Desde que Bolsonaro propôs o Jejum Nacional, ou seja, um dia de oração e jejum pelo Brasil e pelo fim da pandemia, a ser realizado neste domingo (5), diversos católicos se manifestaram contra, dizendo que não deveriam realizar jejum no dia de domingo.
Fato considerado inédito num dos maiores países católicos do mundo, o dia de oração e jejum proposto pelo presidente da república tem gerado polêmica por detalhes técnicos. Ao gravar um vídeo convocando os brasileiros a rezarem pelo Brasil, Bolsonaro sugeriu que o jejum fosse feito no dia 05 de Abril, que cai em um Domingo e no calendário católico inicia-se a Semana Santa.
Mesmo fazendo um segundo convite, durante uma entrevista ao programa Pingos nos Is, deixando a data em aberto e pedindo a ajuda de padres e pastores para organizarem os fiéis, a data do dia 05 de abril ficou marcada, e acabou gerando polêmica pelo fato de, tradicionalmente na Igreja Católica, jejuns e penitências serem evitados no domingo, uma vez que é recordado o dia da ressurreição.
Diante desta polêmica, veja o Padre Francisco Amaral veio esclarecer seus fiéis:
Desde que entrei nas mídias sociais que utilizo, nunca abri a boca para falar de política. E nem vou fazer isso hoje.
Só quero dizer que, independente se a pessoa idolatra o Bolsonaro, o admira, considera ele o “mal menor” ou o chama de Bozo, existe um fato: é uma autoridade constituída que convida o povo brasileiro para o jejum, e mais ainda, estando em comunhão católicos e evangélicos.
Independente se as razões para tal convite são políticas ou não, Deus certamente saberá usar o jejum de um povo. Aliás, é bíblico o fato que a população de Nívive fez penitência, sob a convocação do rei da cidade, e por isso foi salva da destruição (Jonas 3).
Se para nós católicos não é costume fazer penitência aos domingos, também não há nenhum impedimento, sobretudo se tratando da Quaresma, e mais ainda, do Domingo da Paixão do Senhor.
Todo mundo aqui é livre e ninguém é obrigado a fazer penitência no domingo, mas essa discussão tá me lembrando os fariseus dizendo que não podia curar em dia de sábado, e Jesus os interrogando: “É permitido fazer o bem ou o mal no sábado? Salvar uma vida ou matar?” (Mc 2,4)
Nova data para os católicos
Atendendo o pedido do Presidente da Republica, diversos pastores protestantes apoiaram a proposta e orientam seus fiéis para fazerem deste domingo um dia de Jejum e Oração.
Os católicos, por outro lado, são orientados a não realizarem jejuns e penitências aos domingos, por celebrarem a alegria da ressurreição. Por este motivo, a data do jejum e oração será na Sexta-feira da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Padres e bispos vieram às redes sociais orientar os fiéis que o Domingo não é um dia de penitência e jejum, mas que os católicos podem fazer jejum e rezar nesta intenção na Sexta-feira da Paixão.
A sexta-feira da semana santa já é um dia de recolhimento, oração, penitência e jejum, conforme orientam os cânones 1250, 1251 e 1252 do código de direito canônico. Neste dia os católicos são obrigados a praticar o jejum e a abstinência de carne.
A prática do Jejum consiste em abster-se do alimento fazendo apenas uma refeição completa durante o dia. Ele é obrigatório para as pessoas maiores de 18 e menores de 60 anos. Fora desses limites, é o Jejum é opcional. Também estão dispensados pessoas doentes, gestantes, ou trabalhadores que façam um trabalho braçal muito pesado, que necessitem das duas refeições completas.
Juntamente com o Jejum, também é obrigatório a Abstinência de comer carne. Ela é obrigatória para todas as pessoas a partir dos 14 anos de idade.
Além da Sexta-Feira Santa, a Santa igreja determina que todo católico deve fazer abstinência de carne todas sextas-feiras do ano. O gesto, dependendo da determinação da Conferência Episcopal de cada país, pode ser substituído por outro tipo de mortificação.
Entenda mais o motivo dos católicos não realizarem jejum aos domingos: