Na formação especial de hoje o sacerdote faz um importante alerta sobre os falsos profetas do nosso tempo, listando um por um dos grandes perígos que assolam os católicos na atualidade. Além dos perigos externos, também alerta para pontos que podem significar um perigo ainda maior para nós mesmos e para nossa santificação.
Para essa formação, recomendamos que, além de assistir o vídeo do começo ao fim, aproveitem para fazer a leitura da transcrição da homilia. É uma homilia densa e com tantas informações importantes que vale a pena refletir ponto a ponto para que não sejamos enganados pelos falsos profetas.
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Homilia: “O falso profeta que está em nós”
Padre Daniel Pinheiro, IBP
Hoje é o clássico evangelho dos falsos profetas. No exercício de nosso Ofício de Pastores constantemente denunciamos os falsos profetas e as falsas doutrinas que trazem.
Ainda recentemente fizemos um sermão sobre a integridade da fé e os erros internos, erros daqueles que se dizem efetivamente católicos, assinalando a necessidade de se guardar a fé católica intacta, tal como ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo e transmitida pelos Apóstolos e pela igreja ao longo dos séculos por meio de seu magistério infalível.
Nosso Jesus Cristo, no evangelho de hoje, nos dá efetivamente um critério: pelos frutos conhecereis a árvore. Uma árvore boa não pode dar um mau fruto, e uma árvore má não pode dar bom fruto.
Porém, para usarmos esse critério de Nosso Senhor Jesus Cristo, precisamos saber o que é um fruto bom e o que é um fruto mal. E precisamos saber muitas vezes com perspicácia e com certo nível de profundidade, porque o demônio, na sua inteligência para perder as almas, não vai evidentemente nos dar um furo um fruto inteiramente e tão aparentemente podre, vai usar um fruto com uma bela aparência e com pequeno veneno escondido. Precisamos então estar atentos aos falsos profetas com suas falsas profecias.
Lembremos então, brevemente, desses erros propagadas por falsos profetas. Insistimos com regularidade na indicação desses erros porque insistem os falsos profetas na propagação deles, e em seguida veremos um falso profeta de que ainda não falamos explicitamente como falso profeta que é.
Temos os falsos profetas que querem, por exemplo, fim do celibato Eclesiástico. Os falsos profetas que defendem a igualdade entre sacerdotes e leigos às vezes mesmo nos meios católicos de missa tridentina (isso se faz de maneira mais sutil).
Falsos profetas que defendem a colegialidade na igreja como se a igreja não fosse monárquica e hierárquica.
Falsos profetas que defendem o ecumenismo e o indiferentismo religioso, como se pudéssemos nos salvar em qualquer religião, ou como se pudéssemos receber a graça de Deus em qualquer religião.
Falsos profetas aderentes à teologia da libertação.
Falsos profetas que defendem a contracepção, que defendem o divórcio, que defendem a união entre pessoas do mesmo sexo.
Os profetas que colocam a santidade nos dons carismáticos e que se deixam levar pelo sentimentalismo na vida espiritual como se a fé fosse sentimento, como se a graça fosse sentimento, como se o importante fossem os dons extraordinários e não a nossa conformidade com a vontade de Deus.
Temos ainda os falsos profetas que negam autoridade do papa e dos bispos em face da crise e de eventuais erros cometidos, alguns deles sérios. Na verdade devemos saber que guardam autoridade naquilo que correto.
Temos os falsos profetas que negam o Papa Francisco seja o papa. É um erro grave contra a fé afirmar que ainda seja Bento 16 o papa reinante. Um católico não pode aceitar isso.
Temos os falsos aos profetas que defendem e da astrologia, qualquer que seja o tipo, como se fossemos tolos, e defendem com argumentos de supostos grandes conhecimentos do cristianismo, medieval e antigo, invocando de maneira deturpada e falaciosa alguns santos da igreja.
Falsos profetas que defendem o erro da astrocaracterologia, o erro das camadas da personalidade, o erro da formação do imaginário, colocando a literatura como base de todo outro estudo e como base primordial do conhecimento do mundo, o que é verdadeiramente loucura.
