SANTO DO DIA – 27 DE JANEIRO – SANTA ÂNGELA MERÍCI
Virgem e fundadora das Irmãs Ursulinas (1470-1540)
Ângela Mérici nasceu em 1470, na cidade de Desenzano, no norte da Itália. O período histórico era o do Renascimento e da Reforma da Igreja, provocada pela doutrina luterana. Os pais eram camponeses pobres e muito religiosos. E desde pequena, ela teve seu coração inclinado pela vida religiosa, preferindo a leitura da vida dos Santos.
De fato, sua provação começou muito cedo, na infância, quando ficou órfã de pai. Logo em seguida perdeu a mãe e a irmãzinha, com quem se identificava muito. Assim, ela foi viver na casa de um tio, que a havia adotado, mas que também veio a falecer. Voltou à terra natal. Depois de passar dias e dias chorando, com apenas treze anos, pediu para ingressar num convento, entrando para a Ordem Terceira de São Francisco de Assis.
Ângela tinha apenas o curso primário e chegou a ser ‘conselheira’ de governadores, bispos, doutores e sacerdotes. Os seus sofrimentos, sua entrega à Deus e a vida meditativa de penitência lhe trouxeram, através do Espírito Santo, o dom do conselho, que consiste em saber ponderar as soluções adequadas para todas as situação da vida.
Ela também, percebeu que naquele momento histórico, as meninas não tinham quem as educassem e livrassem dos perigos morais, e que as novas teorias levavam as pessoas a querer organizar a vida como se Deus não existisse. Para lutar contra o paganismo, era preciso restaurar a célula familiar. Inspirada pela Virgem Maria, fundou a Comunidade das irmãs Ursulinas, em homenagem a santa Úrsula, a mártir do século IV, que dirigia o grupo das moças virgens, que morreram por defender sua religião e sua castidade.
Ângela acabou se tornando a portadora de uma mensagem inovadora para sua época. Organizou um grupo de vinte e oito moças, para ensinar catecismo em cada bairro e vila da região. As ‘Ursulinas’ tinham como finalidade a formação das futuras mães, segundo os dogmas cristãos. Ângela teve uma concepção bastante revolucionária para sua época, quando se dizia que uma sólida educação cristã para as moças só seria possível dentro das grades de uma clausura.
Decidiu que era a hora de fazer a comunidade se tornar uma Congregação religiosa. Consta, pela tradição, que antes de ir à Roma para dar início a esse projeto, quis fazer uma peregrinação em Jerusalém. Assim que chegou, ficou cega. Visitou os Lugares Sagrados e os viu com o espírito, não com os olhos. Só recobrou a visão, na volta, quando parou numa pequena cidade onde existia um crucifixo milagroso, foi até ele, rezou e se curou. Anos depois, foi recebida pelo papa Clemente VII, durante o Jubileu de 1525, que deu início ao processo de fundação da Congregação, que ela desejava.
Ângela a implantou na Bréscia, dez anos depois, quando saiu a aprovação definitiva. E ali, a fundadora morreu aos setenta e cinco anos, em 27 de janeiro de 1540 e foi canonizada, em 1807. Santa Ângela de Mérici, atualmente, recebe as homenagens no dia de sua morte.
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Nasceu Santa Ângela, no começo do século dezesseis, em Decenzaro, perto do lago de Garda no território de Bréscia. Eram nobres seus pais, segundo uns, e, segundo outros pobres artesãos. Fossem quem fossem, educaram-na no temos de Deus; mas ela os perdeu bem cedo.
Com uma irmã mais velha foi acolhida por um tio o qual, com grande piedade, teve para ambas coração de pai e de mãe. As duas crianças, embora tão jovens, só tinham um prazer e era o de se entreterem nas práticas de devoção, não em práticas comuns e ordinárias, mas em práticas mais fervorosas.
De noite, descansavam um pouco sobre a terra nua ou sobre algumas pranchas; depois, levantavam-se para as orações. A tal mortificação, acrescentavam jejuns freqüentes e grandes austeridades. O desejo da solidão e do retiro causara-lhes tão forte impressão, achavam-nos tão favoráveis ao seu projeto de só se comunicarem com Deus, que um dia fugiram rumo a uma ermida; foram, todavia, dissuadidas pelo tio, que as seguiu e de novo as levou para casa.
