SANTO DO DIA – 11 DE ABRIL – SANTA GEMMA GALGANI
Virgem (1878-1903)
Quando Jesus entra no coração de uma pessoa, o amor que inflama é tão grande que a transborda e supera. Esse foi o sentido da vida de Santa Gemma Galgani, uma jovem italiana a quem Cristo concedeu os estigmas e passou por vários sofrimentos corporais. Suas grandes forças foram uma espiritualidade profunda, o grande amor que sentia pelos pecadores e os corações de Jesus e Maria.
Gemma Galgani nasceu em Camigliano, na Toscana, no dia 12 de Março de 1878. O pai, farmacêutico, e a mãe tiveram oito filhos, aos quais educaram religiosamente, de início no próprio lar, depois, deixando a cidade, nas escolas de Luca.
Gemma, aos dois anos, estava já semi-interna na instituição Vallini.
Disse ela, um dia, a mestra:
– Jamais a vi chorar ou questionar. Embora de temperamento ardente, conservava-se imperturbável diante dos elogios e das repreensões.
Aos cinco anos, a menina já lia, correntemente, o ofício da santa Virgem, com incomum penetração e a mais viva piedade. E não era para menos, uma vez que a mãe, a Senhora Galgani, sabia levar os filhos pelo caminho do amor, da doçura, da contemplação do mistério da Cruz – e, mais ainda, acenava-lhes com as delícias que se gozara, depois desta vida, no céu.
Aquela piedosa mulher, levada pela tuberculose, faleceu quando Gemma entrava nos oito anos.
Aos dezessete anos, a jovem deixava a instituição e se dava aos cuidados da casa, à educação dos irmãos. O amor pelos pobres, manifestado em Gemma desde os primeiros tempos, deu de se expandir, agora que tinha o governo da casa. E a dispensa, constantemente, era visitada e saqueada.
Um dia, tal os desvelos da jovem para com a pobreza, o pai, chamando-a, fez-lhe ver que, a caminhar naquele passo, arruiná-lo-ia. Gemma levava intensa vida interior. Jesus lhe aparecia, mas nunca aos olhos do corpo. Disse-lhe, de uma feita:
– Minha filha, eu sempre avivarei em ti o desejo do céu, mas deverás suportar a vida com paciência.
A paciência, em verdade, havia de ser mesmo muito necessária à jovem dona de casa: vítima de dolorosíssima doença nos ossos do pé, logo, totalmente, arcaria com todas as responsabilidades da família. O Senhor Galgani faleceu em 1897. Os Galgani jaziam arruinados. Que fazer?
Gemma optou pela dispersão dos irmãos, enviando-os para a casa dos tios e tias. O mal de Pott principiava a acometê-la. Depois de longos meses de martírio heroicamente suportado, foi miraculosamente curada por São Gabriel de Addolarata, que lhe apareceu.
Sentindo-se chamada para a vida religiosa, hesitou: demandaria as irmãs de São Camilo, as passionistas ou as visitandinas?
Depois de muito pensar, resolveu-se pela ordem da Visitação. Uma decepção, porém, esperava-a: o arcebispo, achando-a demasiadamente delicada, de saúde um tanto precária, interdisse à superiora recebê-la. Como para dar à esposa amada uma compensação, Jesus lhe disse:
– Aprende a sofrer, porque o sofrimento ensina a amar.
A 8 de Junho de 1899, vigília da festa do Sagrado Coração, o divino Mestre dignou-se conferir-lhe os estigmas. Então, regularmente, de quinta-feira, pela tarde, até sexta-feira às quinze horas, as cinco chagas, abrindo-se, sangravam abundantemente. Gemma suou sangue e sentiu os suplícios da coroação de espinhos por mais de dezoito meses. E os assaltos que sofreu por parte do demônio foram indescritíveis.