Temos os falsos profetas que defendem, na maioria das vezes sutilmente, o erro do perenialismo do tradicionalismo, com sua visão simbólica do mundo e da religião, com seu exoterismo mais ou menos escancarado, defendendo o que todas as religiões são manifestações de uma metafísica primordial e acessível somente alguns iniciados. E frequentam as missas para ter acesso a essa religião escondida, a essa metafísica acessível apenas a alguns iniciados, e que no fundo só pode vir do demônio, pois a religião de Cristo não tem segredos e é acessível a todos.
Temos os falsos profetas do conservadorismo, tão distante do magistério da igreja, da doutrina da igreja sobre o papel do estado da família e do indivíduo. São os falsos profetas que propagam os erros da direita que se forma no Brasil e no mundo.
Temos os falsos profetas que defendem as liberdades individuais modernas como se fossem um bem, sendo que essas liberdades, tais como apresentadas e vividas, foram condenadas pela igreja, é o erro do liberalismo, portanto. O erro também do liberalismo econômico tão reiteradamente condenado pela igreja e que faz nascer dele o socialismo e o comunismo.
Temos os falsos profetas que querem formar o nosso pensamento e a nossa moral à base de posts do Instagram, a base de grupos de WhatsApp, e de postagens de Facebook, e de outras redes sociais.
Temos os falsos profetas que levam a não raciocinar com base em princípios da fé e da razão natural.
Temos os falsos profetas que querem formar grupos de estudos sem orientação sólida da igreja.
Temos aqueles que aceitam vários erros a fim de combater outros erros, como por exemplo, para combater o aborto e o comunismo.
Temos os falsos profetas que querem nos fazer pensar que se trata, antes de tudo, de uma guerra cultural e não espiritual. Como se a guerra cultural fosse também a nossa principal arma. Temos os falsos profetas que propagam a alta cultura que é pretexto para a difusão de ideias erradas.
Temos os falsos profetas da masculinidade bem mal compreendida, colocada na bebida, no tabaco, uma barba, ou no estilo de vida.
Temos os falsos profetas que propagam a heresia das obras, que fazem cair a solução na ação, no apostolado pura e simplesmente, e não naquilo que precede a ação e ao apostolado, e que é a alma de todo apostolado, que é a oração. Gritam ou escrevem Viva Cristo Rei, mas cuidam bem menos da própria vida, da própria castidade, e da humildade, seus deveres de estado, e da própria santificação.
Temos os falsos profetas que colocam a política em primeiro lugar, como se a política fosse resolver tudo, como se não fosse uma questão de religião em primeiro lugar, e da verdadeira religião: a católica.
Temos os falsos profetas que acham que o que importa é amar os cidadãos e que isso é uma obrigação moral de um cristão, enquanto a verdadeira obrigação está na armadura espiritual.
Temos os falsos profetas que apoiam um político, ou políticos, por serem supostamente o mal menor, aceitando tudo ou quase tudo para isso, ou defendendo-o em tudo tornando-se cego para evitar uma suposta volta do esquerdismo. O erro é o erro, a mentira é a mentira, a desonestidade é a desonestidade. Não podemos compactuar com isso nem sequer para evitar o retorno de um mau.
Nós temos os falsos profetas que acham que uma forma de governo é a solução para tudo, em geral a monarquia.
Temos os falsos profetas, das teorias da conspiração que nos fazem cair no ridículo perdendo a credibilidade diante dos outros, e permitindo que avance a conspiração real contra a Igreja de Cristo. Temos os falsos profetas que se auto-proclamam o grupo que vai salvar o Brasil a igreja. Infelizmente devemos constatar que os católicos muitas vezes se deixam levar facilmente. Basta alguém citar São Tomás o algum outro santo, apresentar-se como católico, dizer duas ou três coisas boas e as pessoas começam a seguir aquilo que escreve aquilo que diz. E depois vem o erro mais ou menos sutil misturado com a verdade e o católico desse preparado segue manchando a sua fé perdendo a integridade dela.
Porém, caros católicos, precisamos falar do pior dos falsos profetas, sem o qual todos esses falsos profetas e todas essas falsas doutrinas que mencionamos não alcançariam tanto fruto na difusão de seus erros.
O pior dos falsos profetas somos nós mesmos, e sem isso nenhuma falsa profecia e nenhum erro teria sucesso. O pior dos falsos profetas somos nós mesmos quando não procuramos levar a sério a nossa vida de oração, e a partir de isso toda a nossa vida espiritual vai desmoronando pouco a pouco, todas as nossas defesas vão desaparecendo quando deixamos de buscar uma vida de oração constante, ordenada, séria, sobretudo com a meditação e o terço diário.
