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Santo do Dia

São Cirilo de Jerusalém – 18 de Março

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SANTO DO DIA – 18 DE MARÇO – SÃO CIRILO DE JERUSALÉM
Bispo e doutor da Igreja (315-386)

Desde o início dos tempos cristãos a heresia se infiltrara na Igreja, mas, foi no século IV, que ocorreram as do arianismo e do nestorianismo causando profundas divisões. Cirilo viveu nesse período em Jerusalém, perto de onde nascera em 315, de pais cristãos e bem situados financeiramente. Muito preparado, desde a infância, nas Sagradas Escrituras e nas matérias humanísticas, em 345 foi ordenado sacerdote.

Em 348, foi consagrado, bispo de Jerusalém. Ocupou o cargo durante aproximadamente trinta e cinco anos, dezesseis dos quais passou no exílio, em três ocasiões diferentes. A primeira porque o bispo Acácio, de grande influência na Igreja, cuja obra foi citada por São Jerônimo, acusou Cirilo de heresia. A segunda por ordem do imperador Constâncio que entendeu ser Cirilo realmente um simpatizante dos hereges, mas em sua defesa atuaram os bispos, Atanásio e Hilário, ambos Padres da Igreja assim como o próprio bispo Cirilo o é. A terceira, foi a mais longa, porque o imperador Valente, este sim herege, decidiu mandar de volta ao exílio todos os bispos anistiados, fato que fez Cirilo peregrinar durante onze anos, por várias cidades da Ásia, até a morte do soberano, em 378.

O seu trabalho, entretanto resistiu a tudo e chegou até nossos dias e especialmente porque ele sabia ensinar o Evangelho, como poucos. Em sua cidade, logo que se tornou sacerdote e no início do episcopado era o responsável por preparar os catecúmenos, isto é, os adultos que se convertiam e iriam ser batizados. Foi nesse período que escreveu dezoito discursos catequéticos, um sermão, a carta ao imperador Constantino e outros pequenos fragmentos. Treze escritos eram dedicados à exposição geral da doutrina e cinco dedicados ao comentário dos ritos Sacramentais da iniciação cristã. Assim, seus escritos explicam detalhadamente os ‘como’ e os ‘porquês’ de cada oração, do batismo, da crisma, da penitência, dos sacramentos e dos mistérios do Cristianismo, ditos dogmas da Igreja.

Cirilo também soube viver a religião na prática. Numa época de grande carestia, por exemplo, não hesitou em vender valiosos vasos litúrgicos e outras preciosidades eclesiásticas, para matar a fome dos pobres da cidade. Ele morreu no ano 386.

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Desde o início de sua vida religiosa, Cirilo cujo caráter era afável e suave, sempre preferiu a catequese aos assuntos polêmicos, chegando quase a se comprometer com os arianos e semi-arianos. Porém, de maneira contundente aderiu à doutrina ortodoxa da Igreja no III Concílio ecumênico de Constantinopla, em 382, no qual ficou clara sua sempre fiél postura à Santa Sé e à Verdade de Cristo. Nessa oportunidade teve em seu favor a eloquência das vozes dos sinceros bispos e amigos, Atanásio e Hilário, que o chamaram ‘valente lutador para defender a Igreja dos hereges que negam as verdades de nossa religião’.

Sua canonização demorou porque, durante muito tempo, seu pensamento teológico foi considerado vacilante, como dizem os registros. Em 1882, o Papa Leão XIII, na solenidade em que instituiu sua veneração, honrou São Cirilo de Jerusalém com os títulos de doutor da Igreja e príncipe dos catequistas católicos.

São Cirilo de Jerusalém - (18/03)

Conheça mais sobre São Cirilo de Jerusalém

Nossa atenção se concentra hoje em São Cirilo de Jerusalém. Sua vida representa o cruzamento de duas dimensões: por um lado, a atenção pastoral, e por outro, a participação, apesar dele, das acesas controvérsias que turbaram então a Igreja do Oriente.

Nascido em torno do ano 315, em Jerusalém ou perto dela, Cirilo recebeu uma ótima formação literária, que se converteu no fundamento de sua cultura eclesiástica, centrada no estudo da Bíblia. Ordenado presbítero pelo bispo Máximo, quando este morreu ou foi deposto, no ano 348, foi ordenado bispo por Acácio, influente metropolitano de Cesaréia da Palestina, filo-ariano, convencido de que era seu aliado. Por este motivo, deu-se a suspeita de que havia alcançado a nomeação episcopal após ter feito concessões ao arianismo.

