Mesmo após publicar nota em defesa do Padre Robson e da Associação, o Arcebispo de Goiânia suspendeu uso de ordens. O próprio sacerdote já havia pedido afastamento de suas funções para poder colaborar com as investigações.
Investigado em uma operação do Ministério Público de Goiás (MP-GO) por suposto envolvimento em corrupção, Padre Robson de Oliveira teve o uso de ordens suspenso pelo Arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, em todo o território arquidiocesano.
Em nota publicada no domingo, 23 de agosto, o Prelado explica que a suspensão temporária do uso de ordens tem como objetivo “tutelar os fiéis e garantir a imparcialidade das investigações”.
O decreto assinado por Dom Washington Cruz afirma que esta medida foi adotada “considerando a necessidade de prevenir escândalos, garantir o curso da Justiça e tutelar a fé, bem como investigar as acusações realizadas contra o Padre Robson de Oliveira”.
Ainda segundo o decreto, “tal Instrumento Canônico tem caráter meramente administrativo(portanto, não penal).
Por sua vez, a Província Redentorista de Goiás, à qual Pe. Robson pertence, também determinou que o sacerdote “está proibido de exercer ato de ministério sacerdotal, incluindo, entre outros, a absolvição de pecados (cf. cân. 967, §2) e a pregação (cf. cân. 764), com exceção apenas da celebração da Santa Missa estritamente ao interno da comunidade religiosa (cf. cân. 1333)”.
Segundo os Redentoristas, essa medida foi tomada tendo em consideração que a denúncia contra Pe. Robson “está causando escândalo entre os fiéis, está prejudicando a vida pastoral do Santuário do Divino Pai Eterno, a comunhão eclesial e a boa reputação do próprio sacerdote”.
O decreto dos Redentoristas também concede ao sacerdote a “dispensa da proibição de celebrar a Eucaristia sem participação de pelo menos algum fiel (cf. cân 906)”, bem como a “dispensa da obrigação de usar o hábito eclesiástico (cf. cân. 284)”.
Entretanto, afirma que ele “deve observar todas as obrigações dos clérigos (cf. cân. 273-289) e, em particular, abster-se, da maneira mais absoluta, de tudo o que seja inconveniente para o estado clerical (cf. 285, §1)”.
Além disso, Pe. Robson fica “proibido de participar, realizar e protagonizar programas de televisão, rádio ou internet”, inclusive de “conceder qualquer entrevista jornalística ou de natureza semelhante”.
Por fim, os Redentoristas afirmam que o presbítero “é encorajado a se valer de um diretor espiritual”.
“Estas restrições permanecerão em vigor até 23 de janeiro de 2021, data em que será feita uma reavaliação das circunstâncias que as ensejaram”, informam.
Em nota à imprensa, Pe. Robson afirmou receber “com humildade” esta revogação temporária, que é “um procedimento previsto no direito canônico”. “O maior interessado no esclarecimento de todas as questões e na total transparência de todas as suas ações é o próprio padre Robson”, diz o comunicado.
A operação Vendilhões, do Ministério Público de Goiás, investiga suposta organização criminosa, apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e sonegação fiscal, envolvendo diretores da Afipe. Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão, inclusive em imóveis ligados a Pe. Robson, que é fundador e até então presidente da Afipe e reitor do Santuário de Trindade (GO).
Logo após a deflagração desta operação, a Arquidiocese de Goiânia e os Redentoristas de Goiás informaram que o sacerdote havia pedido o afastamento da reitoria do Santuário de Trindade e da presidência da Afipe, “para contribuir com a investigação”.