O arcebispo Carlo Maria Viganò divulgou esta importante carta ao presidente Trump, alertando-o de que as crises atuais sobre a pandemia de coronavírus e os distúrbios de George Floyd fazem parte da eterna luta espiritual entre as forças do bem e do mal. Você não está sozinho em suas crenças sobre vida, fé, família e liberdade.
7 de junho de 2020
Domingo da Santíssima Trindade
Senhor presidente,
Nos meses recentes temos testemunhado a formação de dois lados opostos que eu gostaria de chamar de bíblicos: os filhos da luz e os filhos das trevas. Os filhos da luz constituem a parte mais conspícua da humanidade, enquanto os filhos das trevas representam uma minoria absoluta. Ainda assim, estes são objeto de uma característica que os põe numa situação de inferioridade moral em relação a seus adversários, os quais frequentemente ocupam posições estratégicas no governo, na política, na economia e na mídia. De maneira aparentemente inexplicável, os bons têm sido mantidos prisioneiros dos débeis e daqueles que os ajudam por interesse ou por medo.
Esses dois lados, que têm uma natureza bíblica, seguem a separação clara entre a estirpe da Mulher e a estirpe da Serpente. De um lado estão aqueles que, embora tendo milhares de defeitos e fraquezas, são motivados pelo desejo de fazer o bem, de ser honesto, de criar uma família, de atuar no trabalho, de trazer prosperidade à sua pátria, de ajudar os necessitados, e, em obediência à Lei de Deus, de merecer o Reino dos Céus. Do outro lado estão aqueles que servem a si próprios, que não possuem quaisquer princípios morais, que desejam destruir a família e a nação, explorar os trabalhares para se tornarem injustamente ricos, fomentar divisões internas e guerras, e acumular poder e dinheiro: para eles a ilusão falaciosa do bem-estar temporal irá algum dia, se não se arrependerem, lucrar-lhes o terrível destino que os aguarda, distante de Deus, na danação eterna.
Na sociedade, sr. presidente, essas duas realidades opostas coexistem como inimigas eternas, assim como Deus e satanás são inimigos eternos. E, ao que parece, os filhos das trevas – que podemos facilmente identificar pelo deep state ao qual o senhor sabiamente se opõe e que tem lançado uma poderosa guerra contra si nesses dias – decidiram mostrar suas cartas, por assim dizer, revelando desta vez seus planos. Eles aparentam estar tão certos de já terem tudo sob controle que deixaram de lado aquela circunspecção que até agora dissimulava ao menos em parte suas verdadeiras intenções. As investigações já em curso revelarão a verdadeira natureza daqueles que que lidaram com o surgimento do Covid não apenas no setor da saúde mas também na política, na economia e na mídia. Descobriremos, provavelmente, que nessa operação colossal de engenharia social há pessoas que decidiram o destino da humanidade, advogando a si mesmas o direito de agir contra a vontade dos cidadãos e de seus representantes nos governos das nações.
Também descobriremos que as revoltas nesses dias foram provocados por aqueles que, vendo que o vírus está inevitavelmente arrefecendo e que o alarde social da pandemia está minguando, necessariamente necessitaram provocar distúrbios civis, porque eles seriam seguidos de uma repressão que, embora legítima, pudesse ser condenada como uma agressão injusta contra a população. O mesmo também vem ocorrendo na Europa, em perfeita sincronia. Está bastante claro que o uso dos protestos de rua é um instrumento aos propósitos daqueles que gostariam de ver eleito nas próximas eleições presidenciais alguém que assuma os objetivos do deep state e que expresse fiel e convincentemente esses fins. Não causaria surpresa se dentro de alguns meses víssemos mais uma vez que por detrás desses atos de vandalismo e violência há aqueles que almejam lucrar com a dissolução da ordem social de modo a construir um mundo sem liberdade: Solve et Coagula, como ensina o adágio maçônico.
Embora possa parecer desconcertante, os posicionamentos opostos que eu descrevi também são achados nos círculos religiosos. Há os pastores fiéis que cuidam do rebanho de Cristo, mas existem também os mercenários infiéis que buscam dispersar o rebanho e arrebatar as ovelhas para serem devoradas por lobos vorazes. Não há que se surpreender que esses mercenários sejam aliados dos filhos das trevas e que odeiem os filhos da luz: assim como há um deep state, há também uma deep church que trai os seus deveres e renuncia a seus deveres próprios perante Deus. Assim, o Inimigo Invisível, que os bons governantes combatem nas coisas públicas, é também combatido pelos bons pastores na esfera eclesiástica. Trata-se de uma batalha espiritual, sobre a qual eu falei no meu recente Apelo, publicado a 8 de maio.
Pela primeira vez, os Estados Unidos têm no senhor um presidente que defenda corajosamente a vida, que não se envergonhe de denunciar a perseguição a cristãos ao redor do mundo, que fale de Jesus Cristo e do direito dos cidadãos à liberdade de culto. Sua participação na Marcha pela Vida, e, mais recentemente, sua proclamação do mês de abril como o Mês Nacional da Prevenção ao Abuso Infantil, são atos que confirmam de que lado o senhor deseja lutar. E eu ouso crer que nós dois estamos estamos do mesmo lado desta batalha, ainda que com armas distintas.