Na realidade, rapidamente, Cirilo enfrentou Acácio não só no campo doutrinal, mas também no da jurisdição, pois Cirilo reivindicava a autonomia de sua própria sede com relação à do metropolitano de Cesaréia. Em cerca de vinte anos, Cirilo experimentou três exílios: o primeiro, no ano 357, após ter sido deposto por um Sínodo de Jerusalém; no ano 360, um segundo exílio provocado por Acácio e, por último, um terceiro, mais longo — durou onze anos –, no ano 367, por iniciativa do imperador filo-ariano Valente. Só em 378, depois da morte do imperador, Cirilo pôde voltar a tomar definitivamente posse de sua sede, restabelecendo entre os fiéis a unidade e a paz.

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A favor de sua ortodoxia, posta em dúvida por algumas fontes da época, advogam outras fontes da mesma antiguidade. Entre elas, a mais autorizada é a carta sinodal do ano 382, depois do segundo Concilio ecumênico de Constantinopla (381), no qual Cirilo havia participado com um papel destacado. Nessa carta, enviada ao pontífice romano, os bispos orientais reconhecem oficialmente a mais absoluta ortodoxia de Cirilo, a legitimidade de sua ordenação episcopal e os méritos de seu serviço pastoral, ao qual a morte pôs ponto final no ano de 387.

Dele conservamos 24 famosas catequeses, que pronunciou como bispo por volta do ano 350. Introduzidas por uma «Procatequese» de acolhida, as primeiras 18 estão dirigidas aos catecúmenos ou «iluminados» («photizomenoi»). Foram pronunciadas na basílica do Santo Sepulcro. As primeiras (1-5) falam respectivamente das disposições prévias ao Batismo, da conversão dos costumes pagãos, do sacramento do Batismo, das dez verdades dogmáticas contidas no Credo ou Símbolo da fé.

As sucessivas (6-18) constituem uma «catequese contínua» sobre o Símbolo de Jerusalém, em chave antiariana. Entre as últimas cinco (19-23), chamadas «mistagógicas», as duas primeiras desenvolveram um comentário aos ritos do Batismo, as últimas três falam do crisma, do Corpo e do Sangue de Cristo e da liturgia eucarística. Incluem a explicação do Pai Nosso («Oratio dominica»), que apresenta um caminho de iniciação à oração, que se desenvolve paralelamente à iniciação aos três sacramentos, o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia.

O fundamento da educação na fé cristã se desenvolvia, em parte, em chave polêmica contra os pagãos, judeu-cristãos e adeptos do maniqueísmo. A argumentação se fundamentava na aplicação das promessas do Antigo Testamento, com uma linguagem cheia de imagens. A catequese era um momento importante, marcado no amplo contexto de toda a vida, em particular a litúrgica, da comunidade cristã, em cujo seio materno acontecia a gestação do futuro fiel, acompanhada pela oração e pelo testemunho dos irmãos.

Em seu conjunto, as homilias de Cirilo constituem uma catequese sistemática sobre o renascimento através do Batismo. Ao catecúmeno, ele diz: «Caíste nas redes da Igreja (cf. Mateus 13, 47): com vida serás colhido; não fujas; é Jesus quem te jogou a isca, e não para destinar-te a morte, mas para, entregando-te a ela, recobrar-te vivo: pois é necessário que tu morras e ressuscites (cf. Romanos 6, 11.14)… Morre aos pecados e vive para a justiça; fá-lo desde hoje» («Procatequese» 5).

Desde o ponto de vista doutrinal, Cirilo comenta o Símbolo de Jerusalém recorrendo à «tipologia» das Escrituras, em relação «sinfônica» entre os dois Testamentos, até chegar a Cristo, centro do universo. A tipologia será eficazmente descrita por Agostinho de Hipona: «O Novo Testamento está escondido no Antigo, enquanto o Antigo se torna manifesto no Novo» («De catechizandis rudibus» 4, 8).

A catequese moral está ancorada com uma profunda unidade na catequese doutrinal: faz que o dogma descenda progressivamente nas almas, que deste modo são alentadas a transformar os comportamentos pagãos na nova vida em Cristo, dom do Batismo.

Por último, a catequese mistagógica constituía a reunião da educação que Cirilo ministrava aos que já não eram catecúmenos, mas neobatizados ou neófitos durante a semana da Páscoa. Levava-os a descobrir, nos ritos batismais da Vigília pascal, os mistérios contidos neles e que ainda não lhes haviam sido desvelados. Iluminados por uma fé mais profunda graças ao Batismo, os neófitos eram capazes finalmente de compreendê-los melhor, ao ter celebrado os ritos.