O pior dos falsos profetas para os católicos somos nós mesmos quando não combatemos seriamente o pecado, quando não fugimos das ocasiões de pecado.
O pior dos falsos profetas somos nós quando não procuramos praticar a virtude, mas nos conformamos com a mediocridade.
O pior dos falsos profetas somos nós quando não entendemos, ou quando não queremos entender como Deus age no governo do mundo e de nossa vida, e então o murmuramos, reclamamos, não querendo nos conformar com a Vontade Divina.
O pior dos falsos profetas somos nós quando negligenciamos nossos deveres de estado por ignorância ou por comodismo.
P pior dos falsos profetas somos nós quando apegamos às nossas próprias inclinações desordenadas e para justificá-las vamos aderindo a um erro e a outro, sob algum pretexto que encontramos. E assim dizermos: tal pessoa faz assim então também posso fazer, tal pessoa que vai à missa tridentina pensa assim, então também posso fazer, também posso pensar. Tal pessoa católica age assim no seio da família, então também posso agir, assim com grosseria, com impaciência. Tal pessoa católica age assim no namoro então também posso fazer. Tal fulano católico postou o tal coisa sobre política, então também posso ter essa visão, e no fundo sabendo que estamos errados, mas encontramos ali a justificativa para viver como queremos e não como devemos.
Não há dúvidas, caros católicos, os falsos profetas não teriam sucesso no ataque a nossa alma e a nossa sociedade se nós como católicos não dessemos o gancho para que nos iludissem. Não teriam tanto sucesso se procurássemos, com toda sinceridade, servir a Deus em primeiro lugar e não se buscássemos pretextos, meios e modos para justificar simplesmente o que queremos.
O pior dos falsos profetas, se assim podemos dizer para os católicos, está em nós mesmos, os nossos pecados não combatidos, a nossa inteligência mal formada dentro da doutrina católica e mesmo do que é a razão natural, a lei natural.
O pior dos Profetas está nos nossos pecados não combatidos. E esse falso profeta está dentro de nós esperando qualquer sopro de doutrina conforme ao que gostamos, ao que queremos nas nossas desordens, para poder então seguir encontrar um argumento.
É preciso expulsar esse falso profeta dentro de nós, e devemos expulsá-lo pela vida sincera e esforçada de oração, organizando a nossa vida de oração, tendo uma rotina de oração nossa com horários e também de nossa família, é preciso expulsar o nosso falso profeta pelo combate sincero ao pecado e à ocasião de pecado. É preciso expulsar o nosso falso profeta com a doutrina católica sólida de livros católicos provados pelo tempo com as encíclicas papais sobre os erros modernos e sobre a vida espiritual, com catecismo sólido com livros de espiritualidade realmente informados com sermões e com formações sólidas.
É preciso expulsar o nosso falso profeta com a prática da humildade, com aceitação serena das humilhações. É preciso expulsar o nosso falso profeta com muita docilidade à igreja ou seja com muita disposição de seguir aquilo que a igreja sempre ensinou e sempre mandou. É preciso expulsar o nosso falso profeta pela prática simples, serena e discreta dos nossos deveres de estado no cotidiano.
É preciso expulsar o nosso falso profeta com a frequência aos sacramentos. Nas orações ao pé do altar pedimos a Deus que nos livre do homem iníquo e fraudulento. Podemos interpretar este homem iníquo e doloso como sendo também o nosso velho homem, como sendo esse falso profeta que está em nós apenas esperando alguém falar alguma coisinha para podermos justificar uma inclinação desordenada nossa, apenas esperando um falso raciocínio para encontrarmos um pretexto para fazermos o que queremos, para fazermos o que está simplesmente de acordo com a nossa vontade, mas não de acordo com a vontade de Deus.
Sejamos honestos com nós mesmos e com Deus, não nos enganemos e nem zombemos de Deus, e aí então poderemos viver como bons católicos e com esperança firme de nossa salvação e do bem para nossa sociedade. Poderemos viver as bem-aventuranças já aqui na terra neste vale de lágrimas, em vista da felicidade perfeita no céu. Livremo-nos desse falso profeta que está em nós, para que seja Nosso Senhor Jesus Cristo que viva inteiramente em nós!