Em 1858 – Inventam a mentira que as doutrinas católicas têm origens pagãs: o ministro protestante escocês Alexander Hislop, publica o mentiroso livro “A Duas Babilônias”, onde alega que a religião da antiga Babilônia, sob a liderança do Nimrod e sua esposa, recebeu mais tarde disfarces de sonoridade cristã, transformando-se na Igreja Católica Apostólica Romana.
Com efeito, existiriam duas “Babilônias”: uma antiga e outra moderna (a Igreja Católica). É deste livro que dimanam os insultos protestantes que caluniam que as doutrinas católicas são pagãs, desde a hóstia até a celebração do Natal. Ainda hoje os vemos com tal insulto na ponta da língua.
Recentemente, o pastor, Ralph Woodrow, escritor protestante, reconheceu as acusações infundadas e retirou das livrarias e substitui seu livro que se baseava nas mentiras de Alexander Hislop. Aponta Ralph Woodrow:
“É impressionante como ensinamentos infundados como esses circulam e se tornam críveis. Qualquer pessoa pode ir a qualquer biblioteca e consultar qualquer livro sobre a história antiga da Babilônia: nenhuma destas coisas poderá ser encontrada. Essas afirmações não possuem fundamento histórico; ao contrário, são baseadas em um monte de peças de quebra-cabeças sobre mitologia juntadas arbitrariamente.”
(Confira em: http://www.ukapologetics.net/1hislopbaby.html )
Os acusadores da Igreja Católica possuem telhado de vidro
Os protestantes que postulam pela tese de que a Igreja Católica tomou empréstimo de doutrinas pagãs, não só confundem convergência com sincretismo religioso, como também mostram ser deliberados em suas análises.
Ao invés de refutar a lista de acusações que eles elencam (que não é pequena) mostrarei que a natureza dos argumentos que eles usam contra a Igreja, desqualifica não só o Catolicismo, mas o Cristianismo como um todo. Veja como pensam alguns estudiosos sobre o assunto:
“O cristianismo não destruiu o paganismo; ele o adotou…a idéia da divina trindade veio do Egito, assim como o Juízo Final e a recompensa dos bons e a punição dos maus” (DURANT, 1944).
“A ressurreição veio da estória síria de Adônis; a estória de um deus morrendo e salvando a humanidade vem do culto a Dionísio, da Trácia; da Pérsia veio o milenarismo, as ‘eras do mundo’, a luta final do bem e do mal, o dualismo de Satã e Deus, das Trevas e da Luz; no quarto evangelho Cristo é ‘a luz que brilha nas Trevas e as trevas não puderam contra ele’. O ritual mitraísta lembrava em muito a Eucaristia da Missa…” (Ibid.).
“Se o paganismo foi conquistado pelo cristianismo, o cristianismo foi corrompido pelo paganismo. O deísmo dos primeiros cristãos foi mudado, pela Igreja de Roma, no incompreensível dogma da Trindade. Muitos dos ensinos pagãos, inventados pelos egípcios e idealizados por Platão, foram considerados dignos de fé. A doutrina da encarnação e da transubstanciação foram adotadas como certas, apesar de serem tão absurdas como o antigo rito pagão de ver as entranhas dos animais para prever o destino dos impérios“.(GIBBON, 1891).
“O Épico de Gilgamesh é uma narrativa volumosa de mitologia heróica que incorpora muitos dos mitos religiosos da Mesopotâmia, e é a obra literária completa mais antiga que sobreviveu. […] Muitas das histórias desse épico foram eventualmente incorporadas no livro de Gênesis. Algumas histórias emprestadas do livro de Gilgamesh são a criação do homem num jardim paradisíaco, a introdução do mal num mundo inocente, e a história do grande dilúvio causado pela perversidade do homem? (PAGELS, 2003).
Os fragmentos acima dizem respeito às doutrinas como a Santíssima Trindade, a Encarnação do Verbo, a Ressurreição do Senhor, a criação do homem, nas quais também crêem os cristãos protestantes.