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Este texto explica o mistério do Batismo: «Fostes submersos três vezes na água, levantando-vos também três vezes. Também nisso significastes em imagem e simbolicamente a sepultura de Cristo por três dias. Pois, assim como nosso Salvador passou três dias e três noites no seio da terra (cf. Mateus 12, 40), também vós imitastes o primeiro dia que Cristo passou no sepulcro ao levantar-vos da água pela primeira vez e, com a imersão, a primeira noite, pois do mesmo modo que o que está na noite já não vê, e o que se move no dia caminha na luz, vós, ao submergir-vos, como na noite, deixastes de ver, mas, ao sair, fostes postos como no dia. No mesmo momento haveis morrido e haveis nascido, e aquela água chegou a ser para vós sepulcro e mãe… Para vós.. o tempo de morrer coincidiu com o tempo de nascer. E um tempo único conseguiu ambas coisas, pois com vossa morte coincidiu vosso nascimento» («Segunda Catequese Mistagógica», 4).

O mistério que é preciso assimilar é o plano de Deus, que se realiza através das ações salvíficas de Cristo na Igreja. Por sua vez, a dimensão mistagógica está acompanhada pela dos símbolos que expressam a vivência espiritual que fazem «explodir».

Deste modo, a catequese de Cirilo, em virtude dos três elementos descritos — doutrinal, moral e, por último, mistagógico — converte-se em uma catequese global no espírito. A dimensão mistagógica se converte em síntese das duas primeiras, orientando-as à celebração sacramental, na qual se realiza a salvação de todo o homem.

Trata-se, em definitivo, de uma catequese integral que implica o corpo, a alma e o espírito e continua sendo emblemática para a formação catequética dos cristãos de hoje.

Catequeses Mistagógicas de S. Cirilo de Jerusalém

Prefácio

A obra catequética de S. Cirilo de Jerusalém compõe-se de 2 Catequeses. No presente volume apresentamos as Catequeses Mistagógicas. Deixamos para um próximo volume a Catequese Preli-minar e as 18 Catequeses Pré-batismais. Publicamos em primeiro lugar as Catequeses Mistagógicas não só pela importância das mesmas, mas por constituírem uma unidade de doutrina que nos abre as portas para uma melhor compreensão e aproveitamento das demais Catequeses.

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As Catequeses de S. Cirilo são consideradas como sendo a coleção catequética, após a de Agostinho, a mais completa que a Antigüidade nos legou. Através delas podemos apreciar o con-teúdo de tudo quanto constituía a educação religiosa ministrada aos que se convertiam ao Cristianismo. O Credo, detalhadamente comentado, é tido como uma jóia preciosa do tesouro teológico da Igreja Primitiva. Nas Catequeses Pré-batismais o Credo, muito semelhante ao Credo Niceno-constantinopolitano, nos é transmitido com comentários e interpretações próprias da época. Nas Catequeses Mistagógicas é o culto cristão: Batismo, Confirmação, Celebração Eucarística, com o respectivo rito, que é explicado. Pelas Catequeses temos acesso ao anúncio da fé da Igreja Primitiva e às manifestações culturais desta fé.

A tradução de toda a obra catequética foi feita por fr. Frederico Vier, O.F.M. Durante os últimos anos de sua vida, ele consagrou as horas que lhe sobravam do cansativo trabalho de Revisor e Vice-Diretor da Editora Vozes a este trabalho de tradução das Catequeses de S. Cirilo. É a ele que dedicamos esta obra como expressão de uma vida de dedicação incansável e de perseverança inexaurível. Era com amor que o víamos horas a fio tentando descobrir a melhor expressão, o termo mais apropriado para designar o pensamento do bispo de Jerusalém. A experiência de anos na revisão de textos e manuscritos o tornou sensível às sutilezas da língua e solidificou seu desejo de fidelidade ao autor. Infelizmente, a morte o colheu antes que tivesse concluído a obra. Coube-nos, com a colaboração de fr. Salésio Hillesheim, O.F.M., concluí-la.

Petrópolis, 21 de agosto de 1976.

Frei Fernando A. Figueiredo, O.F.M.

Introdução

  1. Dados biográficos

No ano 348 tornou-se Cirilo bispo da cidade de Jerusalém, onde provavelmente nasceu por volta do ano 315. Fora em 345 ordenado sacerdote por Máximo II, a quem sucederia após sua morte ou deposição levada a efeito pelos eusebianos. Muito depressa Acácio, metropolita da Província e um dos chefes dos eusebianos, investe contra Cirilo, defensor da fé de Nicéia. Seguem-se acusações mútuas acerca da fé de cada um. Cirilo é exilado por três vezes em uma situação parecida à de S. João Crisóstomo com Teófilo de Alexandria.