Por essa razão, acredito que o ataque ao qual o senhor foi sujeito após sua visita ao Santuário Nacional de São João Paulo II seja parte da narrativa orquestrada pela mídia, que busca não combater o racismo e trazer a ordem social, mas agravar predisposições; não para fazer justiça, mas para legitimar a violência e o crime; não para oferecer a verdade, mas para favorecer uma facção política. E é avassalador que haja bispos – como esses que eu recentemente denunciei – que, por suas palavras, provam que estão alinhados com o lado oposto. Eles são subservientes ao deep state, ao globalismo e a seu pensamento, à Nova Ordem Mundial que eles invocam cada vez mais frequente em nome de uma fraternidade universal que nada tem em si de cristã, mas que remete aos ideais maçônicos daqueles que querem dominar o mundo retirando Deus dos tribunais, das escolas, das famílias e talvez até mesmo das igrejas.
O povo americano é maduro e agora compreendeu o quanto a grande mídia não busca a difusão da verdade, mas sim o silêncio e a distorção dela, espalhando a mentira que seja útil aos propósitos de seus senhores. Entretanto, é importante que o bem – que é a maioria – acorde de sua lentidão e não aceite ser sobrepujada por uma minoria de pessoas desonestas com propósitos infames. É preciso que o bem, os filhos da luz, unam-se para fazer sua voz ser ouvida. Qual será o caminho mais eficaz para se fazer isso, senhor presidente, do que a oração, pedindo ao Senhor que proteja a si, os Estados Unidos e toda a humanidade desse enorme ataque do Inimigo? Os enganos dos filhos das trevas colapsarão diante do poder da oração, suas tramas serão descobertas, sua traição será exposta, seu poder ameaçador findará em nada sendo levado à luz e mostrado como ele é: uma ilusão do inferno.
Senhor presidente, minhas orações estão constantemente voltadas à amável nação americana, aonde tive a honra e o privilégio de ser enviado como núncio apostólico pelo Papa Bento XVI. Nesse momento dramático e decisivo para toda a humanidade, estou orando por si e também por todos aqueles ao seu lado no governo dos Estados Unidos. Eu acredito que o povo americano esteja unido a mim e com o senhor em oração ao Deus Onipotente.
Unido contra o Inimigo Invisível de toda a humanidade, eu abençoo o senhor e a primeira dama, a amada nação americana e todo homem e toda mulher de boa vontade.
+ Carlo Maria Viganò
Arcebispo Titular de Ulpiana
Ex-Núncio Apostólico nos Estados Unidos da América
Leia a carta original em inglês no formato PDF aqui .
Trump se sentiu ‘homenageado’ pela carta de Viganò
O presidente Donald Trump disse que foi “honrado” por uma carta aberta de um ex-funcionário do Vaticano que alegou que as restrições para impedir a propagação do Covid-19 eram parte de um plano maçônico para estabelecer uma nova ordem mundial.
Na carta divulgada pelo LifesiteNews, o arcebispo Carlo Maria Viganò, que serviu como núncio nos Estados Unidos de 2011 a 2016, também afirmou que “distúrbios civis” na sequência da morte de George Floyd sob custódia policial foram provocados por agentes do “estado profundo” porque “o vírus está inevitavelmente desaparecendo” e “o alarme social da pandemia está diminuindo”.
O chamado “estado profundo” é uma teoria da conspiração que alega a existência de uma cabala oculta nos países e nos escritórios do governo que estão tentando minar ou usurpar a autoridade do governo legitimamente eleito.
Trump twittou que estava “tão honrado pela incrível carta do arcebispo Viganò para mim. Espero que todos, religiosos ou não, leiam!
Em sua carta, o arcebispo Viganò elogiou o presidente por “sabiamente” se opor aos “filhos das trevas que podemos facilmente identificar com o estado profundo” e alegou que as restrições para conter a pandemia eram uma “operação colossal da engenharia social”.
Ele também rejeitou protestos recentes contra o racismo e a brutalidade policial nos EUA e no mundo, alegando que eles eram um instrumento usado para influenciar as próximas eleições presidenciais e “construir um mundo sem liberdade”.
O ex-núncio também alegou a existência de uma “igreja profunda” dentro do catolicismo composta de “infiéis mercenários que procuram dispersar o rebanho e entregar as ovelhas para serem devoradas por lobos vorazes”.
O arcebispo Viganò disse a Trump que “nós dois estamos do mesmo lado nesta batalha, embora com armas diferentes”, e ele elogiou o que viu como os esforços do presidente para promover os valores cristãos, incluindo a controversa visita do presidente a São João Paulo II Santuário Nacional em Washington.
O arcebispo Viganò vive escondido desde pouco depois do lançamento em 2018 de uma declaração pedindo a renúncia do Papa Francisco; o arcebispo alegou que o papa e outras autoridades do Vaticano não reagiram às acusações de abuso cometidas por Theodore McCarrick, o ex-cardeal que foi laicizado pelo Vaticano em 2019, depois que várias alegações de abuso por ele foram substanciadas.