SANTO DO DIA – 29 DE OUTUBRO – SÃO NARCISO
Bispo (+222)
Não faltam informações sobre este longevo bispo de Jerusalém: Eusébio dedica um inteiro capítulo de sua História eclesiástica aos milagres realizados pelo santo — dentre os quais, o mais conhecido foi o de transformar a água em azeite para alimentar as lamparinas da igreja.
Por Eusébio, ficamos sabendo que Narciso foi o 15º bispo de Jerusalém e presidiu o sínodo no qual se decidiu, entre outras resoluções, uniformizar com base na Igreja de Roma a data da celebração da Páscoa. As inovações não agradaram a todos; talvez por causa dessa sua iniciativa, alguém tenha cogitado em dele se desembaraçar, tramando para tal uma acusação infamante.
Narciso não julgou oportuno defender-se e, para não dividir a própria comunidade em inocentistas e culpabilistas, preferiu desaparecer da sociedade. Foi viver como eremita perto do deserto, até que uma das testemunhas que havia jurado em falso decidiu dizer a verdade. Mas tinham-se passado já muitos anos desde o desaparecimento de Narciso, e os cristãos de Jerusalém, considerando-o morto, elegeram um novo bispo.
Com estupor, mas também com grande alegria, viram-no reaparecer e rogaram-lhe que retomasse seu posto. Narciso aceitou, mas quis ter a seu lado um coadjutor escolhido por ele. Assim pôde confiar a cura pastoral ao amigo Alexandre, então bispo na Capadócia, que ficou junto dele nos seus últimos dez anos de vida.
Por meio de uma carta do bispo Alexandre aos fiéis de Antínoe, no Egito, ficamos sabendo da longevidade de Narciso. Nela se lê: “Saúda-vos Narciso, que antes de mim ocupou esta sede episcopal e, agora, está colocado na mesma categoria que eu nas orações. Ele agora completou 116 anos e vos exorta, como eu, à concórdia”.
(Retirado do livro ‘Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente’, Paulinas Editora)
São Narciso, Bispo
Bispo de Jerusalém, São Narciso ocupou a sede por volta de 195, quando devia estar perto dos cem anos. Era costume de Jerusalém escolher candidatos bastante idosos, daí a brevidade dos episcopados.
Conta-se dele que, duma feita, tendo faltado óleo para as lâmpadas da igreja, justamente na Páscoa, quando os fiéis tomavam literalmente o templo, ordenou aos diáconos que lhe trouxessem água. Tendo-a benzido, mandou que a utilizassem nas lâmpadas. Quando a verteram, transformara-se em óleo.
Homem de grande santidade, refere-se ainda que, certa vez, três devassos da cidade, porque o santo bispo os repreendia severamente, lançaram-lhe terrível calúnia. E fizeram mais, temerariamente: confirmaram por falsos juramentos o que afiançavam. Assim, um declarou que desejava morrer queimado, caso fosse mentira o que asseverava; outro, que a lepra o cobrisse; quanto ao terceiro, atraía para si a cegueira, se dizia alguma inverdade.
O povo que, por um instante sequer, acreditara na afirmação, porque conhecia donde vinha a acusação, ficou totalmente do lado de São Narciso, mas o santo bispo, que de longa data vinha desejando levar vida de solitário, aproveitou-se daquela oportunidade, deixou a cidade, indo-se para lugar ignorado. E eis que os caluniadores, pouco depois, eram castigados com as próprias temeridades: o primeiro morreu queimado, quando do incêndio da casa em que vivia; o segundo, duma hora para outra, viu-se coberto duma só chaga, feiíssima, da cabeça aos pés; e o último, diante daqueles sucessos, tanto chorou, de terror, que acabou ficando cego para todo o sempre.
Tempos mais tarde, São Narciso apareceu por Jerusalém, sendo recebido triunfalmente. E retomou o cargo. Idoso, incapaz já de continuar as atividades que encetara, pouco depois deixava as funções episcopais.
Desconhecemos o ano em que faleceu o santo bispo de Jerusalém. Morreu em idade muito avançada. Santo Epifânio quer que tenha sido em 222, ou um pouco antes.
(Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XVIII, p. 72-73)