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Em 358/9 o concílio de Seleucia o restabelece em sua sé episcopal. No ano seguinte será desterrado por ordem do Imperador Constâncio, movido por Acácio e seguidores. Ele permanece no desterro até 362, quando é favorecido pela anistia geral proclamada por Juliano. Porém, em 367, apesar da morte de Acácio, ele volta ao exílio até que, em 378, Graciano decreta a suspensão do desterro para todos os bispos católicos. Em 381 encontramo-lo entre os padres conciliares do primeiro Concílio de Constantinopla. A liturgia ocidental e oriental comemora no dia 18 de março a sua morte, que deve ter-se dado no ano de 387.

É necessário distinguir em Cirilo o teólogo e a testemunha da fé e da Tradição cristã, de modo geral, e da Igreja de Jerusalém, em particular. Como teólogo ele não apresenta a profundidade doutrinal dos Padres da segunda metade do século IV, defensores da ortodoxia, como S. Atanásio e S. Hilário ou teólogos como Basílio e os demais Padres Capadócios que marcarão o pensamento teológico, influenciando as gerações futuras. Mas é uma valiosa testemunha da Tradição antiga e eco da fé católica professada em Nicéia e, mais tarde, no primeiro Concílio de Constantinopla.

  1. Caracterização da época

Uma rápida visão da época em que viveu Cirilo ajudar-nos-á a melhor apreender o motivo que subjaz a muitos ditos seus ao longo de suas obras.

No século II a Igreja se vê diante de correntes religiosas que se esforçam para exercer uma espécie de sedução sobre os homens de seu tempo: a gnose e as religiões de Mistério. O gnosticismo continuará presente nos séculos posteriores sob formas diversas, sendo combatido por Justino, Santo Ireneu, Tertuliano e o autor dos Philosophumena. Localizar-se-á, sobretudo, no Egito e na Síria. A gnose fala de uma centelha divina no homem, o qual, provindo do reino divino, caiu neste mundo. Aqui o homem se encontra submisso ao destino, ao nascimento, à morte e tem necessidade de ser despertado por seu arquétipo celeste ao qual ele finalmente se reunirá. Esta libertação se dá pelo conhecimento (gnose), que consiste essencialmente em conhecer-se, melhor, se reduz à necessidade de reconhecer o elemento divino que constitui o verdadeiro «eu». Liberta-se assim de todos os «poderes» que o retêm no «profano» e no erro.

Ao mesmo tempo que tais correntes angariavam adeptos, no interior da Igreja se assistia ao surgimento de doutrinas anti-trinitárias. Incapazes de admitir a diversidade de Pessoas na uni-dade de uma e mesma Natureza divina, negavam alguns a divindade do Cristo reduzindo-o a um simples homem dotado de extraordinários poderes e virtudes (dinamistas), ou explicavam sua personalidade como mera modalidade da de Deus Pai (modalistas, patripassianos). Em relação ao Filho, temos Noeto e Práxeas; em relação ao Espírito Santo, temos Sabélio.

Daí à doutrina sustentada por Ario, sacerdote da Igreja de Alexandria, seria um passo. Logo após a vitória sobre Licínio, Constantino, único imperador, escreve a Alexandre, bispo de Alexandria, para que ele se ponha de acordo com Ario. Alexandre se escandalizara com as posições cristológicas de seu sacerdote Ario, que, de mil maneiras, mesmo através de cânticos populares, ensinava que o Cristo não é verdadeiramente Deus. Em uma carta a Eusébio de Nicomedia, Ario expõe sua posição: «Ele (o Cristo) começou a existir por um ato de vontade. Antes de ser gerado Ele não era». Tal discussão culminará com o primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia, em 325, onde se proclamará, contra o arianismo, a divindade do Filho e sua consubstancialidade (homo-ousía) com o Pai.A luta ariana (318-381) coincide com a vida de S. Cirilo e caracteriza este período. Concílios e sínodos, fórmulas e mais fórmulas de fé, mútuas condenações constituem a tecedura desta luta. Para aumentar a confusão dos fiéis, surgiram, dentro das correntes heterodoxas, outras com matizes diversos, uma mais extremada, a dos anomeus, outra mais mitigada; a dos semi-arianos ou homoioúsios. A muitos faltavam serenidade e magnanimidade, deixando-se envolver em intrigas e mesmo fraudes e violências.

