SANTO DO DIA – 15 DE JUNHO – SANTA GERMANA
Virgem (1579-1601)
“Uma flor do campo sobre o altar do holocausto cotidiano oferecido a Deus”: assim é definida essa jovem santa, nascida em Pibrac, próximo a Tolosa, morta pelas privações com apenas 22 anos.
Germana nunca conheceu as alegrias do lar doméstico. Órfã de mãe, o pai, um rude camponês de escassa sensibilidade, desinteressou-se da filha, que sofria de escrófula desde a mais tenra idade; casou-se de novo e permitiu à mulher que tratasse Germana pior que a uma estranha. A mulher, de fato, livrou-se dela, mantendo-a constantemente longe de casa; obrigou-a desde a infância a sair com o rebanho, mesmo com mau tempo, para as solitárias pastagens da montanha.
Abandonada a si mesma, Germana encontrou conforto na oração e no exercício da caridade para com aqueles que eram mais pobres e sofredores que ela. Morreu na solidão, sobre um colchão de palha, num vão de escada. Foi canonizada em 1867.
Retirado do livro: ‘Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente’, Paulinas Editora.
Conheça mais sobre Santa Germana
Germana Cousin falecida em 1601, deixou o mundo bastante jovem: vinte e dois anos. Foi, desde que perdeu a mãe, que não chegou a conhecer, perene sofredora.
Filha dum pobre lavrador de Pibrac, aldeia que se situava perto de Tolosa, nasceu em 1579, quando das tristes guerrasde religião. Magra, mal nutrida, escrofulosa, tinha umas das mãos, a direita, deformada.
O pai não a amava. Nunca lhe deu sequer um carinho. E, quando se casou pela segunda vez, jamais se apoquentou com a perseguição que a madrasta sistematicamente moveu à filha.
Assim, na casa paterna, Germana nunca encontrou aquele repouso e aquela paz que todos encontramos, porto seguro que nos põem ao abrigo das piores tempestades.
Um dos seus biógrafos escreveu:
A madrasta, sempre irritada, repreendia-a constantemente, e deu-lhe, como quarto, o estábulo, como cama, duros sarmentos. Pouco satisfeita com tanta dureza, aquela mulher, por um capricho do mau humor, proibia ainda a pobre Germana de se abeirar das outras crianças da família, irmãos e irmãs que ela amava com grande ternura, procurando todas as ocasiões para servi-los sem manifestar qualquer ciúme das preferências odiosas do qual eles eram objetos, e ela a vítima.
Deus ensinou-lhe o amor ao sofrimento, por isso aceitava com alegria aquelas humilhações e estas injustiças. Calava-se e escondia-se, E, como se a cruz que carregava lhe parecesse assaz leve, juntava-lhe austeridades. Recusou, durante toda a vida, outra alimentação que não fora pão e água.
Pastora, Germana era a responsável pelos carneiros da família. E, conta-se, para ir à igreja, deixava-os aos cuidados de Deus: nunca, nestas ausências, animal algum se extraviou ou se perdeu, nem lobo jamais fez qualquer incursão nos campos em que os animais jaziam placidamente a pastar.
Conta-se também que, barrando-lhe o caminho da igreja havia um largo ribeirão, sem ponte: no verão, passava-o Germana facilmente pelo vau, mas, no tempo das chuvas, quando então o curso crescia, tornando-se rumoroso e perigoso, a jovem, viram-no vários camponeses da região, atravessava-o a pé enxuto, uma vez que as águas, como no Mar Vermelho, abriam-lhe um seguro caminho.
Quando nos campos sem fim, Germana estava constantemente com Deus. Do terço, fazia-o a principal oração. E, quando os sinos da igreja, ao longe, no crepúsculo, tocavam o Angelus, punha-se ela de joelhos, tivesse neve ou não, e suplicava à Virgem com grande ardor que lhe desse forças para tudo vencer e assim agradar a Deus.
Aos pequenos das redondezas, que às vezes vinham até ela, trazidos pelos folguedos sentava-os em roda e, com doçura, ensinava-lhes o catecismo, terminando por lhes falar de Deus, do quão bom era Ele, quão poderosa a sua Virgem Mãe e quão doce o Mestre, o Sublime Senhor Jesus nosso.
Penalizada com os pobres que pelos campos passavam, resolveu recolher os restos da casa para mitigar-lhes a fome.
Um dia, a madrasta suspeitou da enteada. Saía ela sempre com fatias de pão escondidas no avental? Deslindaria o caso. Havia de segui-la e, na hora azada, apanhá-la-ia de improviso.
Empunhou, certa tarde, um porrete, e pôs-se a seguir a jovem. Em dado momento, tomou por um atalho, ligeira, e foi, numa curva, surpreendê-la. Ríspida, ordenou a enteada que soltasse as pontas do avental. Que levava ela ali tão apertadamente?
Germana obedeceu, e uma chuva de flores jamais vistas, esquisitas e de grande frescor, caiu por terra, perfumando os ares. Era um milagre, uma vez que se estava no mais rijo inverno.
Um dia, não a viram sair com o rebanho, como habitualmente fazia. O pai, então, tratou de ver o que acontecera. No estábulo, onde dormia, não estava. Não costumava ela, às vezes, dormir no fundo do corredor, sobre o leito de sarmentos? Havia, pois, de lá estar. Perdera a hora, dormira mais do que devia.
Com efeito, Germana lá estava e dormia o sono eterno.
O povo, em massa, compareceu aos funerais da jovem Germana Cousin, porque sempre fora doce, caridosa, humilde, amiga, boa e paciente. Que dizer do ribeirão que separavam as águas para que pudesse atravessá-lo? Que dizer dos ensinamentos ministrados às crianças, nos campos? Que pensar das flores maravilhosas que, em pleno inverno, caíram-lhe do sujo avental, às vistas da madrasta sempre e sempre má e má?
Sabiam todos que perdiam um tesouro. Pressentiam-no.
Germana dói enterrada na igreja, diante do púlpito. Quarenta e três anos mais tarde, ou seja, em 1644, o coveiro, fazendo preparativos para enterrar uma parenta da Santa, encontrou, quase à flor da terra, um corpo deveras conservado. Era o corpo duma jovem que, ao ser tirado totalmente da cova, chamou a atenção por ter uma das mãos, a direita, deformada.
Os mais velhos do lugar de Pibrac, num átimo, reconheceram naquele corpo a jovem Germana Cousin, Muitos milagres então foram operados por Deus, e a heroicidade das virtudes de Germana, a 20 de Maio de 1850, foi proclamada em Roma. Beatificada a 7 de Maio de 1854, foi canonizada a 29 de Junho de 1867.
Logo, por todo o globo, espalhou-se o culto da doce pastorazinha, e, em 1901, em Pibrac, foi lançada a primeira pedra duma basílica em sua honra. (Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume X, p. 387 à 390)