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4 bispos levantam suas vozes contra o autoritarismo que persegue a Igreja durante a pandemia

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“É preciso parar este circo!”; “Impedir o culto é uma ditadura!”; “Não podemos viver de Eucaristias virtuais”; “6 milhões de abortos também são uma pandemia!”

Entre medidas sensatas e objetivas de cuidado da vida humana tomadas por autoridades durante esta pandemia, não faltaram, infelizmente, autoridades com atitudes arbitrárias, infundadas e até truculentas, inclusive contra a liberdade religiosa.

Pelo menos quatro bispos reagiram com declarações enfáticas e sem panos quentes a atos e declarações que pediam respostas firmes.

Arcebispo de Paris reage com firmeza após polícia invadir Missa e prender padre

Em 19 de abril, três policiais armados invadiram a igreja de Saint-André-de-l’Europe, em Paris, e interromperam a Santa Missa dominical que o pe. Philippe de Maistre celebrava – a portas fechadas e somente com os auxiliares permitidos pelas normas francesas para a quarentena.

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Consciente de que a legislação do país proíbe que a polícia entre armada nos templos, a não ser em circunstâncias excepcionais como uma ameaça terrorista, o pe. Philippe decidiu continuar a Missa, mas a polícia lhe ordenou parar e chegou a dar-lhe voz de prisão. O pe. Philippe foi parar na delegacia, onde o delegado decidiu não prendê-lo. Mas o atropelo a uma série de direitos já estava consumado. O padre denunciou sem papas na língua: “Estão se aproveitando desta crise para sufocar novamente a liberdade de culto”.

O arcebispo de Paris, dom Michel Aupetit, foi enfático em sua reação ao desmando policial:

“Os policiais entraram na igreja armados apesar da proibição formal de que a polícia entre assim num templo. Não havia terroristas. É necessário manter a cabeça fria. Um vizinho, evidentemente amável, como poderão imaginar, ligou para a polícia dizendo que ‘havia uma Missa clandestina’. Não é nada clandestina! Havia Missa porque a Missa se celebra todos os dias. Eu destaco que ainda tenho o direito a celebrar Missa com o mínimo de pessoas, para evitar desproporções. É preciso parar este circo! Eu mesmo celebro Missa todos os dias”.

Após o caso, o Ministério do Interior respondeu a questionamentos da imprensa francesa confirmando que os sacerdotes podem celebrar a portas fechadas e, se necessário, contar com a assistência de um número reduzido de auxiliares. O governo do país não está exigindo o fechamento dos locais de culto durante a quarentena, mas sim que eles “não acolham reuniões de fiéis”.

Arcebispo de Assunção: “Não podemos viver de Eucaristias virtuais”

O arcebispo de Assunção, no Paraguai, dom Edmundo Valenzuela declarou na semana passada que a Igreja não pode “viver de Eucaristias virtuais” e que é preciso organizar conjuntamente com as autoridades civis a reabertura segura das igrejas, inicialmente para pequenos grupos e respeitando as medidas de contenção do coronavírus.

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“Estamos conversando com as autoridades nacionais para abrir as igrejas, e, com as precauções sanitárias tanto pessoais quanto ambientais, podermos celebrar os sacramentos em pequenos grupos. Será, com certeza, um grande oferecimento de cura para muitos cristãos (…)

Nós estamos com as portas fechadas, com medo do contágio. Jesus saúda cada um de nós e nos deseja a paz, ou seja, todo o bem que procede de Deus e da vida. Não podemos sair como antes porque poderíamos nos contagiar. Fazem os avós terem receio dos netos. Os netos já descartaram seus avós. E assim o descarte começou a ganhar mais força. Estamos afastados, distantes; virtualmente próximos, mas fisicamente pensamos que o outro é um inimigo.

Mais do que nunca, a Igreja precisa recuperar a experiência da comunidade. Não podemos viver de Eucaristias virtuais. Precisamos retornar o quanto antes à celebração dos sacramentos, especialmente o da Reconciliação e o da Eucaristia. Precisamos retornar o mais rápido possível a essa vida da Igreja”.

Bispo italiano: “Impedir o culto é uma ditadura!”

