Como um padre mudou a vida do astro do basquete americano, que faleceu neste domingo em um acidente de helicóptero.
No dia 13 de abril de 2016, Kobe Bryant, um dos maiores atletas de todos os tempos, encerrou sua carreira de 20 anos no basquete com mais um feito notável: marcou 60 pontos em seu último jogo.
Enquanto as estatísticas de Bryant dizem que foi campeão da NBA cinco vezes, campeão olímpico duas vezes, 18 vezes All-Star e o terceiro maior artilheiro da história da NBA – poucos sabem sobre o papel de sua fé católica em seus momentos mais difíceis.
Nascido na Filadélfia, Kobe Bryant foi criado em uma família católica e chegou a passar um tempo de sua juventude na Itália. Chamado para a NBA aos 17 anos, ele casou-se com Vanessa Laine na Igreja Católica St. Edward, em Dana Point, Califórnia. Dois anos mais tarde, eles tiveram seu primeiro filho. Bryant estava no topo e tudo parecia estar indo na direção de seus sonhos.
Então, ele cometeu um grande erro.
Em 2003, Kobe Bryant foi acusado de estuprar uma mulher em seu quarto de hotel, enquanto ele estava no Colorado para uma cirurgia no joelho. Ele admitiu ter tido relações sexuais com a mulher, mas negou o estupro. Um juiz retirou as acusações, mas a mulher passou a apresentar uma ação civil contra Bryant, que foi resolvida fora do tribunal. No meio de tudo isso, ele emitiu um pedido público de desculpas, afirmando que estava sinceramente envergonhado do que tinha feito.
O incidente teve consequências como o abandono de inúmeros patrocinadores. Sua reputação ficou manchada.
No entanto, durante um dos momentos mais sombrios de sua vida, Kobe Bryant voltou-se para sua fé católica. Em uma entrevista a GQ do ano passado, ele explicou:
“A única coisa que realmente me ajudou durante esse processo – eu sou católico, eu cresci católico, meus filhos são católicos – foi quando falei com um padre. Na verdade, foi meio engraçado: ele olhou para mim e disse: ‘Você fez isso?’, e eu falei: ‘Claro que não’. Então ele perguntou: ‘Você tem um bom advogado?’, e eu respondi: ‘Sim, ele é fenomenal’. Ele apenas disse: ‘Então siga em frente. Deus não lhe colocaria algo com que você não pudesse lidar. Agora é preciso que você siga em frente’. E esse foi o ponto da virada”.
Depois de alguns anos difíceis, Kobe Bryant se reconciliou com sua esposa e eles continuam casados até hoje. Juntos, eles fundaram a Fundação Família Kobe e Vanessa Bryant (KVBFF – sigla em inglês), que é dedicada a, entre outras coisas, ajudar jovens necessitados, incentivando o desenvolvimento de habilidades físicas e sociais através do esporte, e ajudar desabrigados. Questionado sobre esse compromisso em 2013, Bryant respondeu que provavelmente teria feito o Papa Francisco muito feliz:
Minha carreira está terminando e no final dela não quero olhar para trás e dizer: “Bem, eu tive uma carreira bem sucedida porque ganhei tantos campeonatos e marquei tantos pontos”. Há algo mais que você tem que fazer com isso.
[A falta de moradia] é uma questão que caminha em segundo plano, porque é fácil apontar a culpa para aqueles que estão sem casa e dizer: “Bem, você que fez uma má escolha. Este é o lugar onde você está. A culpa é sua”. Na vida, todos nós cometemos erros e ficar para trás e permitir que alguém viva dessa forma é como lavar as mãos… isso não é certo.
Ao longo de sua trajetória, Kobe Bryant tem percebido que fama e fortuna não são nada comparadas à importância da fé e da família. Quando todo mundo o abandonou, a Igreja Católica sempre esteve lá.
Ele pode ser All-Star e uma lenda da NBA, mas mesmo os astros podem contar com o apoio fundamental da fé e ter um bom padre a quem recorrer.
Via Aleteia