Saiba por que a Igreja celebra a Oitava de Páscoa, o que é comemorado neste período e como fica a abstinência de carne na sexta-feira.
Com a celebração da Ressurreição do Senhor, na Vigília do Sábado Santo, entramos no Tempo Pascal, formado por sete semanas até a Solenidade de Pentecostes.
Este tempo é marcado pela alegria da vida nova que recebemos de Cristo. É o tempo litúrgico mais forte do ano, pois é a passagem da morte para a Vida.
Durante o Tempo Pascal, em todas as celebrações litúrgicas, o Círio Pascal permanece aceso, pois ele representa o Cristo Ressuscitado que ilumina nossa vida, dissipa as trevas da morte e faz resplandecer em todos nós a luz de Deus. O Círio é essa grande coluna luminosa, que nos guia para a libertação plena da vida.
Dentro desse período, temos a Oitava de Páscoa. Como a Festa da Páscoa é o coração da nossa fé, reservam-se oito dias para celebrar solenemente a Ressurreição de Cristo. A Oitava Pascal é, portanto, o conjunto dos primeiros oito dias do Tempo Pascal, iniciados no domingo após a Vigília da Ressurreição.
No Tempo Pascal, os domingos têm uma mesma unidade solene, não se diz “2º Domingo depois da Páscoa”, mas se diz: Segundo Domingo da Páscoa. Por isso, na Oitava Pascal, a Igreja, comunidade do Ressuscitado, proclama solenemente:
“’Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos’ (Sl 118, 24). O dia que o Senhor fez para nós é o dia que a vida venceu. Na verdade, Ele não poderia estar no sepulcro, pois não pode mais haver morte onde o viver se tornou missão”.
A Oitava Pascal traz para o centro da celebração litúrgica da Igreja o mistério da Ressurreição de Jesus Cristo. A Páscoa de Jesus continua na ação da Igreja e, por isso, na Oitava Pascal celebramos que todo dia se tornou domingo, razão pela qual na Oitava Pascal se entoa o Hino de Louvor em todas as missas, uma vez que, em outras épocas, geralmente é cantado apenas na missa dominical, com exceção do tempo da Quaresma e Advento, onde não se canta.
Por isso, durante oito dias, celebramos a Solenidade da Ressurreição de Jesus como se fosse um único dia — “o dia que o Senhor fez para nós!”
Cristo Ressuscitou, aleluia!
A Páscoa é o centro da vida cristã. A Igreja se reúne para celebrar a Ressureição de Jesus Cristo — o seu triunfo sobre a morte. A Páscoa é Cristo que vem nos dar novamente o acesso à graça e à vida divina, que tínhamos perdido por causa de nossos pecados. “Cristo ressuscitado dos mortos é o fundamento da nossa fé” , pois
“se Cristo não ressuscitou, é inútil a vossa fé, e ainda estais em vossos pecados.”
O mistério da ressurreição é maior do que podemos compreender, mas pela fé exige de nós coragem para assumir a obra da redenção em nossas vidas. Ao morrer por nós e ressuscitar, Cristo nos dá a salvação, no entanto cabe a nós aplicá-la concretamente em nossa vida. A Páscoa é uma passagem profunda da escravidão do pecado para uma vida livre animada pelo amor, “a Páscoa é dom a acolher cada vez mais profundamente na fé, para poder agir em todas as situações, com a graça de Cristo, segundo a lógica de Deus, a lógica do amor”.
Portanto, para nos ajudar a adentrar, de fato, no mistério da ressurreição e fazer da nossa vida uma Páscoa contínua, a Igreja nos leva a prolongar essa celebração. Já que é o centro da vida cristã, deve ser bem compreendida para ser vivida todos os dias.
“Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.”

Oitava de Páscoa: um só dia não é suficiente para celebrar a Ressurreição do Senhor
Para bem celebrar a grande festa da Ressurreição do Senhor — que é vida nova para nós — um só dia não basta. A alegria é tamanha que se estende do domingo de Páscoa até o domingo seguinte, o domingo da misericórdia, e a esse período chamamos Oitava de Páscoa. A solenidade se prolonga, são oito dias para desejar “Feliz Páscoa”, pois é como se cada dia dessa semana fosse o Domingo de Páscoa.
Inclusive, se for possível, vá à Missa todos os dias neste período. “A boa nova da Páscoa, por conseguinte, exige a obra de testemunhas entusiastas e corajosas.” 4 As leituras da Missa, nestes oito dias, vão nos relatar o encontro dos apóstolos com o Cristo Ressuscitado. Assim poderemos viver todos esses dias a ressurreição do Senhor — experimentar o choro de Maria Madalena, que não encontra o corpo do Senhor; o espanto dos apóstolos, quando Jesus aparece no meio deles; e o abrasar no coração dos discípulos de Emaús ao caminhar com o Mestre e ouvi-lO, mesmo antes de reconhecê-lO. Sem dúvida, aqueles que viram Jesus Ressuscitado e conviveram com ele podem animar a nossa fé e nos encorajar.
A Oitava da Páscoa são os oito primeiro dias do Tempo Pascal, que dura até Pentecostes — são 50 dias acendendo o Círio Pascal, preparado e abençoado na Vigília Pascal, que representa para nós Cristo Ressuscitado, ou a Luz de Cristo. A Páscoa é a maior das solenidades e distribui o mistério de Cristo pelo decorrer do ano todo. 5 Sendo assim, a Igreja estende essa festa por oito dias, o que é uma grande graça para nós. Além disso, é um convite para que possamos nos aprofundar mais nesse mistério e quem sabe fazer com que a nossa existência assuma uma forma pascal.
“A luz da ressurreição de Cristo deve penetrar neste nosso mundo, deve chegar como mensagem de verdade e de vida a todos os homens, através do nosso testemunho diário.”
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Como fica a abstinência de carne na sexta-feira de Oitava de Páscoa?

Já vimos que “a Páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a «festa das festas», a «solenidade das solenidades»” (CIC, 1169), por isso, a sua alegria se estende pelos próximos oito dias — conhecidos como a Oitava da Páscoa. Dessa forma, cada um dos dias da Oitava da Páscoa é uma solenidade, como se fosse o próprio domingo de Páscoa.
Sendo assim, os fiéis católicos estão dispensados do preceito de abster-se de carne na sexta-feira de Oitava de Páscoa, pois guarda-se “a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades” — como é o caso. A sexta-feira da Oitava da Páscoa é em si uma solenidade.
Isso não significa que o jejum e a penitência sejam proibidos neste dia, amar a Deus e oferecer a Ele pequenos sacrifícios nunca será proibido pela Igreja. Por fim, vale lembrar que somente há dispensa da abstinência de carne nas sextas-feiras quando elas coincidem com uma solenidade. Portanto, nas outras sextas-feiras do Tempo Pascal — ainda que seja o Tempo Pascal —, o abster-se de carne continua normalmente.
Que ao celebrar esse grande mistério da ressurreição, que é fonte de vida para nós, possamos também ser impelidos a ir ao encontro do Cristo Ressuscitado. Ele se encontra na Palavra, na Eucaristia, bem como nas pessoas que conosco convivem diariamente, ou rapidamente passam por nós.
Com informações de A12 e Minha Biblioteca Católica
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