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Em meio a tal situação se destacam a ousadia e a sobriedade, a profundidade e a mente esclarecida de um Basílio Magno, Gregório Nazianzeno, Gregório de Nissa, Cirilo de Alexandria e outros. S. Cirilo em suas catequeses alerta os fiéis não só contra as afirmações anticristãs provindas do meio gentílico ou judaico, mas também contra as asserções heréticas. Enumera os vícios dos deuses adorados pelos pagãos, assim como de seus adoradores. Busca no A.T. anúncios e prefigurações do N.T., em oposição aos judeus, e mostra a unidade de ambos os Testamentos, o que era rejeitado pelos gnósticos. Levanta-se contra os hereges, cujas obras ele diz ter lido: «Estas coisas, fala Cirilo, estão nos livros dos maniqueus, eu as li, porque não cria nos que me falavam delas; e as examinei cuidadosamente para segurança vossa e ruína dos outros».

Muito se escreveu sobre o fato de Cirilo jamais empregar o termo homooúsios: consubstancial. Todavia, a simples leitura de suas catequeses nos mostra um Cirilo preocupado em ser o mais simples possível, evitando sempre que possível o emprego de termos teológicos. Ele tem diante de si pessoas pouco versadas em doutrina cristã, às quais deseja transmitir de modo acessível e com proveito suas instruções. Daí o fato de ele expor a doutrina em uma terminologia fundamentalmente bíblica. Ademais, o termo homooúsios foi compreendido por alguns em um sentido sabeliano, que Cirilo tantas vezes combate.

  1. Particularidades da Igreja de Jerusalém

Através das próprias catequeses de S. Cirilo podemos ter uma idéia da Igreja de Jerusalém. O costume da catequese era cuidadosamente observado em Jerusalém. Se em outras Igrejas a exposição do Credo se resumia a duas, três ou mais apresentações, em Jerusalém se lhe dedicava todo o tempo da Quaresma. Compreende-se o motivo pelo qual o conjunto das catequeses nos oferece todo um sistema doutrinário. Na Catequese Preliminar ele nos faz ver a importância conferida a esta ação catequética: «Aprende o que ouves e guarda-o para sempre. Não creias serem estas homilias habituais. Também elas são boas e dignas de fé».

Cirilo pronuncia as catequeses na Igreja da Ressurreição e na Capela do Santo Sepulcro. Para que alguém fosse admitido ao catecumenato exigia-se, segundo menciona Eusébio, a imposição das mãos e a oração. O primeiro Concílio de Constantinopla (381) nos fala dos exorcismos e da insuflação, feitos em três dias consecutivos. No primeiro dia, diz o Concílio, fazemo-los cristãos; no segundo catecúmenos; no terceiro os exorcizamos, soprando por três vezes o rosto e os ouvidos e assim os catequizamos. 4 São Cirilo se refere expressamente aos exorcismos 5, os quais são recebidos com a face coberta com um véu: «O teu rosto foi coberto com um véu, a fim de que todo o teu pensamento não estivesse disperso, e o olhar, divagando, não fizesse vagar também o coração».

Após o primeiro grau de Catecumenato passa-se ao dos Competentes com todo um período de preparação e que antecedia em algumas semanas à Páscoa. O bispo lhes dirigia uma exortação, seguida da inscrição nos registros da Igreja. Esta se fazia, em Jerusalém, no princípio da Quaresma e num mesmo dia. Recebiam então o nome de fiéis. «Vê que, sendo chamado fiel, tua intenção não seja de um infiel».

Findo o que se seguia à preparação imediata para o batismo que compreendia duas partes principais:

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a) Preparação ascética, que Cirilo descreve na Catequese Preliminar, na primeira e na segunda Catequese. Três obras a caracterizam: o jejum, a penitência e a confissão dos pecados.

Jejum – O jejum se estendia, na comunidade jerosolimitana, pelo espaço de 40 dias, inclusive os sábados e domingos , e abarcava também a abstinência de vinho e carnes. Além deste jejum quaresmal existia o jejum pascal, muito mais rigoroso.

Penitência – Acentua-se não só a penitência externa, mas também a interna como meio imprescindível para uma digna recepção do batismo. Diz Cirilo: «Prepara teu coração para re-ceberes as doutrinas, para participares dos sagrados mistérios». É o convite à renúncia a todo mau hábito e à purificação dos pecados. «Deixa desde já toda obra má; que tua língua não fale palavras inconvenientes; que teu olhar já não peque mais e que teu espírito não se ocupe com coisas vãs.” Este espírito de penitência é fruto da graça de Deus implorada na oração. Por isso Cirilo insiste que seus ouvintes sejam assíduos à oração: “Reza com insistência a fim de que Deus te faça digno dos celestes e imortais mistérios. Não cesses nem de dia nem de noite”. Quarenta dias, no entanto, é pouco tempo de preparação para os que viveram entregues às vaidades. Daí a necessidade de receber com toda devoção os exorcismos , assistir às catequeses com pureza de intenção. Confissão – S. Cirilo desenvolve de modo todo especial o inciso sobre a confissão dos pecados. No início da primeira Catequese ele exclama: «Vós que estais cobertos com o manto das transgressões e estais ligados com as cadeias dos vossos pecados, escutai a voz profética que diz: Lavai-vos, purificai-vos». Em outra Catequese ele repete: «Quão excelente é confessar-se».

