O comunismo elimina o mais sagrado dom que o homem recebeu de Deus: a liberdade
Por Prof. Felipe Aquino
Desde que o comunismo (socialismo) surgiu no mundo, como expressão prática do marxismo-leninismo, a Igreja o combateu sem tréguas, por ser ateu, materialista, desumano, utópico, adverso a Deus e à Igreja. Segundo os seus mentores, Karl Marx, Lenin e outros, a religião é o “ópio do povo”, isto é, a droga que deixa o povo alienado e sujeito às explorações do capitalismo e dos ricos. A acusação vazia contra a Igreja é a de que ela só ensinava aos fiéis buscarem o céu, abandonando a Terra, sem lutar pelos direitos sociais.
As muitas encíclicas dos Papas, desde a Rerum Novarum de Leão XIII (1878-1903) até o “Evangelho da Alegria” do Papa Francisco, desmentem essa mentira. A Igreja sempre foi a Instituição, em toda a história da humanidade, que mais caridade fez no mundo.
Para “libertar” os proletários, o comunismo prega a revolução violenta, a “luta de classes” até a eliminação de todas as classes, o que é uma utopia; incita a revolta dos empregados contra os patrões, dos pobres contra os ricos; joga irmãos contra irmãos, prega a eliminação da propriedade privada e persegue todo tipo de religião, de modo especial o Cristianismo.
Acima de tudo, o comunismo elimina o mais sagrado dom que o homem recebeu de Deus: a liberdade. Veja o que se passa em Cuba ainda hoje: o cidadão não pode deixar o país; é uma “ilha-prisão” em pleno século XXI, onde o povo não vota há mais de cinquenta anos. E ainda tem gente que a defenda.
Piérre Proudhon (†1865) disse: “O comunismo degrada os dons naturais do homem, coloca a mediocridade no nível da excelência e chama a isso igualdade”. Na verdade, tenta criar uma igualdade utópica que Deus nunca desejou.
A fé católica ensina a socorrer o pobre em suas necessidades materiais, mas não pela violência, não derramando sangue inocente nem tirando a liberdade e a vida preciosa do ser humano e o transformando apenas em um dente da engrenagem do deus Estado. A moral não aceita que se faça o bem por meios maus; os fins não podem justificar os meios. Para os comunistas todos os meios são válidos para implantar o comunismo. É um sistema maquiavélico que matou milhões.
Winston Churchill (†1965) dizia: “Um jovem que não foi comunista não tinha coração; mas o adulto que permanece comunista não tem cérebro”. M. Thatcher dizia que “o socialismo acaba quando acaba de gastar o dinheiro dos outros”.
É importante meditar um pouco sobre o que a Igreja já falou sobre isso. O documento de Puebla (III CELAM, 1979) deixou bem claro: “(…) A libertação cristã usa ‘meios evangélicos’, com a sua eficácia peculiar, e não recorre a nenhum tipo de violência, nem à dialética da luta de classes (…) (nº 486) ‘ou à práxis ou análise marxista’” (nº 8).
Na Encíclica do Papa Pio XI, a Divini Redemptoris, sobre o ”Comunismo Ateu” (19 de março de 1937), ele a condena veementemente. Pio IX disse: “E, apoiando-se nos funestíssimos erros do comunismo e do socialismo, asseguram que a ‘sociedade doméstica tem sua razão de ser somente no direito civil’ (Quanta Cura, 5). Leão XIII pediu: “Não ajudar o socialismo. Tomai ademais sumo cuidado para que os filhos da Igreja Católica não deem seu nome nem façam favor nenhum a essa detestável seita” (Quod Apostolici Muneris, no. 34).