Santa Ângela não tinha outro consolo senão a de estar sempre com a irmã. Deus, porém, retirou-lha. Aquela morte muito a penalizou, tanto mais que considerava a irmã seu apoio e guia no caminho da virtude. Todavia, padeceu tão dolorosa separação com perfeita submissão à vontade de Deus.
Pouco tempo depois, perdeu também o tio. Assim, duas e três vezes órfã, redobrou as orações e austeridades. Cada vez mais atraída pela graça divina a abandonar o mundo, entrou na ordem terceira de São Francisco, e, não se contentando com observar exatamente a regra, acrescentou novas austeridades às prescritas.
A pobreza de São Francisco foi o principal objetivo de Santa Ângela; não quis nada no seu quarto, nem nos hábitos, nem nos móveis, que não fosse pobre e simples. Revestiu-se de um cilício que não deixava nem de dia nem de noite. O leito compunha-se de alguns ramos de árvores, sobre os quais estendia uma esteira. Por alimento, dispunha de pão, água, e alguns legumes. Não bebia vinho senão no Natal e na Páscoa. Durante a quaresma, comia apenas três vezes por semana.
Fez a peregrinação a Jerusalém, a fim de visitar os lugares sagrados que Nosso Senhor Jesus Cristo honrou com a sua presença. No regresso, visitou os túmulos dos santos apóstolos e dos gloriosos mártires que se encontram em Roma. Quis, ainda, dar provas de piedade no monte de Varalle no Milanês, onde se representam vários mistérios, quer do Velho quer do Novo Testamento, em oratórios separados. Acabou por se fixar em Bréscia.
Imediatamente, várias pessoas piedosas atraídas pela santidade de sua vida, quiseram viver em comunidade com ela; mas a santa lhes recomendou que continuassem no mundo, para edificar, mediante as virtudes, os outros, para instruir pobres e ignorantes, visitar hospitais e prisões, e socorrer os desgraçados de toda a espécie.
De acordo com tais conselhos, as santas jovens se uniram, com efeito, para tal fim caritativo, sem ligar-se por nenhum voto. Empenharam-se somente, por uma simples promessa, e por tempo curtíssimo,a observar a regra geral da sociedade.
Ângela valera-se das luzes de pessoas experimentadas para redigir tal regra, mas, prevendo que as mudanças que sobreviriam nos hábitos e costumes do mundo poderiam tornar necessárias, posteriormente, várias modificações, inseriu esta cláusula:
Far-se-iam, de tempos em tempos, as correções exigidas pela força das circunstâncias. Os membros da associação escolheram-na unanimemente como superiora, cargo que ela não aceitou senão com pesar e com os sentimentos da mais profunda humildade; contudo, receando que dessem o seu nome à ordem. Colocou-a sob a invocação de Santa Úrsula e chamou-lhe sociedade das Ursulinas. A sociedade, em pouco tempo, produziu tão grande bem, que em Bréscia e nas regiões vizinhas, a chamavam de divina companhia; contudo, só foi admitida à categoria das ordens religiosas, mais tarde, quatro anos após a morte da santa fundadora.
Durante o pontificado de Paulo V, foram as ursulinas clausuradas e autorizadas a fazer votos perpétuos. Desde então, as ordens não sofreu qualquer outra mudança nas regras. As santas jovens, particularmente votadas à educação da juventude, atraíram o respeito universal dos países católicos; divididas em várias congregações, como a ordem de São Francisco, à qual se prendem, estabeleceram-se por toda parte, com júbilo dos pais cristãos, que nelas encontraram instituidoras igualmente sábias e iluminadas para a formação das filhas no caminho da virtude, inculcando-lhes os primeiros conhecimentos.
Ângela governou a congregação durante vários anos com rara prudência e morreu santamente em 27 de Janeiro de 1540. São Carlos Borromeu, que apreciava singularmente as ursulinas, ocupou-se da beatificação de Ângela; mas não teve consolo de obtê-la antes da morte.
Ângela só foi declarada bem-aventurada em 30 de Abril de 1768, pelo Papa Clemente XIII, e Pio VII a canonizou solenemente em 24 de Maio de 1807.