Em 1902, Gemma adoeceu gravemente. E Jesus, dizendo-lhe que em breve ganharia o céu, advertiu-a de que havia de passar por sofrimentos inomináveis, para expiar pecados cometidos por maus sacerdotes.
A jovem a tudo suportou com indizível paciência. E, no dia 11 de Abril de 1903, sábado de aleluia, expirou: principiava-lhe a definitiva vida de união a Deus e de intercessão pelos homens, contando tão somente vinte e cinco anos de idade.
Pio XI beatificou-a. Pio XII canonizou-a a 2 de Maio de 1940.
“Só tenho medo de magoar Jesus!”
Neste mundo, nosso único medo deve ser o de ofender a Cristo e, assim, perder a amizade dAquele que não poupou seu próprio Sangue para a remissão dos nossos pecados.
A vida dos santos impressiona, sobretudo, pelas intervenções extraordinárias de Deus em sua rotina ordinária. Capítulos particularmente incríveis de suas biografias são as lutas físicas que alguns deles, como o Padre Pio de Pietrelcina e o Cura de Ars, travavam com o demônio. Muitos desses combates foram descritos com ricos detalhes por pessoas que conviveram todos os dias com estes santos.
Trata-se de casos especialíssimos de “obsessão demoníaca”. Importa saber que o demônio “anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar” (1 Pd 5, 8). Ele não poupa esforços para fazer perder as almas que Cristo conquistou com o Seu sangue. Por isso, as lutas com o mal não são exclusividade dos grandes santos, mas uma realidade vivenciada todos os dias pelo cristão comum. O católico deve acordar todos os dias tomando consciência de que, para além dos trabalhos e penas do dia a dia, há um combate espiritual sendo travado diante de si, o qual só pode ser vencido com o auxílio de Deus e de Seus santos anjos.
Certas almas, porém, recebem do Senhor uma missão ainda mais nobre que a dos demais batizados. Elas são chamadas a unir-se mais perfeitamente a Cristo sofredor e a oferecerem-se de modo total como vítimas pelos pecados da humanidade. As suas vidas de santidade e de oração perturbam profundamente Satanás, que quer fazer de tudo para precipitar o ser humano ao inferno.
A jovem Gemma Galgani, nascida no povoado próximo à cidade de Lucca, na Itália, era uma dessas almas que deixavam inquieto o inimigo de Deus. Contemporânea de Santa Teresinha do Menino Jesus, Gemma cresceu habituada à experiência da morte. Sua mãe, Aurélia, faleceu cedo, vítima de tuberculose. Seu irmão, Eugênio, que decidira entrar no seminário, também foi acometido pela doença, tendo morrido antes de ser ordenado sacerdote. Experiências tão próximas fizeram com que Gemma se desapegasse desde cedo deste mundo. Questionada, certa vez, se tinha medo da morte, ela respondeu: “Claro que não… já estou desapegada de tudo”.
Órfã de pai e de mãe aos 19 anos, Gemma vai morar com uma piedosa senhora: Cecília Giannini. Ela acolhe a pequena gema de Deus como uma filha e é em sua casa que vão acontecer experiências extraordinárias: às quintas e sextas-feiras, recolhida em seu quarto, em oração, Gemma recebe os estigmas de nosso Senhor. A jovem amante de Cristo, com o olhar detido em um ponto fixo do alto, sangra abundantemente em várias partes do corpo. No momento da oração, está totalmente alheia às coisas terrenas. Em êxtase, ela perde todos os seus sentidos, permanece imóvel, totalmente absorta nas coisas celestes.
Mas, ao mesmo tempo em que é constantemente agraciada com as consolações de Deus, a santa recebe com frequência a visita indesejada do diabo.
Conta-se que, certa vez, o seu diretor espiritual, padre Germano, encontrou-a acamada, por conta dos incessantes ataques do demônio, que a debilitavam. Durante a noite, o sacerdote permaneceu com ela, rezando o breviário no canto do quarto. De repente, um enorme gato preto, de aspecto horrível, se joga aos pés do sacerdote. Ele dá uma volta pelo quarto, dando miados infernais.