“Porque, enquanto os socialistas, apresentando o direito de propriedade como invenção humana contrária à igualdade natural entre os homens; enquanto, proclamando a comunidade de bens, declaram que não pode tratar-se com paciência a pobreza e que impunemente se pode violar a propriedade e os direitos dos ricos, a Igreja reconhece muito mais sabia e utilmente que a desigualdade existe entre os homens, naturalmente dissemelhantes pelas forças do corpo e do espírito, e que essa desigualdade existe até na posse dos bens. Ordena, ademais, que o direito de propriedade e de domínio, procedente da própria natureza, se mantenha intacto e inviolado nas mãos de quem o possui, porque sabe que o roubo e a rapina foram condenados pela lei natural de Deus” (Quod Apostolici Muneris, – Encíclica contra as seitas socialistas, no. 28/29).
“Entretanto, embora os socialistas, abusando do próprio Evangelho para enganar mais facilmente os incautos, costumem torcer seu ditame, contudo há tão grande diferença entre seus perversos dogmas e a puríssima doutrina de Cristo, que não poderia ser maior” (Quod Apostolici Muneris, 14).
“A Igreja, pregando aos homens que eles são todos filhos do mesmo Pai celeste, reconhece como uma condição providencial da sociedade humana a distinção das classes; por essa razão, ensina que apenas o respeito recíproco dos direitos e deveres, e a caridade mútua darão o segredo do justo equilíbrio, do bem estar honesto, da verdadeira paz e prosperidade dos povos. (…) “Mais uma vez, nós o declaramos: o remédio para esses males não será jamais a igualdade subversiva das ordens sociais” ( Alocução de 24/01/1903 ao Patriarcado e à Nobreza Romana).
“A sociedade humana, tal qual Deus a estabeleceu, é formada de elementos desiguais, como desiguais são os membros do corpo humano; torná-los todos iguais é impossível: resultaria disso a própria destruição da sociedade humana.”
“Disso resulta que, segundo a ordem estabelecida por Deus, deve haver na sociedade príncipes e vassalos, patrões e proletários, ricos e pobres, sábios e ignorantes, nobres e plebeus, os quais todos, unidos por um laço comum de amor, se ajudam mutuamente para alcançar o seu fim último no céu e o seu bem-estar moral e material na terra” (Quod Apostolici Muneris).
Pio XI disse: “(…) Como pede a nossa paterna solicitude, declaramos: o socialismo, quer se considere como doutrina, quer como fato histórico, ou como ‘ação’, se é verdadeiro socialismo, (…) não pode conciliar-se com a doutrina católica, pois concebe a sociedade de modo completamente avesso a verdade cristã.”
“Socialismo religioso, socialismo cristão são termos contraditórios: ninguém pode, ao mesmo tempo, ser bom católico e socialista verdadeiro” (Quadragesimo Anno, nº 117 a 120).
Pio XII explicou bem a diferença entre as pessoas:
“Pois bem, os irmãos não nascem nem permanecem todos iguais: uns são fortes, outros débeis; uns inteligentes, outros incapazes; talvez algum seja anormal, e também pode acontecer que se torne indigno. É pois inevitável uma certa desigualdade material, intelectual, moral, numa mesma família (…) Pretender a igualdade absoluta de todos seria o mesmo que pretender idênticas funções a membros diversos do mesmo organismo” (Discurso de 4/4/1953 a católicos de paróquias de S. Marciano).
João XXIII, como os demais Papas, defendeu a necessidade da propriedade privada: “Da natureza humana origina-se ainda o direito à propriedade privada, mesmo sobre os bens de produção” (Pacem in Terris, n°. 21).
João Paulo II, falando contra o capitalismo selvagem, disse: “Nesta luta contra um tal sistema, não se veja, como modelo alternativo, o sistema socialista, que, de fato, não passa de um capitalismo de estado, mas uma sociedade do trabalho livre, da empresa e da participação” (no. 35) “A Igreja reconhece a justa função do lucro, como indicador do bom funcionamento da empresa” (nº. 35). “Aquele Pontífice (Leão XIII), com efeito, previa as consequências negativas sob todos os aspectos – político, social e econômico – de uma organização da sociedade, tal como a propunha o ‘socialismo’, e que então estava ainda no estado de filosofia social e de movimento mais ou menos estruturado” (Enc. Centesimus Annus, n°12).