Depois que o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte fez a gratuita e infundada afirmação que “as igrejas são lugares propícios para o contágio” e as manteve encerradas enquanto o país reabre setores da indústria, do comércio e dos serviços, canteiros de obras, esportes de equipe, museus e bibliotecas, ganhou as redes sociais na Itália a veemência das palavras de dom Giovanni D’Ercole, bispo de Ascoli Piceno:

“É necessário olhar com objetividade. A igreja não é lugar de contágio! Não se pode passar essa ideia! Como dado científico, quem foi que disse que a igreja é lugar de contágio?

Nós somos pessoas sérias. Nós nos preocupamos com a saúde das pessoas. É um direito das pessoas ir à igreja. Por isso, é arbitrário, é uma ditadura impedir o culto, porque ele é um dos direitos fundamentais. Não dá para fazer concessões quanto a isso.

Funerais, vocês nos obrigaram a fazê-los como de cachorros jogados fora. As pessoas sofreram: quinze pessoas para um funeral.

Deixem-nos em paz! Nós sabemos administrar isso. Está no nosso coração o amor pelas pessoas. Nós não somos levianos. Os nossos padres demonstraram que são sérios. Tem que ser reconhecido o nosso direito ao culto, e, se não for, nós o faremos valer. E o faremos valer porque é nosso direito. Se eu consigo manter a calma entre as pessoas, é só porque amo este povo, mas as pessoas estão cansadas!

Ajudar as pessoas com a oração é deixá-las mais calmas. Vocês sabem quantas pessoas recorrem a nós com distúrbios psicológicos neste momento. Não conseguem mais viver em “lockdown”. Nós precisamos recuperar espaços de liberdade, e a Igreja, além de ser espaço de liberdade e também espaço de esperança, é o laboratório em que procuramos construir um futuro melhor para todos, inclusive para quem nos odeia e para quem não acredita na Igreja.

Não precisamos de favores de vocês (do governo). Só temos um direito a reivindicar e este direito tem que ser reconhecido não porque nós o estejamos reivindicando, mas porque ele é nosso. Mas esse papelão que vocês fizeram diante do mundo inteiro precisa ser consertado, com um gesto de simples restituição de dignidade e de direito”.

Bispo emérito italiano: “6 milhões de abortos também são uma pandemia!”

Em oposição às considerações ideológicas da OMS de que o aborto é um “serviço essencial” mesmo em plena pandemia de covid-19, o bispo emérito dom Alberto Maria Careggio, da diocese italiana de Ventimiglia e Sanremo, recordou que os 6 milhões de abortos legalizados que são perpetrados por ano em todo o planeta também são uma pandemia a ser combatida:

“Quanto tempo vai durar a pandemia do coronavírus não é possível saber, nem durante quantos dias ainda teremos que ouvir o boletim das mortes, dos infectados e dos recuperados. E se o mesmo fosse feito em relação aos mais de 6 milhões de abortos legalizados em todo o mundo? Essa também é uma pandemia, que mata a consciência daqueles que a praticam e a dos governantes que, ao legislar, pretendem eliminar o horror do assassinato. Legalizar não significa de modo algum moralizar uma ação que é contra a vida: dizem popularmente que o aborto clama por vingança diante de Deus – e é isso mesmo!

O heroísmo de todos aqueles que fazem o possível para salvar a vida dos outros arriscando a própria é mais edificante. O mal não tem a última palavra. Da catástrofe e dos escombros desta pandemia devemos esperar o despertar desses valores humanos e cristãos de amor e solidariedade, de altruísmo e generosidade, de compaixão e ternura, adormecidos, mas não desaparecidos: são e continuam sendo a marca da mão de Deus, que quis criar o homem à Sua imagem e semelhança”.

Estes bispos são contra os cuidados em prol da saúde da humanidade?

Esta pergunta é tão extraordinariamente desonesta que basta ler os pronunciamentos dos bispos para considerá-la mera tergiversação.

O que os bispos denunciam nada tem a ver com incentivo à irresponsabilidade cidadã, mas sim com os desmandos, abusos, hipocrisias, violências e incoerências de autoridades que têm se escusado na pandemia para atropelar direitos fundamentais.

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