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Bem-aventurado Urbano II, o papa da primeira Cruzada – 29 de Julho

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O Papa bem-aventurado Urbano II é o Papa responsável por pregar a primeira cruzada! A Primeira Cruzada foi proclamada em 1095 com o objetivo duplo de auxiliar os cristãos ortodoxos do leste e libertar Jerusalém e a Terra Santa do jugo muçulmano.

SANTO DO DIA – 29 DE JULHO – BEM-AVENTURADO URBANO II
Papa e Confessor

Eudes, variante de Odon, Oton, Oto, depois Urbano II, nasceu em Chatillon-sur-Marne, diocese de Soissons, atualmente de Reims, em 1040, numa nobre família.

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Aluno daquele que seria o fundador da Cartuxa, São Bruno, Eudes, em 1064, era arcediago de Reims, e, logo, depois cônego.

Em 1073, estava em Cluny, onde se formou sob a regra beneditina.

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Quando o grande Papa reformador São Gregório VII, solicitou de Santo Hugo, o Pai, o abade de Cluny, alguns caracteres de valor que os elevasse ao episcopado, Eudes foi-lhe apresentado e, em seguida, feito bispo de Óstia, em 1078.

Depois duma legação na Alemanha, destinada a defender o Papado contra os desmandos do imperador Henrique IV, Eudes tornou à Itália. Pouco depois, o grande Papa desaparecia.

Vítor III sucedeu ao Santo Padre morto. Todavia, logo deixou o mundo.

A 12 de Março de 1088, Eudes foi eleito, assentando-se com muitíssima humildade na cátedra imperecível do Príncipe dos Apóstolos, para governar a cristandade.

A Alemanha, então em guerra, era um fardo pesado para a Santa Sé. Henrique IV, com seu antipapa, Clemente III, provocava sérios embaraços na vida religiosa, mas o calmo Urbano eloqüente soube contornar as maquinações que se urdiram.

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A condessa Matilde, grande amida da Santa Sé, casou-se, em Agosto de 1089, com o jovem Welf, duque da Baviera. Esta aliança da Toscana e da Alemanha do Sul foi o maior obstáculo que se deparou ao imperador. No entanto, conseguiu invadir a Itália, mas em 1092 foi obrigado a retroceder. E o seu papa, que estava em Roma, deixou a cidade, indo-se para Ravena.

Destarte, mais e mais, agrupou-se a Itália em torno de Urbano II, cada vez mais firme no posto supremo.

Foi no concílio de Clermont, de 1095, convocado pelo Santo Papa, que a idéia da cruzada contra os infiéis triunfou.

No século VII, com as conquistas árabes, tomada por eles a Palestina, as peregrinações dos cristãos europeus à Terra Santa não sofreram solução de continuidade. Todavia, os peregrinos que eram bem tratados por aquele povo, tiveram a situação invertida com a invasão dos turcos seldjúcidas, originários do Turquestão, ao norte da Pérsia.

Maomé recomendara a guerra santa para a difusão da doutrina. Prometera recompensas aos que morressem combatendo pela fé.

Espírito belicoso, os árabes seguiram, sem hesitar, as recomendações do profeta, e, desta maneira, ainda no ano da morte de Maomé, deram início à guerra santa.

Em menos de um século de lutas, conquistaram a Palestina, a Síria, a Mesopotâmia, a Armênia, a índia, a Pérsia, todo o norte africano, a península Ibérica.

A civilização árabe foi brilhantíssima. As ciências, a literatura, a história, a arquitetura, a indústria, o comércio e a agricultura tiveram grande desenvolvimento.

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Os novos conquistadores, porém, de espírito mais belicoso, que se tinham feito maometanos, fanáticos maometanos, não manifestaram para com os cristãos a mesma atitude tolerante dos árabes. Apoderando-se de Jerusalém em 1078, principiaram a perseguição aos peregrinos que para lá se dirigiam, perseguição essa que sempre cominava com as mais bárbaras atrocidades. E as crueldades que se perpetravam cresciam dia a dia.

Logo a idéia de libertar a terra Santa do jugo infiel começou apoderar-se dos espíritos cristãos. A poesia épica medieval está repleta de versos onde transparece aquele grande desejo do mundo que abraçara a fé católica.

Foi no Concílio de Clermont, de 1095, como dissemos, convocado por Urbano II, que tal desejo viu alçado às alturas da realização.

A 27 de Novembro daquele ano mesmo de 1095, Urbano II deixou a igreja, onde o concílio terminara e, num vigorosíssimo discurso, solicitou aos cavaleiros do Ocidente que partissem para a libertação dos irmãos do Oriente, oprimidos pelo turco cruel, para a libertação da terra que Deus feito homem pisara e santificara.