João Paulo II também mostra o erro grave do socialismo: “(…) É preciso acrescentar que o erro fundamental do socialismo é de caráter antropológico. De fato, ele considera cada homem simplesmente como um elemento e uma molécula do organismo social, de tal modo que o bem do indivíduo aparece totalmente subordinado ao funcionamento do mecanismo econômico-social, enquanto, por outro lado, defende que esse mesmo bem se pode realizar prescindindo da livre opção, da sua única e exclusiva decisão responsável em face do bem e do mal. O homem é reduzido a uma série de relações sociais, e desaparece o conceito de pessoa como sujeito autônomo de decisão moral, que constrói, através dessa decisão, o ordenamento social. Desta errada concepção da pessoa deriva a distorção do direito, que define o âmbito do exercício da liberdade, bem como a oposição à propriedade privada” (nº 13).
“Na Rerum Novarum, Leão XIII, com diversos argumentos, insistia fortemente contra o socialismo de seu tempo, no caráter natural do direito de propriedade privada. Este direito, fundamental para a autonomia e o desenvolvimento da pessoa, foi sempre defendido pela Igreja até nossos dias” (nº 30).
O Livro Negro do Comunismo – Crimes, Terror e Repressão (Stéphane Courtois, Nicolas Werth, Jean-Louis Panné, Andrzej Paczkowski, Karel Bartosek, Jean-Louis Margolin, Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1999, 917 págs.) – faz um balanço do amargo fruto que este diabólico regime gerou para a humanidade. Oitenta anos depois da Revolução Bolchevique na Rússia (1917) e sete depois de a União Soviética ter acabado (1997), a trajetória trágica do comunismo pode ser contabilizada pelo número de vítimas.
É a história da trágica aplicação na vida real de uma ideologia carregada de falsas promessas de igualdade e justiça que custou entre 80 e 100 milhões de vidas, com a esmagadora maioria de vítimas nos dois gigantes do marxismo-leninismo, a União Soviética e a China; além de Cuba, Viet Nan, Laos, Cambodja, Bulgária, Romênia, Tchecoslováquia, Polônia, Hungria, etc.
Na China, houve cerca de 65 milhões de mortos, a maioria dizimada pela fome desencadeada a partir do Grande Salto para a Frente, o desastroso projeto de autossuficiência implantado por Mao Tsé-tung em meados dos anos 50. Tratou-se da pior fome da História, acompanhada de ondas de canibalismo e de campanhas de terror contra camponeses acusados de esconder comida.
Na URSS, de 1917 a 1953, ano da morte de Stalin, os expurgos, a fome, as deportações em massa e o trabalho forçado no Gulag mataram 20 milhões de pessoas. Só a grande fome de 1921-1922, desatada em grande parte pelo confisco de alimentos dos camponeses, ceifou mais de 5 milhões de vidas.
Na Coreia do Norte, comunista de carteirinha que ainda perdura, a execução de “inimigos do povo” contabiliza pelo menos 100 mil mortos. Em termos proporcionais, contudo, o maior genocida comunista é o Khmer Vermelho do Camboja: em três anos e meio (1975-1979), com sua política inclemente de transferência forçada dos moradores das cidades para o campo, matou de fome e exaustão quase 25% da população.
Os crimes do stalinismo e a matriz da política de terror empregada por outros regimes comunistas ficaram bem conhecidos desde o XX Congresso do Partido Comunista Soviético em 1956.
O organizador do Livro, Stéphane Courtois, é um ex-maoísta convertido em crítico do marxismo; ele argumenta que o crime é intrínseco ao comunismo e não apenas um instrumento de Estado ou um desvio stalinista de uma ideologia de princípios humanitários. Courtois também sugere a equiparação do comunismo ao nazismo, com base na ideia de que ambos partilham a mesma lógica do genocídio. “Os mecanismos de segregação e de exclusão do totalitarismo de classe são muito parecidos com os do totalitarismo de raça”, escreve Courtois.
Quem ainda tem coragem de defender tal barbárie? No entanto, ela ainda existe na mente de muitos acadêmicos, jornalistas e outros que parecem não conhecer as lições da História.
Fonte: Canção Nova