Como se vê as acusações ?à moda? protestante identificam todo o Cristianismo como uma religião herdeira do paganismo. Tal é a conclusão de Duran: “o cristianismo foi a última grande criação do antigo mundo pagão” (DURANT, 1944).
Há também quem diga que o Cristianismo tomou empréstimo de doutrinas do Hinduísmo. Brahma, Vishnu e Shiva compõe a Trindade no Hinduísmo, chamada de Trimurti. Na Trindade do hinduismo, Brahma é o Criador, assim como o “Pai”. Vishnu é o protetor que encarna na Terra, assim como o “Filho”. Shiva, como o Espírito Santo, é quem destrói as coisas ruins para renovar o Universo. Como na Trindade cristã, são três deuses formando um só.
Outros afirmam que o Cristianismo copiou o Mitraísmo, religião greco-persa. Segundo a mitologia Mitra era um deus que nasceu de uma virgem, morreu e ressuscitou no primeiro dia da semana, redimindo toda a humanidade. Mitra sobe aos céus no carro solar e volta à Terra no julgamento final, para conduzir os bem-aventurados, recompensados por seus méritos, para o reino celestial. Aos de maus princípios, estava reservado o sofrimento eterno.
Dizem que Baco, o deus do vinho, foi também um deus salvador. Teria feito muitos milagres, inclusive a transformação da água em vinho e a multiplicação dos peixes. Em criança, também quiseram matá-lo. Todos os deuses redentores passaram pelo inferno, durante os três dias entre a morte e a ressurreição. Isto é o que teria acontecido com Baco, Osiris, Krishna, Mitra e Adonis. Nestes três dias, os crentes visitavam os seus defuntos, segundo Dupuis, em “L’ Origine des tous les cultes“.
Conclusão
Como se pode ver, as semelhanças entre as mitologias pagãs e o Cristianismo como um todo é maior do que pensam alguns. Porém a Revelação de Deus é anterior às mitologias e foram estas que tomaram empréstimo da Doutrina de Deus.
Interessante é a observação de C. S. Lewis. Além de ser um dos maiores defensores da Fé Cristã dos últimos tempos, foi um renomado especialista em mitologias e estórias antigas. Segundo ele:
“A história de Cristo é simplesmente um mito verdadeiro. Um mito que trabalha em nós da mesma forma que os outros, mas com esta diferença tremenda: que ele realmente aconteceu e a pessoa deve estar contente em aceitá-lo na mesma forma, lembrando que é mito de Deus onde os outros são mitos dos homens; isto é, as histórias pagãs são Deus expressando a si mesmo por meio das mentes dos poetas, usando tais imagens como ele as encontrou lá, enquanto o cristianismo é Deus expressando a si mesmo por meio daquilo que chamamos de ‘coisas reais’ […] a saber, a encarnação real, a crucificação e a ressurreição.” (Hooper,1999).
Esta observação de C.S.Lewis parece estar em plena conformidade com o ensinamento de São Paulo:
“Os pagãos, que não têm a lei, fazendo naturalmente as coisas que são da lei, embora não tenham a lei, a si mesmos servem de lei; eles mostram que o objeto da lei está gravado nos seus corações, dando-lhes testemunho a sua consciência, bem como os seus raciocínios, com os quais se acusam ou se escusam mutuamente” (Rm 2,14-15).
Referências
GIBBON, Edward. História do Cristianismo, 1891, p. xvi.
PAGELS, Elaine . The Gnostic Gospels. Tradução de Scott Bidstrup. Disponível em http://www.str.com.br/Atheos/biblia2.htm. Acessado em 14/09/2006.
HOOPER, Walter. The Other Oxford Movement: Tolkien and the Inklings. Incluído como um capítulo em Tolkien: A Celebration, editada por Joseph Pearce (Londres: Fount, 1999), pg 184-185.
DURANT, Will. História da Civilização, César e Cristo, parte III, 1944, p. 595.
Beraka
Veritatis Splendor
“Para entender as doutrinas católicas, bastava estudarem a Bíblia e a Patrística.”
Equipe Templário de Maria