A segunda Catequese é praticamente uma grande exortação à confissão apresentada não como mero relato de pecados, mas expressando uma situação existencial e conseqüente vontade de mudar de vida. Os termos que ocorrem para designar a confissão são significativos: (confissão) e (penitência).

b) Preparação catequética. Nota-se aqui a diferença da Igreja de Jerusalém das demais Igrejas. Como já dissemos acima, em Jerusalém se emprega toda a Quaresma para explicar o Credo, enquanto nas demais igrejas a exposição do Credo se restringe a duas ou mais apresentações. Cirilo profere 23 catequeses, o que por si só exprime a importância que é dada à catequese na preparação batismal. As dezoito primeiras se dirigem aos que se preparam para o batismo e comentam basicamente o Credo artigo por artigo. As últimas cinco são pronunciadas para os recém-batizados, durante a semana da Páscoa, na capela do Santo Sepulcro. As cinco tratam da doutrina, dos ritos e cerimônias dos sacramentos do Batismo, da Confirmação e da Eucaristia.

  1. Apresentação geral de sua obra

Como já assinalamos Cirilo pronuncia 23 catequeses que podem ser divididas em dois blocos distintos: As 18 primeiras pronunciadas em preparação para o batismo e as 5 últimas aos já batizados. Quase todas foram proferidas na Igreja do Santo Sepulcro e, como observa J. Quasten, «uma nota conservada em diversos manuscritos recorda que elas foram copiadas em estenografia, ou, ainda; que elas representam a transcrição de um de seus ouvintes, e não uma cópia «manu propria» do bispo». Precede às 18 primeiras uma alocução preliminar ou introdução geral, na qual Cirilo prepara os ouvintes para receber, com maior proveito, as instruções pré-batismais. Após uma ardorosa recepção: «Já vos impregna, ó iluminandos, o odor da bem-aventurança», o bispo acentua a necessidade da penitência e purificação dos pecados, da prece e da disciplina pessoal e de uma intenção livre de todo interesse mundano para se aproximar do sacramento de iniciação. O mesmo é repetido nas duas primeiras catequeses, que versam sobre o pecado e a penitência. Na terceira, ele trata do batismo e de seus efeitos. A quarta é um breve compêndio da doutrina sobre a fé. Aí ele expõe as verdades necessárias ao homem para que ele se salve. Em primeiro lugar, alude ao Credo onde se professa o Deus Criador, seu Filho Jesus Cristo e o Espírito Santo. Em seguida, apresenta a doutrina cristã sobre o homem, sua natureza, sua vida moral e seu fim último. Finalmente, discorre sobre o conhecimento de Deus e de nós mesmos, fundado na Sagrada Escritura.

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Da quinta à décima oitava Catequese Cirilo dá uma explicação detalhada dos artigos do Credo, que se aproxima muito da fórmula do Concílio de Constantinopla (381). Por exemplo, na quinta ele expõe a palavra Credo. Segue-se o primeiro artigo: “Creio em um só Deus” e assim por diante.

As Catequeses Mistagógicas (19-23) versam sobre os sacramentos recebidos pelos neófitos na vigília pascal. Doutrina que permanecera até então oculta. Daí o nome de catequeses mistagógicas. Nas duas primeiras, o bispo busca explicar as cerimônias que precederam ao batismo. Na terceira fala da Confirmação; na quarta da Eucaristia e na quinta trata da liturgia da Santa Missa.

  1. Autoria das Catequeses

A. Piédagnel apresenta, na edição francesa das Catequeses Mistagógicas, uma visão histórica bastante ampla da questão da autoria das catequeses, em geral, e das Mistagógicas, em particular.

A questão surgiu no século XVI com Josias Simler que, fundado em um catálogo de manuscritos gregos da cidade de Augsburgo, conclui que a totalidade das catequeses são erroneamente atribuídas a Cirilo. Teriam sido proferidas por João II de Jerusalém, sucessor de Cirilo. Mais tarde, o protestante Thomas Mille refere-se não mais ao catálogo, mas aos títulos encontrados em tal manuscrito e que não indicam a autoria das catequeses «ad illuminandos». As cinco mistagógicas têm, no entanto, a João como autor. Mesmo assim Thomas as atribui a Cirilo. A edição de A. Touttée, beneditino, algum tempo depois, busca provar a autoria de Cirilo para as Mistagógicas.