Não demorou muito, o brado ardoroso, entusiástico de “Deus o quer”! correu a terra. E o povo cristão, sequioso de alistar-se no exército que iria libertar o túmulo de Cristo, acorria em massa.

Urbano II, ousadamente, tomou a direção daquela cruzada. A figura de Pedro Eremita impressionava a toda a cristandade, cristandade que jazia como tomada da febre do zelo. E a flor da cavalaria marchou com imensa alegria para a tomada de Jerusalém.

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Foi um êxito colossal. Bandos infindos de homens, mulheres e crianças rumara, desordenadamente, para a Terra Santa e foram morrendo pelo caminho, vítimas de fome, da sede, do cansaço e das doenças. Não poucos foram massacrados na Alemanha e na Hungria em represália às devastações que iam realizando à medida que passavam, qual nuvem de gafanhotos depredadores.

O restante, melancolicamente, foi quase que totalmente exterminado pelos turcos depois da travessia do Bósforo.

Mais felizes do que aqueles da primeira arrancada não foram os seiscentos mil infantes e cem mil cavaleiros organizados que partiram no afã sem par de mover guerra aos profanadores. Tomaram Nicéia, depois Antioquia defendida por quatrocentos e cinqüenta torres.

Daquele exército, porém, só uma minoria conseguiu avistar Jerusalém. Caíram todos, então de joelhos. E, a soluçar de emoção, choraram de alegria. Era a 15 de Junho de 1099.

Poucos dias depois, a 29 do mesmo mês, o grande Urbano II deixava a terra, indo-se para a “bem-aventurada Jerusalém, visão de paz”, sem saber do sucesso que lhe coroava os esforços despendidos.

Morto o pontífice, atribuíram-lhe uma infinidade de milagres.

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Em 1881, a 14 de Julho, Leão XIII confirmou-lhe o culto, culto rendido desde os mais recuados tempos.

(Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XIII, p. 419 à 425)

Estátua de Urbano II, Châtillon sur Marne

Conheça mais sobre Urbano II

Em Clermont-Ferrand, no coração da França, o 27 de novembro de 1095, diante de um Concílio de 13 arcebispos e 225 bispos, o Bem-aventurado Papa Urbano II pregou a primeira cruzada. O espetáculo era comovedor.

Um Concílio, sob a presidência de um Papa sentado na Sede de São Pedro: a luz colocada num candelabro para iluminar todos os povos.

Aquele que é o foco de irradiação da virtude, na cátedra que ensina a verdade e o bem, se dirige às falanges de Nosso Senhor e de Nossa Senhora para a luta contra o mal.

Este homem, como um novo anjo, na cátedra de São Pedro se toma de zelo pela desventura dos lugares Santos.

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Ele não pode tolerar que os lugares Santos estejam de posse de infiéis.

Ele não pode suportar que seja tão difícil chegar até os lugares Santos, para ali prestar culto a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Ele, em nome de Nosso Senhor, agindo como seu vigário na Terra, convoca a primeira Cruzada.

Eis suas palavras que ficaram registradas para a História:

Bem-aventurado Papa Urbano II: a versão mais completa do Sermão da Cruzada

Povo dos Francos, povo de além Alpes, povo – como reluz em muitas de vossas ações ‒ eleito e amado por Deus, distinguido entre todas as nações pela posição de vosso país, pela observância da fé católica e pela honra que presta à Santa Igreja, a vós se dirige nosso discurso e nossa exortação.

Queremos que vós saibais do lúgubre motivo que nos conduziu até vossas terras; da necessidade ‒ para vós e para todos os fiéis ‒ de conhecerem o motivo que nos impeliu até aqui.

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Desde Jerusalém e desde Constantinopla chegou até nós, mais de uma vez, uma dolorosa notícia: os turcos, povo muito diverso do nosso, povo de fato afastado de Deus, estirpe de coração inconstante e cujo espírito não foi fiel ao Senhor, invadiu as terras daqueles cristãos, as devastou com o ferro, a rapina e o fogo.

Levou parte dos habitantes como prisioneiros até seu país, outra parte matou com infames estragos, e as igrejas de Deus ou as destruiu até os fundamentos ou as entregou ao culto da religião deles.

Derrubam os altares após profaná-los imundamente, circuncidam os cristãos e espalham o sangue da circuncisão sobre os altares ou jogam-no nas pias batismais; e àqueles que querem condenar a uma morte vergonhosa perfuram o umbigo, arrancam os genitais, os amarram a um pau e, chicoteando-os, levam-nos pelas ruas, para que com as vísceras de fora, acabem caindo mortos prostrados por terra.

Outros se servem deles como alvo de flechas após amarrá-los a um pelourinho; a outros, após obrigá-los a dobrar a cabeça, os atacam com espadas e tentam decapitá-los de um só golpe.

