção a Nossa Senhora dos Mares, da Boa Viagem, a Estrela do Mar, a Nossa Senhora dos Navegantes. Pescadores simples e valentes, sempre faziam as orações a Nossa Senhora dos Navegantes antes de irem para o mar buscar o sustento para a família e o trabalho para sobreviverem.
Prova disso é que a grande maioria das Igrejas e Capelas dedicadas a Nossa Senhora dos Navegantes estão situadas no litoral do Brasil. Em Fortaleza, Ceará, Penedo em Alagoas, Porto Alegre no Rio Grande do Sul, em Santos e Cananéia no litoral de São Paulo.
Em Santa Catarina, são várias cidades que mantêm a devoção com Igrejas ou capelas dedicadas à Senhora dos Navegantes, como no Balneário Arroio do Silva, Balneário Barra do Sul, as cidades de Laguna, Mondai, Bombinhas e a principal, a cidade de Navegantes. Esta já tinha uma capela dedicada à Santa em 1896.
No ano de 1996, o então Bispo Auxiliar de Florianópolis, Dom Murilo S. R. Krieger, scj, fez a dedicação do altar da Igreja. Por isso, ela foi elevada a Santuário Arquidiocesano, sob a invocação de Santuário de Nossa Senhora dos Navegantes.
Em todos esses lugares, a festa de Nossa Senhora dos Navegantes é celebrada no começo do fevereiro, com missas e grandes procissões de barcos, no mar ou nos rios. A imagem de Nossa Senhora dos Navegantes é representada por Maria em pé, dentro de um barco, segurando o Menino Jesus no colo.
Oração a Nossa Senhora dos Navegantes
Ó Nossa Senhora dos Navegantes, Santíssima filha de Deus, criador do céu, da terra, dos rios, lagos e mares; protegei-me em todas as minhas viagens. Que ventos, tempestades, raios ou ressacas não perturbem a minha embarcação, e que nenhuma criatura, nem incidentes imprevistos causem alteração e atraso na minha viagem, ou me desviem da rota traçada. Virgem Maria, Senhora dos Navegantes, minha vida é a travessia de um mar furioso. As tentações, os fracassos e as desilusões são ondas impetuosas que ameaçam afundar minha frágil embarcação n o abismo do desânimo e do desespero. Nossa Senhora dos Navegantes, nas horas de perigo eu penso em vós e o medo desaparece; o ânimo e a disposição de lutar e de vencer, torna a me fortalecer. Com vossa proteção e a benção de vosso Filho Jesus, a embarcação da minha vida, há de ancorar segura e tranquila no porto da eternidade. Amém.
Nossa Senhora dos Navegantes, rogai por nós.