No século XIX as edições de W. K. Reischl e J. Rupp, embora assinalem que o Codex Monacencis 394 por duas vezes citava as mistagógicas como sendo pronunciadas por João II, consideram não ser um argumento válido para negar a autoria de Cirilo face a tantos outros testemunhos em seu favor.

Quatro outros manuscritos, o Ottobonianus 86 (s.X-XI), o Ottobonianus 446 (s.XV), o Vaticanus 602 (s. XVI) e o Monacensis 278 (s.XVI), atribuem as mistagógicas ora a Cirilo, ora a João. Por causa de tais manuscritos, Th. Schermann, W. J. J. Swaans, M. Richard, W. Telfer, G. Kretschmar e outros fazem remontar a redação das mistagógicas para o final do IV século, atribuindo-as a João II.

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Apesar de tais objeções, diversos autores citam outros manuscritos, como por ex. o Bodleianus Roe 25, o Vindobonensis 55 etc., que apresentam as catequeses mistagógicas sem nome do autor, logo após a Catequese Preliminar e as 18 Pré-batismais. Antecede à Catequese Preliminar o nome de Cirilo. Existe também uma tradição literária, embora tardia (séc. VIII-XI), na qual encontram-se citações das Catequeses Mistagógicas com o nome de Cirilo. Ademais, fez-se toda uma análise das diversas catequeses chegando-se a inúmeras provas que falam de um único e mesmo autor, Cirilo. O estudo comparativo entre passagens de textos de cada grupo de catequeses indica uma origem comum. «Touttée, escreve A. Piédagnel, assinalava também o emprego do mesmo método de exposição nas duas séries de catequeses: ele consiste em partir de uma citação da Escritura, em se referir ao longo da Catequese a numerosos textos, do AT em particular, em intercalar aí algumas paráfrases, em terminar por uma exortação de ordem moral e uma doxologia idêntica».

Chegou-se assim a um consenso final de que não se encontra na tradição manuscrita um respaldo suficiente para negar a autoria de Cirilo não só em relação à Catequese Preliminar e às 18 Pré-batismais, como também em relação às Catequeses Mistagógicas.

  1. Conteúdo doutrinário das Catequeses

A doutrina exposta por S. Cirilo nas Catequeses se resume basicamente ao Credo. Eis a profissão de fé da comunidade de Jerusalém:

  1. Cremos em um Deus, Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.
  2. E em um Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai, Deus verdadeiro, antes de todos os séculos, pelo qual foram feitas todas as coisas.
  3. Que veio na carne e se fez homem (da Virgem e do Espírito Santo).
  4. Foi crucificado e sepultado.
  5. Ressuscitou ao terceiro dia.
  6. E subiu aos céus e está sentado à direita do Pai.
  7. E virá na glória para julgar os vivos e os mortos, cujo reino não terá fim.
  8. E em um Espírito Santo, o Paráclito que falou nos pro-fetas.
  9. E em um batismo de penitência para remissão dos pecados.
  10. E em uma santa católica Igreja.
  11. E na ressurreição da carne.
  12. E na vida eterna.

O símbolo não se encontra escrito integralmente nas Catequeses. Isso por causa da disciplina do arcano. Cirilo insiste sobre o segredo que os candidatos devem conservar não divulgando o que lhes fora ensinado. «Oferecemo-vos em poucos versículos o dogma inteiro da fé. Quero que o fixeis com as próprias palavras e o repitais convosco mesmos com todo cuidado, não o escrevendo em papel, mas gravando-o na memória de vosso coração».

O texto acima apresentado foi restabelecido por Touttée a partir do que se podia colher cá e lá nos títulos e ao longo das Catequeses. Todavia, a reconstrução, embora nos sugira qual seja o Credo de Cirilo, não é autêntica em todas as suas partes. Nas Catequeses 9,4 e 10,3 temos citações de Cirilo e que foram certamente transcritas de modo fiel pelos taquígrafos. Quanto aos títulos não se dá o mesmo. Parecem ser mais apresentações do redator que do próprio Cirilo. O redator procura resumir em poucas palavras o assunto a ser tratado nas Catequeses. Apesar destas dificuldades o texto exprime substancialmente o símbolo de Cirilo.