Subitamente, o gato salta sobre o leito de Gemma, ficando muito próximo de seu rosto e fixando nela um olhar feroz. Padre Germano fica visivelmente assustado, mas sua filha espiritual permanece calma: está acostumada às artimanhas do maligno. “Não tenha medo, padre! É o velhaco do demônio que me quer molestar. Não tema. Ao senhor não fará mal algum”, diz a jovem, tentando tranquilizar o sacerdote.
Ele, então, levanta-se, ainda com a mão trêmula, e borrifa água benta sobre o gatão, que desaparece, como que por encanto. “Como é possível permanecer tão tranquila?”, pergunta o padre a Gemma, ao que ela responde: “Só tenho medo… de magoar Jesus!”
Estes episódios arrepiantes da vida dos santos servem para todos os cristãos de lição: neste mundo, o seu único medo deve ser o de ofender a Cristo e, assim, perder a amizade d’Aquele que não poupou Seu próprio Sangue para a remissão dos nossos pecados. Que Santa Gemma Galgani rogue por nós junto a Deus.
Conheça mais sobre Santa Gemma Galgani
Ao nascer, em 12 de março de 1878, na pequena Camigliano, perto de Luca, na Itália, Gema recebeu esse nome, que em italiano significa joia, por ser a primeira menina dos cinco filhos do casal Galgani, que foi abençoado com um total de oito filhos. A família, muito rica e nobre, era também profundamente religiosa, passando os preceitos do cristianismo aos filhos desde a tenra idade.
Gema Galgani teve uma infância feliz, cercada de atenção pela mãe, que lhe ensinava as orações e o catecismo com alegria, incutindo o amor a Jesus na pequena. Ela aprendeu tão bem que não se cansava de recitá-las e pedia constantemente à mãe que lhe contasse as histórias da vida de Jesus. Mas essa felicidade caseira terminou aos sete anos. Sua mãe morreu precocemente e sua ausência também logo causou o falecimento do pai. Órfã, caiu doente e só suplantou a grave enfermidade graças ao abrigo encontrado no seio de uma família de Luca, também muito católica, que a adotou e cuidou de sua formação.
Conta-se que Gema, com a tragédia da perda dos pais, apegou-se ainda mais à religião. Recebeu a primeira Eucaristia antes mesmo do tempo marcado para as outras meninas e levava tão a sério os conceitos de caridade que dividia a própria merenda com os pobres. Demonstrava, sempre, vontade de tornar-se freira e tentou fazê-lo logo depois que Nossa Senhora lhe apareceu em sonho. Pediu a entrada no convento da Ordem das Passionistas de Corneto, mas a resposta foi negativa. Muito triste com a recusa, fez para si mesma os juramentos do serviço religioso, os votos de castidade e caridade, e fatos prodigiosos começaram a ocorrer em sua vida.
Quando rezava, Gema era constantemente vista rodeada de uma luz divina. Conversava com anjos e recebia a visita de são Gabriel, de Nossa Senhora das Dores passionista, como ela desejara ser. Logo lhe apareceram no corpo os estigmas de Cristo, que lhe trouxeram terríveis sofrimentos. Entretanto, fisicamente fraca, os estigmas e as penitências que se auto-infligia acabaram por consumir sua vida. Gema Galgani morreu muito doente, aos vinte e cinco anos, no Sábado Santo, dia 11 de abril de 1903.
Imediatamente, começou a devoção e veneração à ‘Virgem de Luca’, como passou a ser conhecida. Estão registradas muitas graças operadas com a intercessão de Gema Galgani, que foi canonizada em 1940 pelo papa Pio XII, que a declarou modelo para a juventude da Igreja, autorizando sua festa litúrgica para o dia de sua morte.