São Pedro de Verona foi um mártir, pregador e o segundo santo na história da Ordem dos Pregadores (Dominicanos). Dedicou-se a combater as heresias dos cátaros, propagadores do maniqueísmo no centro e no norte da Itália.
Nasceu em Verona de Lombardia (Itália), em 1205. Segundo o Martirológio Romano, seus pais pertenceram à heresia dos cátaros, entretanto, desde criança abraçou a fé católica e em sua adolescência recebeu o hábito do próprio São Domingos de Gusmão.
O hagiógrafo e beato Tiago de Vorágine dizia que são Pedro era um grande pregador e conhecedor das Sagradas Escrituras, que viveu a pureza, a austeridade e uma firme defesa da fé, o que finalmente o levaria à morte.
Além disso, assinala que Pedro de Verona nasceu em uma família “obscurecida pelo erro”, entretanto, o jovem sempre soube “conservar-se imune a seus perniciosos erros”.
São Pedro de Verona deixou sua família na adolescência e ingressou na ordem dominicana quando seu fundador, são Domingos de Gusmão, ainda era vivo. Continuou seus estudos na Universidade de Bologna, onde se preparou intelectualmente e, além disso, viveu em oração, austeridade e penitência.
Terminada sua formação eclesiástica, foi ordenado sacerdote e nomeado Pregador do Evangelho de Jesus. Dedicou-se à pregação e à refutação de doutrinas heréticas em Vercelli, Roma, Florença e diversas cidades do norte da Itália. Também instituiu as “Associações da fé” e a “Confraria para o louvor da Virgem Maria” em Milão, Florença e Perugia.
Em 1248 foi designado prior do convento de Asti e, transcorrido um ano, de Piacenza. Em 1251, Inocêncio IV o nomeou como inquisidor da Lombardia e o declarou prior de Como, entretanto, os hereges começaram a planejar um complô para assassiná-lo.
São Pedro de Verona foi assassinado em 6 de abril de 1252, quando regressava de Milão para o convento de Como, perto de Barlassina. Seu carrasco, Carino Bálsamo, o acertou com dois golpes de machado na cabeça. Apesar disso, Pedro de Verona conseguiu se levantar e, com as poucas forças que restavam, escreveu no chão com seu dedo banhado de sangue: “Creio em Deus”.
Em 9 de março de 1253, Inocêncio IV o canonizou. Seu corpo foi transladado a Milão e hoje descansa na Igreja de Santo Eustórgio. Sua festa é celebrada no dia 6 de abril.
O que um facão está fazendo na cabeça deste santo?
Breve biografia de Pedro de Verona, um santo medieval que ficou conhecido por sua eloquência, por sua pureza e, principalmente, por suportar inabalável o martírio em defesa da fé.
Pedro significa “conhecedor” ou “descalço”, ou também pode vir de petros, “firme”. Assim podemos compreender os três privilégios que possuiu o bem-aventurado Pedro.
Em primeiro lugar, foi um pregador notável, “conhecedor” perfeito das Escrituras e do que convinha utilizar delas em cada pregação. Em segundo lugar, foi virgem puríssimo, daí “descalço”, já que seus pés nus indicavam estar livre de toda afeição e amor mortais, sendo portanto virgem não apenas de corpo, mas também de mente. Em terceiro lugar, foi mártir glorioso do Senhor, daí “firme”, já que suportou inabalável o martírio pela defesa da fé.
Aos sete anos de idade, quando certo dia voltava da escola, um tio herege perguntou-lhe o que aprendera na aula. Ele respondeu: “Creio em Deus Pai, todo-poderoso, criador do céu e da terra […]”. O tio objetou: “Não diga ‘criador do céu e da terra’, pois Ele não foi criador das coisas visíveis, foi o diabo que criou todas essas coisas que vemos”. Mas o menino afirmou que preferia dizer como lera e acreditar no que estava escrito.
O bem-aventurado Pedro ainda na adolescência abandonou o mundo para evitar seus perigos e entrou na Ordem dos Frades Pregadores. Ao longo dos quase trinta anos que nela passou, alcançou todas as virtudes: era dirigido pela fé, fortalecido pela esperança, acompanhado pela caridade.
Como a ociosidade é insidiosa, é armadilha do inimigo, procurava manter-se sempre ocupado com coisas lícitas, para não ter tempo para as ilícitas, meditando assiduamente sobre os decretos do Senhor.
De noite, depois de curto descanso, ocupava as horas silenciosas com estudo, leitura e vigília. De dia, dedicava-se ao serviço das almas, ou à pregação, ou a ouvir confissão, ou a refutar por meio de argumentos racionais os dogmas envenenados da heresia. Em tudo isso ele se destacava por possuir um particular dom da graça.
No Domingo de Ramos, Pedro pregava em Milão diante de enorme multidão de pessoas dos dois sexos, quando disse publicamente, em voz alta: “Sei com certeza que os hereges tramam minha morte e que até dinheiro já foi dado para isso, mas façam o que façam, eu os perseguirei mais estando morto do que vivo”. Os fatos mostraram que isso foi verdade.
Ao sair da cidade de Como, onde era prior da sua Ordem, para ir até Milão a fim de exercer contra os heréticos as funções de inquisidor que lhe haviam sido confiadas pela Sé apostólica, Pedro foi atacado — conforme ele mesma predissera publicamente em uma prédica — por um herege induzido e pago por seus companheiros.
Aquele homem insulta o ministro de Cristo, bate nele, vibra golpes atrozes na sua sagrada cabeça e provoca-lhe terríveis ferimentos. A espada fica molhada do sangue daquele homem venerável, que não procura evitar o inimigo, mas, ao contrário, oferece-se como vítima que pacientemente suporta os redobrados golpes do furor sacrílego de seu carrasco.
Durante todo esse tormento não se queixa, não murmura, suporta tudo com paciência e, encomendando-se, diz: “Senhor, em vossas mãos entrego o meu espírito”. Antes que o cruel carrasco cravasse o punhal em seu peito, o mártir do Senhor escreveu no chão, com o próprio sangue, a profissão da fé, consumando o ato derradeiro de sua vida: “Credo!”.
Curiosamente, seu assassino se arrependeu e empenhou inúmeras penitências pelo resto da vida. Mas essa é uma outra história…