As Catequeses falam da fé e de suas fontes: a Sagrada Escritura e a Tradição, unidade e trindade de Deus, divindade e consubstancialidade das três Pessoas, mistério da Redenção, anjos, origem divina do homem, espiritualidade e imortalidade da alma, livre arbítrio, pecado, novíssimos, Igreja, sacramentos. Sobre o Cristo Cirilo rejeita o arianismo e apresenta sua posição que concorda com a fé de Nicéia. Cristo é verdadeiramente Deus. Ele é um com o Pai. «São um pela dignidade da divindade (…) Um são eles, porque não há entre eles discórdia ou separação, pois não são umas as obras criadas por Cristo, outras as criadas pelo Pai». O Espírito Santo é professado como uma personalidade distinta do Pai e do Filho, gozando igualmente da mesma divindade. Ele proclama sua fé trinitária: «Indivisa a fé, inseparável a piedade. Não fazemos separação na Santíssima Trin-dade, como alguns; nem confusão, como Sabélio».

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Estes temas não são tratados de modo igual, pois o objetivo de Cirilo é explicar o Símbolo e não apresentar um tratado sobre cada um dos temas. As Catequeses Mistagógicas, no entanto, falarão extensamente do Batismo, da Confirmação e da Eucaristia. Cirilo apresenta uma visão geral do batismo, explicitando o significado da unção e da imersão, e aponta seus efeitos, eficácia, necessidade, autor, sujeito e ministro.

Pelo batismo o cristão participa da vida mesma de Cristo. Cristo assumiu toda a realidade humana para que pudéssemos participar da salvação. «Batizados em Cristo e dele revestidos vos tornastes conformes ao Filho de Deus». Esta semelhança ao Filho é significada especificamente na Crisma, quando, «ungidos com o óleo, fostes feitos participes e companheiros de Cristo». Este processo de assemelhação ao Filho se realiza no e pelo próprio Filho, que se torna alimento espiritual. «Em forma de pão te é dado o corpo, e em forma de vinho o sangue, para que te tornes, tomando o corpo e o sangue de Cristo, concorpóreo e consangüíneo com Cristo». Ele é bastante explícito ao declarar que o pão e o vinho não são simples elementos, mas «são, conforme a afirmação do Mestre, corpo e sangue». 30 A coroa ou o «edifício espiritual» de toda instrução é a celebração eucarística, que o bispo de Jerusalém descreve minuciosamente interpretando a liturgia eucarística em seu desenrolar.

Vê-se pois a importância e o sentido das Catequeses de S. Cirilo não só para a Catequese e para a Liturgia, como também para a Teologia, que tem nelas o testemunho da Tradição cristã sobre as principais verdades de fé.

  1. Método e estilo

Em suas obras, Cirilo não nos deixa perceber que tenha observado um método com regras precisas. Com isso não se quer dizer que não haja certa ordem ao longo da exposição. Por vezes ele começa apresentando o erro dos hereges e mostra o ponto fraco da doutrina deles, para então expor a verdadeira doutrina e os argumentos que a apóiam. Outras vezes segue exatamente o caminho oposto. E quando a doutrina é puramente moral, como na Catequese Preliminar; ele não observa nenhuma ordem. Ele apresenta suas considerações assim como elas lhe vêem à mente. Penitência, aversão ao pecado, oração, leitura da Bíblia, rejeição da heresia, distanciamento de espectáculos e jogos maus ou perigosos, são recomendações que voltam sempre que é possível.

Quanto ao estilo, ele é bastante popular e simples. Diante de um auditório, que era de iniciantes na fé, sua linguagem assume uma feição muito familiar. É em tom de conversação que ele desenvolve as instruções. Muitas vezes ele deixa o tratamento «vós», que é empregado quando ele se dirige aos seus ouvintes de modo geral, e fala em «tu» como se estivesse se dirigindo pessoalmente a alguém. Refletem as Catequeses comunicação e clareza de linguagem. Algumas vezes porém ele deixa perceber uma eloqüência muito viva. Lemos na sexta Catequese: «Lembrai-vos do que foi dito: Que consórcio há entre a justiça e a iniqüidade? Que comunidade entre a luz e as trevas? (…) Aqui há ordem, aqui há disciplina, aqui há seriedade, aqui há castidade, aqui é considerado pecado olhar alguma mulher com olhos concupiscentes. Aqui o matrimônio é mantido em santidade (…). Associa-te às ovelhas. Foge dos lobos. Não te afastes da Igreja…».

Extratos pelo Apostolado Veritatis Splendor segundo a obra CATEQUESES MISTAGÓGICAS, S. Cirilo de Jerusalém. Coordenador: Frei Alberto Beckhäuser, O.F.M. Tradução de Frei Frederico Vier, O.F.M. Introdução e notas de Frei Fernando Figueiredo, O.F.M. Petrópolis, Editora Vozes Ltda. 1977.

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