O que dizer da violência nefanda praticada com as mulheres, sobre a qual é pior falar do que calar?

O reino dos gregos já foi atingido tão gravemente por eles e tão perturbado na sua vida diária que não pode ser atravessado sequer numa viagem de dois meses.

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A quem, pois, cabe o ônus de vingá-lo e de reconquistá-lo se não a vós a quem Deus, mais de que aos outros povos, concedeu a insigne glória das armas, grandeza de alma, agilidade de corpo, força para humilhar a fundo aqueles que a vós resistem?

Que a gesta de vossos antepassados vos mova, que excite vossas almas a atos dignos dela, a probidade e a grandeza de vosso rei Carlos Magno e de Luis seu filho e de outros soberanos vossos que destruíram o reino dos pagãos e até eles estenderam os confines da Igreja.

Sobretudo que vos incite o Santo Sepulcro do Senhor, nosso Salvador, que está nas mãos de gentes imundas, e os lugares santos, que agora estão por eles vergonhosamente possuídos e irreverentemente profanados com sua imundície.

Não vos detenha o pensamento de alguma propriedade, nenhuma preocupação pelas coisas domésticas, pois esta terra que vós habitais, circundada por todo lado pelo mar ou pelas montanhas, ficou estreita para vossa multidão, não é exuberante de riqueza e apenas fornece do que viver a quem a cultiva. Ó soldados fortíssimos, filhos de pais invictos, não vos mostreis decadentes, mas lembrai-vos da coragem de vossos predecessores; e se vos segura o doce afeto dos filhos, dos pais e das consortes, atentai para o que diz o Senhor no Evangelho:
Por isso vós vos ofendeis e vos hostilizais reciprocamente, vós vos fazeis guerra e com frequência vos matais entre vós mesmos.

Cessem, pois os ódios intestinos, apaguem-se os contenciosos, aplaquem-se as guerras e sossegue toda discórdia e inimizade.

Empreendei o caminho do Santo Sepulcro, arrancai aquela terra àquele povo celerado e submetei-la a vós: ela foi dada por Deus em propriedade aos filhos de Israel; como diz a Escritura, nela correm rios de leite e mel.

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Jerusalém é o centro do mundo, terra feraz por cima de qualquer outra quase como um paraíso de delícias; o Redentor do gênero humano a tornou ilustre com sua vinda, a honrou com sua passagem, a consagrou com sua Paixão, a redimiu com sua morte, e a tornou insigne com sua sepultura.

Exatamente esta cidade real posta no centro do mundo agora é tida em sujeição pelos próprios inimigos e pelos infiéis, feita serva do rito pagão.

Ela eleva sua lamentação e anela ser liberada e não cessa de implorar que vós andeis no seu socorro.

De vós mais do que qualquer outro povo ela exige ajuda, pois vos tem sido concedida por Deus, por sobre todas as estirpes, a glória das armas.

Empreendei, pois este caminho em remissão de vossos pecados, certos da imarcescível glória do reino dos Céus.

Ó irmãos amadíssimos, hoje em nós manifestou-se o que o Senhor diz no Evangelho: “Onde dois ou três estarão reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles”.

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Se o Senhor Deus não tivesse inspirado vossos pensamentos, vossa voz não teria sido unânime; e ainda que tenha ressoado com timbres diversos, foi única, entretanto a sua origem: foi Deus que a suscitou, foi Deus que a inspirou em vossos corações.

Seja, pois, esta vossa voz, o vosso grito de guerra, posto que ele vem de Deus.

Quando fores ao ataque dos belicosos inimigos, seja este o grito unânime de todos os soldados de Deus: “Deus o quer! Deus o quer!”

Nós não convidamos a empreender este caminho aos velhos ou àqueles que não são aptos para portar armas, nem as mulheres; que as mulheres não partam sem seus maridos ou sem irmãos ou sem representantes legítimos: todos estes são mais um impedimento do que uma ajuda, mais um peso do que uma vantagem.

Que os ricos sustentem os pobres e levem a seu custo homens prestes para combater.

Aos sacerdotes e clérigos de qualquer ordem não seja lícito partir sem licença de seu bispo, porque esta viagem lhes seria inútil sem esse assentimento; e nem sequer aos leigos seja permitido partir sem a bênção de seu sacerdote.

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Todo aquele que queira cumprir esta santa peregrinação e que faça promessa a Deus e a Ele se tenha consagrado como vítima viva, santa e aceitável, leve sobre seu peito o sinal da Cruz do Senhor.

Aquele que, após ter cumprido seu voto queira retornar, dê meia-volta.

Cumprirão assim o preceito que o Senhor dá no Evangelho: “Quem não carrega sua cruz e não vem detrás de Mim não é digno de Mim”.

Clermont, 27 de novembro de 1095.
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